Leitura Semanal - Diários do Vampiro, o retorno: Meia-Noite #17

                                

Sinopse: Elena retorna da Dimensão das Trevas, tendo liberto seu namorado vampiro Stefan Salvatore do aprisionamento... Mas não sem uma consequência. Sua salvação custará bastante. Ainda se recuperando do último choque, eles são forçados a encarar os demônios que dominaram Fell's Church. Elena deve tomar uma decisão que custará seu amor: Damon ou Stefan?

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Capítulo 31

 Elena acordou se sentindo dura e apertada. Mas isso não era de se surpreender. Três outras pessoas pareciam estar em cima dela.
  Elena? Você pode me ouvir?
  Stefan?
  Sim! Você está acordada?
  Estou toda apertada... E quente.
  Uma voz diferente interrompeu.
  Só nos dê um minuto e você não ficará mais apertada.
  Elena sentiu Damon se afastar. Bonnie pegou seu lugar.
  Mas Stefan a agarrou por um momento.
  Elena, sinto muito. Eu não tinha percebido as condições em que você estava. Graças a Deus que você tinha o Damon. Você pode me perdoar?
  Apesar do calor, Elena se aconchegou ainda mais perto dele.
  Só se você me perdoar por colocar todos em perigo. Eu fiz isso, não fiz?
  Eu não sei. Eu não ligo. Tudo o que eu sei é que eu te amo.
  Demorou algum tempo antes que Bonnie acordasse. Então ela disse debilmente:
  — Hey! O que vocês estão fazendo na minha cama?
  — Tentando sair dela. — Elena disse, e tentou se afastar e levantar.
  O mundo estava vacilante. Ela estava vacilante... E ferida. Mas Stefan não estava mais do que alguns centímetros de distância, abraçando-a, segurando-a quando ela começou a cair. Ele a ajudou a se vestir sem fazê-la se sentir como se fosse um bebê. Ele olhou dentro da mochila dela, que felizmente não havia ido embora junto com a água, e então ele tirou algo pesado de lá de dentro.
  Ele colocou as coisas pesadas em sua própria mochila.
  Elena se sentiu muito melhor depois de comer um pouco, e após ver os thurgs — ambos — comendo também; eles esticavam seus grandes troncos duplos até quebrarem pedaços de madeira das árvores estéreis, ou escavavam a neve para encontrar grama seca por debaixo dela.
  Estava claro que eles não morreriam no final das contas.
  Elena sabia que todos estavam olhando para ela, avaliando se ela estava ou não disposta a prosseguir viagem naquele dia. Elena correu para terminar de beber seu chá aquecido sobre uma fogueira de esterco, tentando esconder o fato de que suas mãos tremiam.
  Após forçá-las a se abaixarem, ela disse em uma voz alegre:
  — Então, o que faremos agora?
  Como você se sente? Stefan perguntou a ela.
  — Um pouco dolorida, mas ficarei bem. Acho que todos estão esperando que eu tenha uma pneumonia, mas eu nem ao menos estou tossindo.
  Damon, depois de um olhar demorado para Stefan, pegou suas duas mãos e olhou para ela.
  Ela não pôde — ela não ousava — encontrar seus olhos, então ela se focou em Stefan, que estava olhando para ela reconfortantemente.
  Por fim Damon soltou as mãos de Elena abruptamente.
  — Eu fui o mais longe que consegui. Você deve saber o quão longe é — Damon adicionou para Stefan. — Seu nariz está entupido e sua pele está brilhante.
  Stefan parecia que ia lhe dar um soco, mas Elena pegou sua mão suavemente.
  — Estou saudável — Ela disse. — Então, são dois votos para eu continuar em minha busca para salvar Fell’s Church.
  — Eu sempre acreditei em você — Stefan disse. — Se você acha que pode continuar, então você pode.
  Bonnie fungou.
  — Só tome mais cuidado, ok? — Ela disse — Você me assustou.
  — Eu sinto muitíssimo. — Elena disse gentilmente, sentiu o vazio da ausência de Meredith.
  Meredith seria perfeita para ajudá-los neste momento.
  — Então, vamos continuar? E aonde vamos? Estou perdidinha.
  Damon se levantou.
  — Eu acho que devemos só seguir em frente. O caminho é estreito a partir daqui... E quem sabe qual será nosso próximo desafio?

  O caminho era estreito... E nevoento. Tal como antes, ele começou como um véu transparente, cegando-os logo em seguida. Ela deixou Stefan, com seus reflexos felinos, ir à frente, e ela continuou carregando sua mochila. Bonnie se agarrou a ela com um carrapicho. Quando Elena achava que ela ia gritar caso tivesse que continuar viajando naquele cobertor branco, ele se dissipou. Eles estavam próximos a uma montanha.
  Elena saiu em disparada logo depois de Bonnie, que se apressou com a visão do ar transparente. Ela foi rápida o suficiente para agarrar-se na mochila da Bonnie e puxá-la para trás, quando ela chegou ao lugar onde a terra terminava.
  — Nem pensar! — Bonnie gritou, criando um eco logo abaixo. — Não tem como eu atravessar isso aqui!
  Isso aqui era um abismo com uma ponte muito fina abrangendo-o.
  O abismo era constituído por um branco gélido no topo, mas quando Elena se agarrou nos pólos de metal da ponte gelada e se inclinou um pouco para frente, ela pôde ver as cores azuis e verdes glaciais no fundo. Um vento frio atingiu seu rosto.
  A distância entre este pedaço de mundo e próximo logo na frente deles era de cerca de cem metros de comprimento.
  Elena olhou das profundezas sombrias para a ponte fina, que era feita de madeira e apenas larga o suficiente para que uma pessoa pudesse caminhar. Era apoiada aqui e ali por cordas que corriam pelo abismo e pregado com pinos metálicos estéreis e gelado no chão.
  Ela também mergulhava magnificamente e depois se erguia novamente. Só mesmo de olhar parecia um minipasseio de montanha-russa de pura emoção. O único problema era que não incluía um cinto de segurança, um assento, dois trilhos e um guia dizendo: “Mantenham mãos e pés dentro do brinquedo tempo todo!” Havia uma fina e única corda, feita de tecido de trepadeira para se segurar do lado esquerdo.
  — Olha — Stefan estava dizendo, tão calma e atentamente como Elena jamais tinha ouvido —, podemos nos segurar um nos outros. Podemos ir um atrás do outro, bem devagar...
  — NÃÃO! — Bonnie disse em grito psíquico que quase atingiu Elena. — Não, não, não, não, NÃO! Vocês não entendem! Eu não posso FAZER ISSO!
  Bonnie jogou sua mochila no chão.
  Então ela começou a rir e a chorar ao mesmo tempo, em um ataque perfeito de histeria. Elena teve o impulso de jogar água em seu rosto. Ela teve um forte impulso de se lançar para o lado de Bonnie e gritar:
  — Nem eu posso! É maluquice!
  Mas que mal poderia fazer?
  Poucos minutos, Damon estava falando baixinho com Bonnie, sem ser afetado por sua expressão. Stefan estava andando em círculos. Elena estava tentando pensar em um Plano A, enquanto uma vozinha cantava dentro de sua cabeça:
  Você não pode fazer isso, não pode fazer isso, não pode fazer isso também.
  Aquilo era só uma fobia. Eles podiam fazer com que Bonnie a perdesse... Caso, digamos, eles tivessem um ano ou dois.
  Stefan, em uma de suas passadas circulares próximo a ela, disse:
  — Você tem medo de altura, amor?
  Elena decidiu encarar isso com uma expressão corajosa.
  — Não sei. Acho que posso fazer isso.
  Stefan parecia satisfeito.
  — Para salvar a sua cidade.
  — Sim... É uma pena que nada funcione aqui. Eu poderia tentar usar minhas Asas Voadoras, mas não consigo controlá-las...
  E esse tipo de magia não está disponível aqui, a voz de Stefan disse em sua mente. Mas telepatia está. Você pode me ouvir, também, não pode?
  Eles pensaram na mesma resposta ao mesmo tempo, e Elena viu a ideia dele se mostrando em seu rosto, quando ela começou a falar.
  — Influencie a Bonnie! Faça-a pensar que ela é uma equilibrista... Uma artista, desde que ela era uma bebê. Mas não faça com que ela seja muito brincalhona, ou então ela nos derrubará!
  Com aquela luz em seu rosto, Stefan parecia... Feliz. Ele segurou ambas as mãos de Elena, girou-a no ar como se ela não pesasse nada e a beijou.
  E a beijou.
  E a beijou até que Elena sentiu sua alma saindo pela ponta de seus dedos.
  Eles não deviam ter feito isso na frente de Damon. Mas a euforia de Elena estava nublando seu julgamento, e ela não pôde se controlar.
  Nenhum deles tinha tentado fazer uma sondagem mais profunda na mente. Mas telepatia era tudo que lhes tinha sobrado, e aquilo era tão delicioso e maravilhoso que fez com que continuassem abraçados, rindo, ofegando... Com a eletricidade intermitente entre eles.
  Todo o corpo de Elena se sentiu como se ela tivesse acabado de levar um choque considerável.
  Então ela saiu de seus braços, mas já era tarde demais. O olhar que partilharam já havia sumido há muito tempo, e Elena sentiu seu coração bater de medo. Ela pôde sentir os olhos de Damon sobre ela.
  Ela mal conseguiu sussurrar:
  — Você vai contar a eles?
  — Sim — Stefan disse delicadamente. — Direi a eles.
  Mas ele não se moveu até que ela virou-se de volta para Bonnie e Damon.
  Depois disso, ela ficou espiando por sobre seu ombro e ouvindo.
  Stefan sentou-se próximo à garota chorona e disse:
  — Bonnie, você pode olhar para mim? Isso é tudo que eu quero. Eu te prometo, você não tem que atravessar aquela ponte se você não quiser. Você nem ao menos precisa parar de chorar, mas tente olhar nos meus olhos. Você pode fazer isso? Que bom. Agora…
  Sua voz, e até mesmo seu rosto, mudou sutilmente, tornando-se mais forte… Mais hipnotizante.
  — Você não tem medo de alturas, ok? Você é uma acrobata que poderia andar por uma corda bamba sobre o Grand Canyon sem que um fio de seu cabelo saísse do lugar. Você é a melhor de toda a sua família, Os McCullough Voadores, e eles são os melhores do mundo. E neste instante, você vai escolher se quer atravessar a ponte de madeira. Se sim, você vai nos liderar. Será nossa líder.
  Bem devagar, enquanto ouvia a Stefan, o rosto de Bonnie mudou.
  Com os olhos inchados fixados em Stefan, ela parecia estar ouvindo atentamente a algo em sua própria cabeça.
  E finalmente, quando Stefan disse a última frase, ela ergueu-se num pulo e olhou para a ponte.
  — Ok, vamos nessa! — Ela gritou, pegando sua mochila enquanto Elena, sentada, olhava para ela.
  — Você pode fazer isso? — Stefan perguntou, olhando pra Elena. — Nós a deixaremos ir à frente... Não há como ela cair. Eu irei logo em seguida. Elena pode vir atrás de mim e agarrar-se em minha cintura, e conto com você, Damon, para segurá-la. Especialmente se ela começar a desmaiar.
  — Eu a segurarei. — Damon disse quietamente.
  Elena queria pedir a Stefan que a Influenciasse, também, mas tudo estava acontecendo rápido demais. Bonnie já estava na ponte, só parando quando fora chamada por Stefan. Stefan estava olhando para trás, para Elena, dizendo:
  — Será que você pode se segurar bem forte em mim?
  Damon estava atrás de Elena, colocando uma mão forte sobre seu ombro, e dizendo:
  — Olhe sempre para frente, não para baixo. Não se preocupe em desmaiar, eu te segurarei.
  Mas a ponte de madeira era muito frágil, e Elena descobriu que ela sempre estava olhando para baixo e que seu estômago flutuava para fora de seu corpo, acima de sua cabeça.
  Ela deu um aperto mortal na cintura de Stefan com uma mão, colocando a outra na corda com tecido de trepadeira.
  Eles chegaram a um lugar onde uma ripa havia se soltado e as outras pareciam que iriam cair a qualquer momento.
  — Cuidado aqui! — Bonnie disse, rindo e pulando sobre três ripas.
  Stefan colocou o ultrapassou a ripa que faltava, colocando o pé na próxima.
  Crack!
  Elena não gritou... Ela estava além de qualquer grito. Ela não pôde olhar. O som havia feito com que ela fechasse os olhos.
  E ela não pôde se mover. Nem um milímetro. E certamente nem um centímetro. Ela sentiu os braços de Damon ao redor de sua cintura. Ambos. Ela queria deixá-lo suportar seu peso, assim como ele fizera algumas vezes anteriormente.
  Mas Damon estava sussurrando para ela, palavras que pareciam feitiços que fizeram com que suas pernas parassem de tremer, que suas dores sumissem e que ela parasse de respirar tão rapidamente, como se estivesse a ponto de desmaiar.
  E então ele a estava soltando, e os braços de Stefan estavam ao seu redor, e por um momento ambos estavam segurando-a com firmeza. Em seguida, Stefan a ergueu e gentilmente colocou seus pés em ripas firmes.
  Elena queria subir em cima dele como um coala, mas ela sabia que ela não devia fazer isso. Ela faria ambos caírem. Então, de alguma forma, de um lugar em seu interior que ela não sabia possuir, ela encontrou coragem para equilibrar-se sobre seus próprios pés e se atrapalhou ao segurar na trepadeira.
  Então ela ergueu sua cabeça e sussurrou o mais alto que pôde:
  — Sigam em frente. Precisamos dar espaço a Damon.
  — Sim — Stefan sussurrou de volta.
  Mas ele a beijou na testa, um beijo rápido e protetor, antes de se virar e ir em direção a uma Bonnie impaciente.
  Atrás dela, Elena ouviu — e sentiu — Damon pulando como se fosse um felino sobre o buraco.
  Elena ergueu seus olhos e encarou novamente as costas da cabeça de Stefan. Ela não pôde compreender todas as emoções que estava sentindo naquele momento: amor, terror, admiração, entusiasmo... E, é claro, gratidão, tudo ao mesmo tempo.
  Ela não ousava virar sua cabeça para olhar para Damon atrás dela, mas ela sentia exatamente as mesmas coisas por ele.
  — Só mais alguns passos — Ele continuou. — Só mais alguns passos.
  Uma breve eternidade depois, eles estavam em terra firme, de frente para uma caverna de tamanho médio, e Elena caiu de joelhos. Ela estava doente e fraca, mas ela tentou agradecer a Damon quando ele passou por ela na trilha da montanha de neve.
  — Você estava no meu caminho — Ele disse bem devagar e tão frio quanto o vento. — Se você tivesse caído, você poderia ter virado a ponte inteira. E não estou com vontade de morrer hoje.
  — O que você está dizendo a ela? O que você disse? — Stefan, que estava longe do alcance de voz, voltou correndo. — O que ele disse para você?
  Damon, examinando a palma de sua mão à procura de espinhos da trepadeira, disse sem olhar para cima:
  — Eu lhe disse a verdade, só isso. Até agora, ela só fez besteira nesta busca. Vamos torcer para que você consiga entrar na Casa de Portais, se sobreviver, porque se eles estiverem avaliando nosso desempenho, nós seremos reprovados. Ou devo dizer, um de nós será?
  — Cale a boca ou eu farei isso por você — Stefan disse em uma voz diferente que Elena nunca o ouvira usar antes.
  Ela o encarou. Era como se ele tivesse envelhecido dez anos em um segundo.
  — Nunca mais fale com ela, ou sobre ela, desse jeito, Damon!
  Damon o encarou por um momento, as pupilas contraídas. Então ele disse “Tanto faz” e seguiu em frente.
  Stefan abaixou para abraçar Elena até que ela parasse de tremer.
  Então é isso, Elena pensou.
  Uma raiva gélida a tomou. Damon não tinha nenhum respeito por ela; ele não tinha por ninguém além dele mesmo. Ela não podia proteger Bonnie de seus próprios sentimentos — ou impedi-lo de insultá-la. Ela não podia impedir Bonnie o perdoasse. Mas ela, Elena, estava farta de Damon. Esse último insulto fora a gota d’água.
  A névoa voltou enquanto eles andavam pela caverna.

 Capítulo 32

 — Damon não pretendia ser tão... Tão idiota — Bonnie disse explosivamente. — Ele só... Sente como se fôssemos nós três contra ele... E… E…
  — Bem, quem começou isso? Isso acontece desde a caminhada nos thurgs — Stefan disse.
  — Eu sei, mas há algo mais — Bonnie disse humildemente. — Já que só tem neve, pedra e gelo... Ele... Eu não sei. Ele se sente preso. Tem algo errado.
  — Ele está com fome — Ele disse, atingida por uma súbita percepção.
  Desde caminhada nos thurgs que não havia nada para os vampiros caçarem. Não existia nada, nem raposas, insetos ou ratos. É claro, Lady Ulma havia fornecido bastante Black Magic para ele, a única coisa que parecia ser o substituto para o sangue. Mas sua quantidade foi diminuindo e, é claro, eles tinham que pensar na viagem de volta, também.
  De repente Elena sabia o que faria bem para ela.
  — Stefan — Ela murmurou, puxando-o para um canto da pedra rochosa da entrada da caverna.
  Ela tirou o capuz e desenrolou a scarf o suficiente para expor um lado de seu pescoço.
  — Não me faça dizer “por favor” tantas vezes — Ela sussurrou para ele. — Não posso esperar mais.
  Stefan olhou em seus olhos e viu que ela estava falando sério — determinada — e então beijou uma de suas mãos enluvadas.
  — Já faz um bom tempo, eu acho... Não, tenho certeza, ou eu nunca aceitaria uma coisa como esta — Ele sussurrou.
  Elena inclinou sua cabeça para trás. Stefan ficou entre ela e o vento, e ela estava quase aquecida. Ela sentiu uma dorzinha inicial e então Stefan estava bebendo, suas mentes se juntaram como duas gotas de chuva sobre uma janela de vidro.
  Ele tomou só um pouquinho de sangue.  O suficiente para fazer a diferença em seus olhos, indo de um verde-piscina espumante para um córrego efervescente.
  Mas então, seu olhar paralisou-se novamente.
  — Damon... — Ele disse, e parou desajeitadamente.
  O que Elena poderia dizer? Que ela simplesmente havia cortado suas relações com ele? Era para eles se ajudarem mutuamente, ao longo deste desafio; para mostrarem suas inteligências e coragens. Se ela desse para trás, ela falharia novamente?
  — Mande-o aqui rapidamente — Ela disse. — Antes que eu mude de ideia.
Cinco minutos depois, Elena estava novamente naquele cantinho, enquanto Damon virava sua cabeça para frente e para trás com uma precisão desapaixonada, de repente disparando para frente e afundando seus dentes em uma veia proeminente. Elena sentiu seus olhos se alargarem.
  Uma mordida que doesse tanto... Bem, ela já não experimentava isso desde os dias em que ela era burra e despreparada e havia lutado com todas as suas forças para se libertar.
  Quando a mente de Damon, havia uma parede de aço. Já que ela tinha de fazer aquilo, ela tinha esperanças de ver o menino que vivia no íntimo da alma de Damon, o Protetor de todas as suas vontades e segredos, mas ela não pôde nem ao menos derreter aquele aço.
  Depois de um minuto ou dois, Stefan puxou Damon para longe dela... Sem delicadeza. Damon se afastou emburrado, limpando sua boca.
  — Você está bem? — Bonnie perguntou em um sussurro preocupante, enquanto Elena vasculhava a caixa de medicamentos de Lady Ulma, à procura de uma gaze para estancar as feridas não cicatrizadas em seu pescoço.
  — Já estive melhor — Elena disse brevemente, enquanto ela enrolava sua scarf novamente.
  Bonnie suspirou.
  — Meredith é quem verdadeiramente devia estar aqui — Ela disse.
  — Sim, mas Meredith deve ficar em Fell’s Church, também. Só espero que eles consigam segurar as pontas até que nós voltemos.
  — Só espero que voltemos com algo que possa ajudá-los — Bonnie sussurrou.

  Meredith e Matt passaram desde às duas da manhã até o amanhecer derramando pequenas gotas da Esfera Estelar de Misao pelas ruas da cidade, pedindo ao Poder para que ele, de alguma forma, os ajudasse na luta contra Shinichi. Este movimento de ir de um lugar para o outro também rendeu um bônus surpresa: crianças. Não crianças loucas. As normais, com medo de seus irmãos e irmãs e de seus pais, não se atrevendo a entrar em casa por causa das coisas terríveis que viram lá. Meredith e Matt os tinham abarrotado no SUV de segunda mão da mãe de Matt e os trouxeram até sua casa.
  No fim, eles eram mais que trinta crianças, de cinco a dezesseis anos, todos com medo de brincar, falar, ou até mesmo de pedir alguma coisa. Mas eles tinham comido tudo que a Sra. Flowers pôde encontrar que não estava estragado na geladeira ou na despensa de Matt, e nas despensas das casas desertas de ambos os lados da dos Honeycutt.
  Matt, observando uma menina de dez anos enfiaa pão branco comum na boca com uma fome de lobo, com lágrimas escorrendo pelo seu rosto sujo enquanto ela mastigava e engolia, disse baixinho à Meredith:
  — Será que há alguém infiltrado aqui?
  — Eu apostaria minha vida nisto — Ela respondeu silenciosamente. — Mas o que vamos fazer? Cole não sabe nada que possa nos ajudar. Só podemos orar que as crianças não possuídas sejam capazes de nos ajudar quando os servos de Shinichi atacarem.
  — Eu acho que a melhor opção, quando formos confrontar as crianças possuídas que podem estar armadas, seria correr.
  Meredith assentiu distraidamente, mas Matt notou que ela levava a estaca em todos os lugares que ela ia agora.
  — Eu já criei um pequeno teste para eles. Eu vou colocar em cada um deles um Post-It e verei o que acontece. Crianças que fizeram coisas pela qual lamentam vão ficar histéricas; crianças que já estão aterrorizadas, obterão algum conforto; e os infiltrados atacarão ou correrão.
  — Eu tenho que ver isso.
  O teste de Meredith só mostrou dois infiltrados na multidão toda: um menino de treze anos e uma menina de quinze. Ambos gritaram e correram pela casa, berrando descontroladamente. Matt não pôde detê-los. Quando tudo acabou e as crianças mais velhas foram confortar as mais novas, Matt e Meredith terminaram de colocar amuletos nas janelas e entre as tábuas. Eles passaram a noite estocando alimentos, questionando as crianças sobre Shinichi e a Última Meia-Noite, e ajudando a Sra. Flowers no tratamento de lesões. Eles tentaram deixar um deles de guarda o tempo todo, mas já que eles estavam em movimento desde a uma da manhã, ele ficaram bem cansados.
  Ás quinze para as onze Meredith chegou em Matt, que estava limpando os arranhões de um garoto loiro de oito anos de idade.
  — Ok — Ela disse silenciosamente. — Eu vou pegar meu carro e conseguir novos amuletos que a Sra. Saitou disse que fez para mim agora. Você se importa se eu levar Sabber?
  Matt balançou sua cabeça.
  — Não, eu faço isso. Eu conheço melhor as Saitou, afinal.
  Meredith deu-lhe o que, para uma pessoa menos refinada, poderia ser chamado de bufão.
  — Eu as conheço o suficiente para dizer: “Com licença, Inari-Obaasan; com licença, Orime-san; somos os causadores de problemas que vivem pedindo por grandes quantidades de amuletos antidemônios, mas vocês não se importam, não é mesmo?”
  Matt sorriu levemente, deixando o garoto ir embora, e disse:
  — Bem, elas podem se importar menos se você as chamar pelo próprio nome. “Obaasan” significa “avó”, certo?
  — Sim, claro.
  — E “san” é só uma coisa que você coloca no final do nome para ser mais educado.
  Meredith concordou, adicionando:
  — E “uma coisa que você coloca no final do nome” é chamado de “sufixo honroso”.
  — Sim, sim, mas esses nomes pelo qual você as chamou são errados. Elas são a avó Orime e a mãe Orime, mãe de Isobel. Então fica Orime-Obaasan e Orime-san, também.
  Meredith suspirou.
  — Olha, Matt, Bonnie e eu as conhecemos primeiro. A avó se apresentou como Inari. Agora eu sei que ela é um pouco maluca, mas ela certamente saberia o próprio nome, né?
  — E ela se apresentou para mim e não disse que seu nome era Orime, mas que sua filha se chamava assim. Fale com ela sobre isso quando você for.
  — Matt, posso usar meu notebook? Está na pensão...
  Matt deu uma risada curta e aguda — quase um soluço. Ele olhou para se certificar de que a Sra. Flowers estava por perto e então silvou:
  — Está em algum lugar no centro da Terra, talvez. Não mais pensão.
  Por um momento parecia simplesmente chocada, mas então ela franziu a testa. Matt olhou para ela sombriamente. Não ajudou muito pensar que só havia eles dois de seu grupo para brigar. Lá estavam eles, e Matt praticamente podia ver as faíscas voando.
  — Certo — Meredith disse finalmente. — Eu só vou lá e perguntar à Orime-Obaasan, então dizê-las que foi sua culpa quando elas começarem a rir.
  Matt balançou a cabeça.
  — Ninguém vai rir, pois você não vai lá.
  — Olha, Matt — Meredith disse —, eu andei navegando na Internet e conheço o nome Inari. Veio de algum lugar. E sei que tem... Tem alguma conexão… — Sua voz foi sumindo.
  Quando Matt voltou seus olhos para o teto, ele começou a dizer algo. O rosto de Meredith estava pálido e ela estava respirando rapidamente.
  — Inari... — Ela sussurrou. — Eu conheço mesmo este nome, mas…
  De repente ele segurou o pulso de Matt com tanta força que doeu.
  — Matt, o seu computador ainda está funcionando?
  — Estava quando a eletricidade voltou. Mas agora até o gerador se foi.
  — Mas você tem um celular que se conecta com a internet, não é?
  A urgência em sua voz fez Matt, rapidamente, levá-la a sério.
  — Claro — Ele disse. — Mas está sem bateria, por no mínimo um dia. Sem eletricidade, não posso recarregá-lo. E minha mãe levou o dela. Ela não consegue viver sem ele. Stefan e Elena devem ter deixado os seus na pensão... — Ele sacudiu sua cabeça ao ver a expressão esperançosa de Meredith e sussurrou: — Ou devo dizer, onde a pensão costumava ser.
  — Mas temos que encontrar um celular ou um computador que funcione! Nós temos! Preciso que funcione por só um minuto! — Meredith disse freneticamente, passando por ele como se estivesse tentando bater um recorde mundial.
  Matt a estava encarando com espanto.
  — Mas por quê?
  — Porque nós temos que achar. Eu preciso, mesmo que seja só por um minuto!
  Matt só pôde olhá-la, perplexo. Finalmente ele disse:
  — Eu acho que podemos perguntar para as crianças.
  — As crianças! Uma delas deve ter um celular que preste! Vamos, Matt, nós temos que falar com elas neste instante. — Ela parou e disse, com voz rouca: — Rezo para que você esteja certo e eu, errada.
  — Hã?
  Matt não tinha ideia do que estava acontecendo.
  — Eu disse que espero estar errada! Reze você, também, Matt... Por favor!

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