Leitura Semanal - Diários do Vampiro, o retorno: Meia-Noite #3


Promessa é dívida. Aqui há dois capítulos!


Sinopse: Elena retorna da Dimensão das Trevas, tendo liberto seu namorado vampiro Stefan Salvatore do aprisionamento... Mas não sem uma consequência. Sua salvação custará bastante. Ainda se recuperando do último choque, eles são forçados a encarar os demônios que dominaram Fell's Church. Elena deve tomar uma decisão que custará seu amor: Damon ou Stefan

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Capítulo 3
 
  Damon saltou. Em algum momento no meio do salto, Elena sentiu-se ser tomada pelos caprichos da gravidade. Ela tentou enrolar-se como uma bola, a fim de que o impacto fosse para uma de suas nádegas.
  O que aconteceu foi estranho — quase milagroso. Ela caiu, virada para cima, no sofá, bem do lado onde o prato de bife tártaro estava. O prato deu um pequeno salto sozinho, três ou quatro centímetros, talvez, e então voltou onde estava.
  Elena também foi sortuda o bastante de ter uma visão perfeita do final do ato heróico — que envolvia Damon mergulhando ao chão e pegando a garrafa do preciso vinho Black Magic antes que ele alcançasse o chão e se quebrasse. Ele podia não ter mais os reflexos-relâmpagos que costumava ter, mas ele estava longe, bem longe de ser um humano comum. Arremessar a garota, deixando-a cair em algo confortável, virar-se para dar um mergulho e, por fim, pegar a garrafa, antes que esta se quebrasse. Incrível.
  Mas, por outro lado, Damon não era mais igual a um vampiro... Ele não era invencível em cair em superfícies duras. Elena só percebeu isso quando ela o ouvir arfar, tentando respirar e não conseguindo.
  Elena procurou, descontroladamente, em sua mente todos os acidentes que ela pudesse se lembrar que envolviam atletas, e — sim, ela se lembrou de um, quando Matt ficou completamente sem fôlego. O treinador teve que agarrá-lo pelo colarinho e bater-lhe nas costas.
  Elena correu para Damon e pegou seus braços, deixando-o de costas ao chão. Ela colocou toda sua força para puxá-lo e deixá-lo sentado. Fingindo ser Meredith, que tinha uma média de 0,225 no time de beisebol da Robert E. Lee, ela bateu o mais forte que pôde em Damon, batendo com os pulsos em suas costas.
  E funcionou!
  De repente, Damon chiou, e depois respirou novamente. Um laço entre eles aflorou, Elena ajoelhou-se e tentou arrumar suas roupas. Assim que ele conseguiu respirar corretamente, os membros dele deixaram de ser tão flexíveis sob os dedos dela. Delicadamente, ele colocou as mãos dela nas suas. Elena perguntou-se se era possível eles terem ido longe demais, onde palavras não eram necessárias, e se era possível eles poderem voltar ao que eram antes.
  Como aquilo tudo aconteceu? Damon a havia pego no colo — talvez porque sua perna estava queimada, ou talvez porque ele havia decidido que era a Sra. Flowers quem estava com a Esfera Estelar. Ela mesma havia dito: "Damon, o que você está fazendo?" Perfeitamente séria. E no meio da sentença ela se ouviu dizer "querido" — mas quem acreditaria nela?  — isso não tinha nada a ver com o que eles fizeram à agora pouco. Foi um acidente, sua língua escorregara.
  Mas ela havia dito na frente de Bonnie, a única pessoa que levaria isto a sério e para o lado pessoal. E então, Bonnie se foi antes mesmo que ela pudesse se explicar.
  Querido! Justo quando eles haviam começado a discutir.
  Parecia uma piada. Porque ele estava bem série em conseguir a Esfera Estelar. Ela viu isto em seus olhos.
  Para chamar Damon de "querido", você precisaria estar — estar... Irremediavelmente... Impotente... Desesperadamente...
  Ai, Deus.
  Lágrimas começaram a cair até as bochechas de Elena. Mas essas eram lágrimas de revelação. Ela sabia que ela não estava na sua melhor forma hoje. Não dormira durante três dias seguidos — muitos conflitos de emoções — muito medo genuíno neste momento.
  Ainda, ela estava com medo de descobrir que algo fundamental havia mudado dentro dela.
  Não era algo que ela houvesse pedido. Tudo que ela pediu foi que os dois irmãos parassem de brigar. E ela havia nascido para amar Stefan; ela sabia disso! Uma vez, ele estava disposto a se casar com ela. Bem, desde então ela foi uma vampira, um espírito e uma nova encarnação caída do céu, e ela esperava que, um dia, ele estivesse disposto a casar com essa nova Elena, também.
  Mas a nova Elena estava confusa com seu novo sangue que parecia como combustível de foguete, ao invés de simples gasolina que a maioria das garotas carregava em suas veias. Com seus Poderes de Asa, assim como as Asas da Redenção, a maioria ela não compreendia e não conseguia controlar nenhuma. Embora, ultimamente, ela tenha visto o começo de uma nova, e ela sabia que eram as Asas da Destruição. Que, pensou sombriamente, poderia ser bastante útil algum dia.
  É claro que várias delas já haviam sido úteis a Damon, que deixara de ser um simples aliado, tornando-se um inimigo-aliado. Ele queria roubar algo que a cidade inteira precisava.
  Elena não pediu para se apaixonar por Damon... Mas, ai, Deus, e se ela já estivesse apaixonada? E se ela não conseguisse fazer com que esses sentimentos parassem?  O que ela poderia fazer?
  Silenciosamente, ela sentou e começou a chorar, sabendo que nunca poderia contar nada disso a Damon. Ele tinha o dom de ver através das emoções, mas dessa em particular, disso ela sabia. Se ela contasse o que estava em seu coração, antes que ela descobrisse, ele a seqüestraria. Ele acreditaria que ela havia esquecido Stefan de uma vez por todas, assim como o havia esquecido por alguns instantes esta noite.
  — Stefan, — Ela sussurrou — eu sinto muito...
  Ela também não poderia deixar Stefan saber disso... E Stefan estava em seu coração.

  — Temos que nos livrar rapidamente de Shinichi e Misao — Matt estava dizendo, mal-humorado. — Quero dizer, eu preciso estar em boas condições ou a Kent State me enviará uma carta estampada com um "Rejeitado".
  Ele e Meredith estavam sentados na cozinha quente da Sra. Flowers, mordiscando biscoitos de gengibre e vendo como ela trabalhava apressadamente em fazer bifes carpaccio — a segunda das duas receitas de carne crua que estava em seu livro antigo de culinária.
  — Stefan está melhorando tão rapidamente que logo, logo ele poderá voltar a jogar no campo de futebol — Ele acrescentou, com sarcasmo presente em sua voz. — Se ao menos a cidade parasse de ser estranhamente possuída. Ah, sim, se ao menos os policiais parassem de me perseguir por ter violentado Caroline.
  Ao mencionar o nome de Stefan, a Sra. Flowers espiou dentro de um caldeirão, que há um bom tempo estava borbulhando e agora emitia um odor terrível que Matt não sabia do que ter mais pena: do cara ter de aquela pilha enorme de carne crua, ou aquilo que havia dentro daquela panela.
  — Então... Presumindo que você esteja vivo... Você ficaria feliz em abandonar Fell's Church, quando o momento chegar? — Meredith perguntou calmamente.
  Matt sentiu como se ela tivesse batido nele.
  — Você está brincando, né?  — Ele disse, acariciando Sabber com um pé nu e bronzeado. A fera estava fazendo uma espécie de ronronar que crescia constantemente. — Quero dizer, antes disso, seria legal bater uma bolinha com Stefan de novo... Ele é o melhor quarterback que eu já conheci.
  — Ou conhecerá — Meredith lembrou-lhe. — Não acho que muitos vampiros se interessem por futebol, Matt, então nem pense em sugerir que ele e Elena sigam você para a Kente State. Além disso, estarei na sua cola, tentando convencê-los a vir à Harvard comigo. O pior é que ambos perdemos para a Bonnie, porque aquela faculdade... Tanto-faz-o-nome... É o mais perto de Fell's Church e de todas as coisas daqui que eles amam.
  — De todas as coisas daqui que Elena ama. — Matt não pôde evitar corrigi-la. — Tudo que Stefan quer é estar junto da Elena.
  — Chega, chega. — A Sra. Flowers disse. — Vamos deixar as coisas acontecerem ao seu tempo, né, meus queridos? Mama disse que precisamos ficar fortes. Ela está preocupada comigo... Sabe, ela não pode ver tudo que acontece.
  Matt assentiu, mas teve que engolir em seco antes de dizer à Meredith:
  — Então, você desistiu da ideia de ingressar na Ivied Walls, é isso?
  — Se não fosse por Harvard... Se ao menos eu pudesse ter um ano livre, mantendo minha bolsa de estudos... — A voz de Meredith foi sumindo, mas o anseio era inconfundível.
  A Sra. Flowers deu uma palmadinha no ombro de Meredith, e então disse:
  — Estou preocupada com o querido Stefan e a Elena. Depois de tudo, com todos pensando que ela está morta, Elena não pode viver aqui e ser vista.
  — Acho que eles desistiram da ideia de irem para algum lugar distante. — Matt disse. — Aposto que agora eles pensam serem os guardiões de Fell's Church. Eles já são, de alguma forma. Elena pode raspar a cabeça.
  Matt estava tentando parecer neutro, mas as palavras afundaram-se assim como balões após saírem de sua boca.
  — A Sra. Flowers se referia à universidade. — Meredith disse num tom pesado. — Eles serão super-heróis à noite e vão apenas curtir o resto do tempo? Se eles querem ir a algum lugar no ano que vem, eles precisam pensar nisso agora.
  — Oh... Bem, acho que há o Dalcrest.
  — Onde?
  — Você sabe, o pequeno campus em Dyer. É pequeno, mas o time de futebol de lá é bem... Acho que Stefan não se importaria o quão bom eles são. Mas é apenas uma hora daqui.
  — Oh, esse lugar. Bem, os esportes podem ser fantásticos, mas tenho certeza que não são uma Ivy, muito menos uma Harvard. — Meredith, a não-sentimental e enigmática Meredith, soava como se estivesse com o nariz entupido.
  — É — Matt disse, e somente por um segundo ele pegou a mão fina e fria de Meredith e a apertou. Ele ficou ainda mais surpreso quando ela interligou seus dedos nos dele, segurando sua mão.
  — Mama disse que o quer que esteja predestinado, acontecerá em breve. — A Sra. Flowers disse serenamente. — A coisa mais importante, ao meu ver, é salvar a amada, amada cidade. Assim como sua população.
  — Claro que é — Matt disse. — Faremos o nosso melhor. Graças a Deus que temos alguém que entendo de demônios japoneses.
  — Orime Saitou. — A Sra. Flowers disse com um sorrisinho. — Abençoada seja por seus amuletos.
  — É, ambas as duas. — Matt disse, pensando na avó e na mãe que dividiam o mesmo nome. — Acho que vamos precisar de muitos desses amuletos que elas fazem. — Ele adicionou sombriamente.
  A Sra. Flowers abriu a boca, mas Meredith falou, ainda focada em seus próprios pensamentos.
  — Sabe, Stefan e Elena podem não precisar desistir tão cedo de irem para longe — Ela disse tristemente. — Desde que nenhum de nós sobreviva para fazer nossas próprias faculdades...
  Ela deu de ombros.
  Matt ainda estava segurando sua mão quando Bonnie passou pela porta da frente, veementemente. Ela tentou correr em direção à escada, evitando a cozinha, mas Matt soltou Meredith e ambos bloquearam seu caminho. Instantaneamente, todos estavam em modo de combate. Meredith segurou o braço de Bonnie firmemente. A Sra. Flowers entrou no hall de entrada, limpando as mãos num pano de prato.
  — Bonnie, o que aconteceu? São Shinichi e Misao? Estamos sendo atacados? — Meredith perguntou calmamente, mas com uma intensidade de cortar a histeria.
  Algo disparou como um raio de gelo no corpo de Matt. Ninguém sabia onde Shinichi e Misao estavam agora. Talvez no mato, que foi tudo que restou de Old Woods — talvez bem aqui, na pensão.
  — Elena! — Ele gritou. — Ai, Deus, ela e Damon estão lá fora. Eles estão feridos? Shinichi os pegou?
  Bonnie fechou os olhos e sacudiu a cabeça.
  — Bonnie, fique comigo. Fique calma. É o Shinichi? É a polícia? — Meredith perguntou. Virando para Matt: — É melhor você dar uma olhada pelas cortinas.
  Mas Bonnie continuava sacudindo a cabeça.
  Matt não viu nenhuma sirene de polícia através das cortinas. Nem sinal de Shinichi e Misao atacando.
  — Se não estamos sendo atacados — Matt pôde ouvir Meredith dizer à Bonnie — então, o que está acontecendo?
  Irritantemente, Bonnie somente balançou a cabeça.
  Matt e Meredith olharam-se por cima dos cachos de morango de Bonnie.
  — A Esfera Estelar — Meredith disse delicadamente, justo quando Matt rosnou:
  — Aquele filho da mãe.
  — Elena não lhe diria nada, além daquela história. — Meredith disse.
  E Matt concordou, tentando tirar da cabeça uma imagem do Damon fazendo Elena sofrer em agonia.
  — Talvez sejam as crianças possuídas... Aquelas que andam por aí machucando a si mesmas e agindo de um modo estranho. — Meredith disse, dando uma olhadela em Bonnie, e apertando bem forte a mão de Matt.
  Matt ficou aturdido e atrapalhou-se nas palavras. Ele disse:
  — Se aquele F.D.P. estivesse tentando pegar a Esfera Estelar, Bonnie não teria fugido. Ela é a mais corajosa quando está com medo. E a menos que ele tenha matado Elena, não há razão para ela estar assim...
  Para Meredith, sobrou o trabalho pesado:
  — Fale conosco, Bonnie. — Disse em sua voz mais confortante de irmã mais velha. — Algo deve ter acontecido para ter deixado você nesse estado. Respire fundo e diga-me o que você viu.
  E então, em uma corrente, palavras começaram a serem cuspidas dos lábios de Bonnie.
  — Ela... Ela o estava chamando de querido — Bonnie disse, colocando a outra mão de Meredith entre as suas. — E havia sangue espalhado por todo o seu pescoço. E... Ah, eu deixei cair! A garrafa de Black Magic!
  — Ora, pois — A Sra. Flowers disse gentilmente. — Não adianta chorar pelo vinho derramado. Tudo que temos que...
  — Não, você não entende — Bonnie arfou. — Eu os ouvi conversando enquanto me aproximava... Eu tive que ir devagar, porque não é difícil escorregar. Estavam falando sobre a Esfera Estelar! Primeiro, eu pensei que eles estavam discutindo, mas... Ela tinha seus braços em volta do pescoço do Damon. E todo aquele lance dele não ser mais um vampiro? Ela tinha sangue por todo o pescoço e ele o tinha por toda sua boca! Assim que eu cheguei lá, ele a pegou e a arremessou para que eu não pudesse ver, mas ele não foi rápido o bastante. Ela deve ter dado a Esfera Estelar para ele! E ainda por cima, ficou chamando-o de "querido".
  Os olhos de Matt encontraram os de Meredith, ambos coraram e olharam rapidamente para outro lugar. Se Damon fosse um vampiro novamente... Se ela, de alguma forma, pegou a Esfera Estelar de seu esconderijo... Se Elena só havia ido lá "dar-lhe comida" para dar-lhe seu sangue...
  Meredith ainda estava com um olhar distante.
  — Bonnie... Você não está exagerando muito nas coisas? Aliás, o que aconteceu com a bandeja de comida da Sra. Flowers?
  — Estava... Por toda parte! Eles simplesmente a jogaram para longe. Mas ele a estava segurando com uma mão sob seus joelhos e a outra sob seu pescoço, e a cabeça dela despencava no ar, assim seu cabelo caía sob os ombros dele!
  Houve um silêncio enquanto todos tentavam imaginar várias posições que corresponderiam com as últimas palavras de Bonnie.
  — Você quer dizer que ele a estava segurando para ela não cair? — Meredith perguntou, sua voz de repente era quase um sussurro.
  Matt entendeu o que ela quis dizer. Stefan, provavelmente, estava dormindo no andar de cima, e Meredith queria que ele continuasse assim.
  — Não! Eles... Estavam tendo uma troca de olhares. — Bonnie gritou. — Olhando. Um nos olhos do outro.
  A Sra. Flowers falou suavemente:
  — Mas amada Bonnie... Talvez Elena tenha caído e Damon simplesmente a ajudou a se levantar.
  Agora, Bonnie falava sem nenhum remorso e fluentemente.
  — Isso só acontece com aquelas mulheres nas capas daqueles livros de romance... Como é mesmo que se chama?
  — Romances eróticos? — Meredith sugeriu, quando ninguém mais se pronunciou.
  — Exato! Romances eróticos. Era bem desse jeito que ele a estava segurando! Quero dizer, sabemos que algo estava acontecendo entre eles na Dimensão das Trevas, mas eu pensei que isso pararia quando encontrássemos Stefan. Mas não parou!
  Matt sentiu uma pontada em seu estômago.
  — Quer dizer que neste exato momento Elena e Damon estão... Se beijando e fazendo outras coisas?
  — Eu não sei o quê eu quero dizer! — Bonnie exclamou. — Eles estavam falando sobre a Esfera Estelar! Ele a estava segurando como se ela fosse uma noiva! E ela não estava se debatendo!
  Com um calafrio de medo, Matt previu problemas, e pôde perceber que Meredith previra também. E pior, eles estavam olhando para duas direções diferentes. Matt estava olhando para as escadas, onde Stefan havia aparecido. Meredith estava olhando para a porta da cozinha, que uma olhadela mostrou a Matt que Damon estava entrando na casa.
  O que Damon estava fazendo na cozinha? Matt se perguntou. Estávamos lá agora pouco. E ele estava fazendo o quê, nos espionando do lado de fora?
  Nesta situação, Matt deu um tiro no escuro.
  — Stefan! — Ele disse com uma voz saudável que o fez tremer por dentro. — Preparado para engolir sangue, ao estilo futebolístico?
  Uma pequena parte de Matt pensou: Olhe para ele. Apenas três dias fora da prisão e já tem sua antiga aparência novamente. Três noites atrás ele era um esqueleto. Hoje, ele parecia... Magro. Estava bonito o bastante para fazer com que as garotas caíssem em cima dele de novo.
  Stefan deu um sorriso amarelo para ele, apoiando-se sobre o corrimão. Em seu rosto pálido, seus olhos estavam notavelmente vivos, um verde vibrante que faziam brilharem como se fossem jóias. Ele não parecia chateado, e fez com que o coração de Matt se acelerasse. Como ele poderia contar a ele?
  — Elena está ferida. — Stefan disse, e de repente houve uma pausa, um silêncio profundo, enquanto todos do recinto congelavam. — Mas Damon não pôde ajudá-la, então ele a trouxe para a Sra. Flowers.
  — Verdade. — Damon disse friamente bem atrás de Matt. — Não pude ajudá-la. Se eu fosse um vampiro... Mas não sou. Acima de tudo, Elena tem queimaduras. Tudo que pude pensar foi em um saco de gelo ou um pouco de cataplasma. Desculpe por contestar suas teorias espertinhas.
  — Ai, meu Deus! — Gritou a Sra. Flowers. — Quer dizer que a amada Elena está neste momento esperando na cozinha por um pouco de cataplasma?
  Ela saiu da sala, correndo em direção à cozinha.
  Stefan ainda descia as escadas, dizendo:
  — Sra. Flowers, ela queimou o braço e a perna... Ela disse que Damon não a reconheceu na escuridão e deu-lhe um encontrão. E que ele pensou ser um intruso em seu quarto, e cortou seu pescoço com a faca. O resto de nós estará na sala, se precisar de ajuda.
  Bonnie gritou:
  — Stefan, talvez ela seja inocente... Mas ele não é! De acordo com você, ele a queimou... Isso é tortura... E colocou uma faca em seu pescoço! Talvez ele a tenha ameaçado para dizer a nós o que quiséssemos ouvir. Talvez ela ainda seja refém dele e não sabemos.
  Stefan corou.
  — É difícil de explicar. — Ele disse delicadamente. — E eu continuo tentando entender. Mas até então... Alguns dos meus Poderes têm crescido... Mais rápido do que minha habilidade de controlá-los. Na maioria do tempo estou dormindo, mas isso não importa. Estava dormindo até poucos minutos atrás. Mas acordei e Elena estava dizendo a Damon que a Sra. Flowers não tinha a Esfera Estelar. Ela estava chateada, e ferida... E eu pude sentir onde ela estava ferida. Então, de repente, eu ouvi você, Bonnie. Você é uma telepata muito forte. Então, ouvi o resto de você falando sobre a Elena...
  Ai, meu Deus. Que loucura, Matt estava pensando. Sua boca balbuciava algo parecido como "Claro, claro, foi erro nosso" em palavras ininteligíveis, e seus pés seguiram os de Meredith até a sala, como se ele fosse atraído por aquelas sandálias italianas.
  Mas o sangue na boca de Damon...
  Devia haver alguma razão para o sangue, também. Damon havia dito que Damon a havia ferido com a faca. O sangue poderia ter espirrado; bem, isso não soava como vampirismo para Matt. Ele havia sido um doador para Stefan uma dúzia de vezes nos últimos dias e o processo sempre fora muito limpo.
  — Eu tento não ouvir pensamentos, a menos que eu seja convidado e tenho um bom motivo para tal. — Stefan disse. — Mas quando alguém menciona Elena, especialmente quando essa pessoa parece perturbada... Eu não consigo evitar. É como se você estivesse em um lugar barulhento e mal consegue ouvir, mas quando alguém diz seu nome, você ouve instantaneamente.
  — Isso se chama Pareidolia — Meredith disse. Sua voz estava quieta e cheia de remorso, como se ela estivesse tentando acalmar uma Bonnie atormentada.
  Matt sentiu outra aceleração em seu coração.
  — Bem, vocês podem chamar isso do que quiserem — Ele disse —, mas então quer dizer que você pode ouvir nossos pensamentos sempre que quiser.
  — Nem sempre. — Stefan disse, estremecendo. — Quando eu estava bebendo sangue animal eu não era forte o bastante a menos que realmente me esforçasse. Aliás, saibam, meus amigos, que eu voltarei a caçar animais a partir de amanhã ou no dia seguinte, dependendo do que a Sra. Flowers disser. — Ele adicionou, dando uma olhada significativa em todos na sala.
  Seus olhos pousaram em Damon, que estava encostado na parede perto da janela, com uma aparência desgrenhada e muito, muito perigosa.
  — Mas isso não significa que esquecerei quem salvou minha vida quando estava prestes a morrer. Por isso, eu respeito e agradeço a todos vocês... e, bem, teremos uma festa um dia desses. — Ele piscou várias vezes e olhou para longe.
  As duas garotas olharam-se — até mesmo Meredith fungou.
  Damon soltou um suspiro exagerado.
  — Sangue animal? Ah, brilhante. Torne-se o mais fraco possível, maninho, mesmo com três ou quatro doares dispostos ao seu redor. Então, quando o confronto final com Shinichi e Misao chegar, você será tão útil quanto um pedaço de papel molhado.
  — Haverá um confronto... Em breve? — Bonnie começou.
  — Assim que Shinichi e Misao estiverem prontos. — Stefan disse calmamente. — Acho que eles preferem não me dar tempo até eu melhorar. A cidade inteira está prestes a ficar em chamas e cinzas, vocês sabe. Mas não posso continuar pedindo a você, à Meredith, a Matt... E à Elena... Para doarem sangue para mim. Vocês já me mantiveram vivo nesses últimos dias, e não sei como recompensá-los por isso.
  — Nos recompense ficando o mais forte possível. — Meredith disse em sua voz quieta e controlada. — Mas, Stefan, posso lhe fazer algumas perguntas?
  — Claro. — Stefan disse, apoiando-se em uma cadeira. Ele não se sentou até que Meredith, com Bonnie praticamente em seu colo, tivesse afundado no sofá em formato de coração.
  Então, ele disse:
  — Pode começar.

Capítulo 4

  — Primeiro, — Meredith perguntou — o Damon está certo? Se você voltar para o sangue animal, você será seriamente enfraquecido?
  Stefan sorriu.
  — Estarei do jeito que era antes, quando eu conheci vocês. — Ele disse. — Forte o bastante para fazer isso.
  Ele inclinou-se em direção a um objeto de ferro embaixo do cotovelo de Damon, murmurando distraidamente "Scusilo per favore" enquanto pegava o atiçador de lareira.
  Damon revirou os olhos. Mas quando Stefan, em um rápido movimento, dobrou o atiçador em formato de U, desdobrando-o de novo e colocando-o novamente em seu lugar, Matt podia jurar que havia uma expressão de inveja no rosto Damon, que nunca expressava nada.
  — E isso era ferro, que é resistente a todas as forças sobrenaturais. — Meredith disse uniformemente, enquanto Stefan afastava-se da lareira.
  — Mas é claro que ele esteve bebendo de vocês três, garotas charmosas, nos últimos dias... Sem mencionar o poder nuclear que a amada Elena se tornou. — Damon disse, batendo palmas três vezes, lentamente. — Ah... Mutt. Sono spiacente... Quero dizer, eu não quis adicionar você ao grupo de garotas. Sem ofensas.
  — Não me ofendi. — Matt disse entre dentes.
  Se ele pudesse, somente uma vez, tirar aquele sorrisinho brilhante do rosto de Damon, ele morreria feliz, ele pensou.
  — Mas a verdade é que você tem sido um doador... Muito... Disposto para o meu Querido Irmão, não é mesmo? — Damon adicionou, seus lábios se contraindo um pouco, como se o atrito o controlasse de sorrir.
  Matt deu dois passos em direção a Damon. Era tudo que ele poderia fazer sem dar uma na cara do Damon, apesar de algo em seu cérebro sempre gritar suicídio quando ele tinha pensamentos como este.
  — Tem razão. — Ele disse o mais calmamente possível. — Eu tenho doado sangue a Stefan assim como as garotas. Ele é meu amigo, e há alguns dias atrás parecia que ele tinha acabado de sair de um campo de concentração.
  — Claro. — Damon murmurou, como se estivesse sido castigado, mas logo voltou a um tom mais suave: — Meu maninho sempre foi popular com ambos os... Bem, com senhoritas presentes, eu direi gêneros. Até mesmo com um kitsune macho; que, é claro, é o motivo de eu estar nesta confusão.
  Matt viu, literalmente, a cor vermelha, como se olhasse para uma névoa de sangue em cima Damon.
  — Falando nisso, o que aconteceu com o Sage, Damon? Ele era um vampiro. Se pudéssemos encontrá-lo, seu problema seria resolvido, não? — Meredith perguntou.
  Foi uma boa resposta, assim como todas as respostas que Meredith dava. Mas Damon falou com seus olhos negros fixos no rosto de Meredith:
  — Quanto menos você souber e falar de Sage, será melhor. Eu não falaria dele tão deliberadamente... Ele tem amigos lá embaixo. Mas a resposta para sua pergunta: Não, eu não deixaria Sage me transformar em vampiro. Isso só complicaria as coisas.
  — Shinichi nos deu boa em descobrir que ele é — Meredith disse, ainda calma. — Você sabe o que ele quis dizer com isso?
  Damon deu de ombros.
  — O que eu sei é somente da minha conta. Ele gasta o tempo dele no lugar mais baixo e sombrio da Dimensão das Trevas.
  Bonnie explodiu.
  — Porque Sage se foi? Oh, Damon, ele se foi por nossa causa? Por que ele deixou Sabber para cuidar de nós? E... Oh... Oh... Oh... Damon, sinto muito! Sinto muitíssimo!
   Ela deslizou para fora do assento em formato de coração e inclinou a cabeça de modo que somente seus cachos de morango estavam visíveis. Com sua mãos pequenas e pálidas abraçando seu corpo, ela parecia que estava prestes a colocar a cabeça entre os pés.
  — Isso é tudo culpa minha e agora todos estão zangados... Mas aquilo era tão horrível e eu tive que acreditar na pior coisa que eu pudesse imaginar.
  Isso foi um quebra-gelo. Logo, todos estavam rindo. Era tão típico da Bonnie, e era uma verdade para eles. Típico de humano.
  Matt queria pegá-la e colocá-la de volta no assento em formato de coração. Meredith sempre fora o melhor remédio para Bonnie. Mas quando ele se encontrou indo alcançá-la, ele ficou confuso ao ver dois pares de mãos fazendo a mesma coisa. Uma eram as de Meredith, esbeltas e morenas, e os as outras eram do sexo masculino, mais longas e afiadas.
  As mãos de Matt se fecharam em um punho. Deixe Meredith pegá-la, pensou ele, e seu punho desajeitado... De algum jeito... Ficou no caminho dos de Damon. Meredith levantou Bonnie facilmente e sentou novamente no assento de coração. Damon levantou os olhos escuros para Matt e Matt viu compreensão lá.
  — Sério, você devia perdoá-la, Damon. — Meredith, sempre com referência imparcial, disse sem rodeios. — Eu não acho que ela conseguirá dormir esta noite de outra forma.
  Damon deu de ombros, frio como um iceberg.
  — Talvez... Um dia.
  Matt podia sentir seus músculos se contraírem. Que tipo de filho da mãe poderia dizer isso para a Bonniezinha? Porque, é claro, ela estava ouvindo.
  — Vai se ferrar. — Matt disse em voz alta.
  — O que disse? — A voz de Damon não era mais lânguida e falsamente educada, mas sim como um chicote.
  — Você me ouviu. — Matt resmungou. — E se não ouviu, talvez seria melhor que fôssemos lá fora para que eu pudesse dizer mais alto. — Ele adicionou, soando mais corajoso.
  Ele ignorou um gemido de "Não!" de Bonnie, e um educado "Quietos" de Meredith. Stefan disse "Os dois..." em uma voz de comando, mas vacilou e tossiu, dando a chance para Matt e Damon saírem pela porta.
  Estava bem quente lá fora, na varanda da pensão.
  — Esse será o terreno de matança? — Damon perguntou preguiçosamente quando eles tinham descido as escadas e ficado ao lado do caminho de cascalho.
  — Está ótimo para mim. — Disse Matt, seus ossos sabendo que Damon jogaria sujo.
  — Sim, definitivamente é bem perto. — Disse Damon, dando um sorriso brilhante desnecessário em direção a Matt. — Você pode pedir por ajuda, enquanto meu maninho está na sala, e ele terá tempo bastante para salvá-lo. E agora, vamos resolver o problema de você se meter na minha vida e do por que você...
  Matt deu-lhe um soco no nariz.
  Ele não tinha ideia do que Damon pretendia fazer. Se você pede para um cara para ir lá fora, então vocês vão lá. Então, você vai em cima do cara. Você não fica bate-papo. Se fizesse isso, você seria rotulado de "covarde" ou de coisa pior. Damon não era o tipo que se precisasse dizer isso.
  Mas Damon sempre havia sido capaz de repelir qualquer ataque contra ele, enquanto ele falava alguns insultos... Antes.
  Antes, ele teria quebrado cada osso em minha mão e me batido, Matt deduziu. Mas agora... Estou quase tão rápido quanto ele, e ele simplesmente foi pego de surpresa.
  Matt flexionou sua mão cautelosamente. Sempre machucava, é claro, mas se Meredith pôde fazer isso com Caroline, então ele poderia fazer com...
  Damon?
  Mas que droga, eu nocauteei o Damon?
  Corra, Honeycutt, ele parecia ouvir a voz do seu velho treinador dizendo-lhe. Corra. Fuja da cidade. Mude de nome.
  Já tentei isso. Não funcionou. Nem sequer tinha uma camisa, Matt pensou amargamente.
  Mas Damon não estava pulando como um demônio de fogo do inferno, com os olhos de um dragão e a força de um touro furioso para aniquilar Matt. Parecia e soava mais como se ele estivesse chocado e indignado com seu cabelo desgrenhado e suas botas manchadas de terra.
  — Sua... Criança... Ignorante... — Ele ficava alternando entre inglês e italiano.
  — Olha — Matt disse. — Estou aqui para brigar, está bem? E o cara mais inteligente que eu conheço uma vez me disse: "Se você vai brigar, não converse. Se vai conversar, não brigue."
  Damon tentou rosnar enquanto erguia-se e tirava os espinhos de seus jeans.  Mas o rosnado não se saiu muito bem. Talvez seja por causa da forma de seus caninos. Talvez ele simplesmente não estivesse com muita convicção.
  Matt havia visto garotos derrotados o suficiente para saber que essa briga estava acabada. Uma estranha exaltação veio sobre ele. Ele continuaria com seus membros e órgãos! Aquele era um momento muito, muito precioso.
  Ok, será que eu devo lhe oferecer uma ajuda? Matt se perguntou, sendo respondido logo por: Claro, seria o mesmo que ajudar um crocodilo temporariamente aturdido. Para quê você precisa de dez dedos inteiros, afinal?
  Ora, pois, ele pensou, virando-se para voltar à porta da frente. Enquanto ele vivesse... O que, ele admitiu, poderia não ser por muito tempo... Ele se lembraria deste momento.
  Quando ele entrou, ele deu um encontrão com Bonnie, que estava prestes a sair.
  — Oh, Matt, oh, Matt. — Ela gritou. Ela o avaliava loucamente. — Você o machucou? Ele machucou você?
  Matt bateu uma vez seu punho em sua outra mão.
  — Ele ainda está caído lá fora. — Ele adicionou proveitosamente.
  — Oh, não! — Bonnie arfou, e saiu pela porta.
  Ok. A parte menos espetacular da noite. Mas ainda era uma boa noite.
 
  — Eles fizeram o quê? — Elena perguntou a Stefan.
  Frios cataplasmas presos por bandagens apertadas foram envoltos em torno de seu braço, mão e coxa — a Sra. Flowers havia corado seu jeans e transformado-o em short — e a Sra. Flowers limpou o sangue seco com ervas.
  Seu coração estava batendo com mais dor. Mesmo que ela não tivesse percebido que Stefan estava em sintonia com todos da casa quando ele estava acordado. Tudo que ela podia pedir a Deus era que ele estivesse dormindo quando ela e Damon... Não! Ela tinha que parar de pensar nisso, e agora!
  — Eles foram lá fora lutar — Stefan disse. — É idiotice, é claro. Mas é uma questão de honra, também. Não posso interferir.
  — Bem, eu posso... Isso se você tiver terminado, Sra. Flowers.
  — Sim, amada Elena. — A Sra. Flowers disse, prendendo um band-aid no pescoço de Elena. — Agora, você não deve pegar tétano.
  Elena parou no meio de uma ação.
  — Pensei que você contraísse tétano a partir de lâminas enferrujadas. — Ela disse. — Da... Essa parecia nova em folha.
  — Tétano se pega a partir de lâminas sujas, minha querida. — A Sra. Flowers a corrigiu. — Mas essa... — Ela segurava uma garrafa — É uma receita da própria Vo a que mantém qualquer ferida livre de qualquer doença durante séc... Durante anos.
  — Uau. — Elena disse. — Eu nunca tinha ouvido falar da Vo. Ela era uma... Curandeira?
  — Ah, sim. — A Sra. Flowers disse sinceramente. — Na verdade, ela fora acusada de ser uma bruxa. Mas no seu julgamento, não se pôde provar nada. Aqueles que a acusaram não pareciam poder falar coerentemente.
  Elena olhou para Stefan somente para descobrir que ele estava olhando para ela. Matt estava em perigo de ser arrastado ao tribunal... Alegando ter agredido Caroline Forbes enquanto estava sob alguma droga desconhecida e terrível. Nada relacionado com tribunais interessava a ambos. Mas ao olhar para o rosto preocupado de Stefan, Elena decidiu não prosseguir com o assunto. Ela apertou sua mão.
  — Temos que ir agora, mas falaremos sobre a Vo mais tarde. Ela me parece ser fascinante.
  — Eu só lembro-me dela como uma velha reclusa e excêntrica que não se enganava com a felicidade e que achava que todos eram tolos. — Disse a Sra. Flowers. — Acho que estava indo pelo mesmo caminho até que vocês, crianças, chegaram e me fizeram acordar. Obrigada.
  — Somos nós que devemos agradecer — Elena começou, abraçando a velha senhora, sentindo seu coração parar de bater.
  Stefan estava olhando para ela com amor. Tudo ia ficar bem... Para ela.
  Estou preocupada com Matt, ela pensou para Stefan, testando águas mais vigorosas. Damon ainda é bem rápido... E ele não gosta de Matt nem um pouco.
  Eu acho, Stefan retornou com um sorriso torto, que isso é um eufemismo bastante impressionante. Mas eu também acho que você não deve se preocupar até ver quem voltou ferido.
  Elena olhou aquele sorriso, e pensou por um momento sobre o impulso e atlético Matt. Depois de um instante, ela sorriu de volta. Ela estava se sentindo culpada e protetora... E salva. Stefan sempre a fazia se sentir salva. E agora, ela queria prejudicá-lo.
 
  No jardim da frente, Bonnie humilhava a si mesma. Ela não conseguia deixar de pensar, mesmo agora, sobre o quão belo Damon parecia, o quão sombrio, selvagem e bonito. Ela não pôde evitar pensar nas vezes em que ele sorrira para ela, rira para ela, viera para salvá-la numa ligação de emergência.  Ela tinha o pensamento de que, um dia... Mas agora, ela sentiu como se o seu coração estivesse quebrado em dois.
  — Eu só queria poder arrancar a minha língua. — Ela disse. — Eu não devia ter assumido nada do que vi.
  — Como você teria sabido que eu não estava roubando Elena de Stefan? — Damon disse cansadamente. — Esse seria o tipo de coisa que eu faria.
  — Não, não é! Você fez tanta coisa para libertar Stefan da prisão... Você sempre encarou os maiores perigos... E você evitou que nos machucassem. Você fez tanta coisa por outras pessoas...
  De repente, os braços de Bonnie estavam sendo segurados por mãos tão fortes que sua mente foi inundada de clichês. Um aperto de ferro. Forte como tiras de aço.
  E uma voz como uma corrente gelada veio até ela.
 — Você não sabe nada sobre mim, ou sobre o que eu quero, ou sobre o que eu faço. Tudo que você sabe é que eu poderia estar armando alguma neste momento. Então, não quero ouvir você falando sobre algumas coisas, ou imaginando que eu não lhe mataria se você entrasse em meu caminho. — Damon disse.
  Ele saiu e deixou Bonnie sentada ali, encarando-o. E ela estava errada. Ela não estava chorando, no final das contas.


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