Leitura Semanal - Diários do Vampiro, os caçadores: Fantasma #4



Sinopse: O passado nunca está longe... Elena Gilbert e seus amigos salvaram Fell's Church dos espíritos malignos, mas a libertação da cidade veio com um preço: a vida de Damon Salvatore. Agora, como nada estando no caminho, Elena e Stefan podem finalmente ficar juntos. Então, por que Elena não consegue parar de sonhar com Damon? Enquanto os sentimentos de Elena por Damon crescem, uma nova escuridão está se formando em Fell's Church. Elena foi até o inferno e voltou, mas esse demônio não é nada igual ao que ela já viu antes. Sua única meta é matar Elena e a todos que ela ama.

Antes de começarem a leitura, quero ressaltar algumas coisas:
  • Esse livro foi escrito pela autora, antes de ser demitida, mas algumas partes foram mudadas pela ghostwriter;
  • A ghostwriter mudou o sobrenome da Meredith, tirando "Sulez" e colocando "Suarez", mas ela volta a escrever "Sulez" no próximo volume;
  • Os olhos de Elena começam a ser descritos como "azuis safira" e não mais "azuis lápis-lazúli";
  • Quiseram fazer com que os livros ficassem próximos à série, então colocaram o Klaus como um "Original", e não mais um "Antigo", assim como Bonnie passa a ser uma bruxa;
  • O temperamento de Damon passa ser igual ao da série, e este Damon fala palavrão (sendo que em "Meia-Noite" a Elena disse que ele nunca falaria isso na frente dela).
E, como é de praxe, se for copiar o texto a seguir para algum outro site, por favor colocar os créditos! Ajude o trabalho do tradutor e dê ibope ao site. Boa leitura! :)


7

  Quem é Celia? — disse Bonnie indignadamente, assim que eles limparam o sangue.
  Ela abaixou a rosa até banco do passageiro com muito cuidado, entre ela e Matt, e eles estavam bem conscientes de que não era para tocar nela.
  Por mais bonita que fosse, agora possuía um ar mais sinistro do que belo, Stefan pensou sombriamente.
  — Celia Connor — Meredith disse rispidamente. — Dra. Celia Connor. Vocês a viram em uma visão, Bonnie. A antropóloga forense.
  — Aquela que estava trabalhando com Alaric? — Bonnie disse. — Mas por que o nome dela apareceria em braço em forma de sangue? Sangue.
  — Eu também gostaria de saber — Meredith disse, franzindo.
  — Pode ser algum tipo de aviso — Elena propôs. — Não sabemos muita coisa ainda. Nós vamos à estação, encontraremos Alaric e Celia, e então...
  — Então? — Solicitou Meredith, encontrando os calmos olhos azuis de Elena.
  — Então nós faremos o que tivermos que fazer — Elena disse. — Como sempre.
  Bonnie ainda estava reclamando quando eles chegaram à estação de trem.
  Paciência, Stefan lembrou a si mesmo. Geralmente ele gostava da companhia de Bonnie, mas, agora, seu corpo almejava o sangue humano que ele estava acostumado a beber, ele se sentia... estranho. Ele esfregou a mandíbula dolorida.
  — Ao menos eu espero que tenhamos alguns dias de normalidade — Bonnie lamentou pelo o que parecia ser a milionésima vez.
  — A vida não é justa, Bonnie — Matt disse melancolicamente.
  Stefan olhou para ele, surpreso Matt sempre era o primeiro a ver o lado bom das coisas e tentar animar as garotas —, mas o garoto loiro e alto estava examinando a cabine de ingressos fechada, seus ombros tombados, suas mãos enfiadas nos bolsos.
  Matt encontrou o olhar de Stefan.
  — Está tudo começando de novo, não está?
  Stefan sacudiu a cabeça e olhou ao redor da estação.
  — Eu não sei o que está acontecendo — ele disse. — Mas todos nós precisamos estar vigilantes até que a gente descubra.
  — Oh, isso é reconfortante — Meredith murmurou, seus olhos cinzas escaneando atentamente a plataforma.
  Stefan cruzou os braços sobre o peito e se aproximou de Elena e Bonnie. Todos os seus sentidos, normais e paranormais, estavam em alerta máximo. Ele ampliou seu Poder, tentando sentir alguma consciência sobrenatural próxima a eles, mas não sentiu nada novo ou alarmante, apenas o calmo zumbido dos seres humanos comuns que iam e vinham em seus negócios diários.
  Era impossível parar de se preocupar, no entanto. Stefan já havia visto muitas coisas em seus quinhentos anos de existência: vampiros, lobisomens, demônios, espíritos, anjos, bruxas, todos os tipos de seres que caçavam ou influenciavam os humanos em tais formas que algumas pessoas mal podiam imaginar. E, como um vampiro, ele sabia muita coisa sobre sangue. Mais do que ele se importava em admitir.
  Ele viu os olhos de Meredith se agitarem levemente em sua direção, cheios de suspeitas, quando Bonnie começou a sangrar. Ela estava certa em desconfiar dele: como eles poderiam confiar nele, quando sua natureza básica era matá-los?
  Sangue era a essência da vida, era o que fazia com que os vampiros vivessem durante séculos após suas vidas comuns terem terminado. Sangue era o ingrediente principal em vários feitiços, tanto benevolentes quanto malévolos. Mas Stefan nunca viu sangue se comportar igual àquela forma nos braços de Bonnie, hoje.
  Um pensamento o ocorreu.
  — Elena — ele disse, virando-se para ela.
  — H'mmm? — Ela respondeu distraidamente, protegendo os olhos e olhando para o final dos trilhos.
  — Você disse que a rosa estava deitada lá, à sua espera na varanda, quando você abriu a porta esta manhã?
  Elena tirou o cabelo de seus olhos.
  — Na verdade, não. Caleb Smallwood a encontrou lá e a entregou para mim quando eu abri a porta para deixá-lo entrar.
  — Caleb Smallwood? — Stefan estreitou os olhos.
  Elena havia mencionado mais cedo que sua tia havia contratado o Smallwood para trabalhar em volta da casa, mas ela deveria tê-lo contado antes sobre a relação de Caleb com a rosa.
  — O primo de Tyler Smallwood? O garoto que acabou de aparecer do nada para ficar em sua casa? Aquele que, provavelmente, é um lobisomem, como o resto da família?
  — Você não o conheceu. Ele era perfeitamente normal. Pelo o que parece, ele esteve aqui na cidade o verão todo sem nada de estranho acontecer. Nós só não nos lembramos dele — Seu tom era jovial, mas seu sorriu não atingiu seus olhos.
  Stefan estendeu automaticamente sua mente para falar com ela, para ter uma conversa em particular sobre o que ela realmente estava sentindo. Mas ele não podia. Ele estava acostumado a depender da conexão entre eles que ele continuava se esquecendo que ela se fora para sempre; ele podia sentir as emoções de Elena, podia sentir sua aura, mas eles não podiam mais se comunicar telepaticamente. Ele e Elena estavam separados novamente.
  Stefan arqueou os ombros miseravelmente contra a brisa.
  Bonnie franziu, o vento de verão batendo seus cachos contra seu rosto.
  — Tyler ao menos é um lobisomem? Porque, se Sue está viva, ele não a matou para se transformar em um lobisomem, certo?
  Elena ergueu suas mãos para o céu.
  — Eu não sei. Ele se foi, de qualquer forma, e eu não me arrependo. Mesmo antes de ser um lobisomem, ele era um grande idiota. Lembram o valentão que ele era na escola? E como ele sempre estava bebendo daquele frasquinho e dando em cima da gente? Tenho certeza que Caleb é um cara comum. Eu saberia se houvesse algo de errado com ele.
  Stefan olhou para ela.
  — Você tem instintos maravilhosos sobre as pessoas — ele disse com cuidado. — Mas tem certeza que você não está dependendo dos sentidos que você não tem mais, ao dizer algo a respeito de Caleb?
  Ele pensou em como as Guardiãs tinham arrancado dolorosamente as Asas de Elena e destruído seus Poderes, Poderes no quais ela e seus amigos mal compreendiam.
Elena olhou para trás e havia aberto sua boca para responder quando o trem parou na estação, prevenindo futuras discussões.
  Somente algumas pessoas estavam desembarcando na estação de Fell's Church, e Stefan logo viu a forma familiar de Alaric. Após deixar o vagão, Alaric esticou a mão para uma mulher afro-americana esguia que saía logo atrás dele.
  Dra. Celia era certamente adorável — Stefan diria isso dela. Ela era pequena, tanto quanto Bonnie, com pele escura e uma franja de lado. O sorriso que ela deu a Alaric enquanto ela segurava seu braço era encantador e malicioso. Ela tinha grandes olhos castanhos, um pescoço elegante. Roupas estilosas, mas práticas, e usava botas de couro leve, jeans justo e uma blusa de seda cor safira. Uma longa e translúcida echarpe estava envolta de seu pescoço, dando a ela uma conduta sofisticada.
  Quando Alaric, com cabelo desgrenhado e sorriso infantil, sussurrou com familiaridade em seu ouvido, Stefan sentiu Meredith ficar tensa. Ela gostaria de treinar suas artes marciais em uma certa antropóloga forense.
  Mas então Alaric viu Meredith, correu até ela e a pegou nos braços, tirando-a do chão enquanto a abraçava, e ela visivelmente relaxou. Após alguns instantes, ambos estavam rindo e conversando, e eles não pareciam ser capazes de parar de se tocarem, como se precisassem assumir a si mesmos que eles estavam realmente juntos afinal.
  Estava claro, Stefan pensou, que qualquer preocupação que Meredith tivesse tido sobre Alaric e a Dra. Connor tinha sido infundada, devido a atenção de Alaric para com ela. Stefan deu atenção à Cellia Connor novamente.
  Seu Poder detectou um ligeiro ressentimento latente que emanava da antropóloga. Era compreensível: ela era humana, era jovem, apesar de sua pose e suas conquistas profissionais, e ela havia passado grande parte de seu tempo trabalhando ao lado do atraente Alaric. Não seria surpresa caso ela se sentisse dona dele, e ali estava ele sendo afastado dela e ficando à orbita de uma adolescente.
  Mas o mais importante, seu Poder não encontrou nenhuma sombra sobrenatural próxima a ela e nenhuma resposta de Poder dentro dela. Qualquer que seja o significado do nome de Celia escrito no sangue, parecia que a Dra. Celia Connor não fora a responsável por isso.
  — Alguém tire fotos! — Bonni disse, rindo. — Não vimos Alaric durante meses. Nós temos que documentar seu retorno!
  Matt pegou seu celular e tirou algumas fotos de Alaric e Meredith, com os braços envoltos um no outro.
  — Todos nós! — Bonnie insistiu. — Você também, Dra. Connor. Vamos ficar em frente ao trem... será plano de fundo perfeito. Você tira essa, Matt, e então eu tiro algumas com você nelas.
  Eles ficaram em várias posições: lado a lado, distantes, apresentando-se à Celia Connor, colocando seus braços uns em cima dos outros casualmente em um estilo exuberante. Stefan encontrou-se na beirada, o braço de Elena em cima dele, e ele discretamente inalou o aroma doce e limpo do cabelo dela.
  — Todos a bordo! — O condutor chamou, e as portas do trem se fecharam.
  Matt, Stefan percebeu, havia parado de tirar fotos e estava olhando para eles, seus olhos azuis bem abertos no que parecia ser um olhar de medo.
  — Parem o trem! — Ele gritou. — Parem o trem!
  — Matt? O que houve? — Elena disse.
  Então Meredith olhou atrás deles, em direção ao trem, com uma expressão de entendimento.
  — Celia — ela disse com urgência, esticando-se até a outra mulher.
Stefan olhava, confuso, enquanto Celia se afastava deles abruptamente, quase como se uma mão invisível a houvesse agarrado. Enquanto o trem começava se movimentar, Celia caminhou, então correu ao seu lado com movimentos rígidos e frenéticos, suas mãos indo rapidamente até sua garganta.
  De repente a perspectiva de Stefan mudou e ele entendeu o que estava acontecendo. A echarpe translúcida de Celia havia se prendido firmemente, de algum modo, na porta do trem, e agora o trem a puxava pela garganta. Ela corria para evitar ser estrangulada, a echarpe parecendo uma coleira ao puxá-la. E o trem começou a pegar velocidade. Suas mãos puxaram a echarpe, mas ambas as pontas haviam ficado presas na porta, e a cada puxada parecia que a echarpe ficava mais apertada em volta de seu pescoço.
  Celia se aproximava do final da plataforma e o trem estava correndo muito. Era uma queda plana da plataforma até o chão. Em alguns instantes ela cairia, seu pescoço se quebraria e o trem a levaria a quilômetros de distância.
  Stefan compreendeu isso tudo no espaço de um só fôlego e entrou em ação. Ele sentiu seus caninos crescerem enquanto um surto de Poder o percorreu. E ele partiu, mais rápido que qualquer humano, mais rápido que o trem, indo em direção a ela.
  Com um movimento rápido, ele a colocou nos braços, aliviando a pressão em sua garganta, e rasgou a echarpe no meio.
  Ele parou e colocou Celia no chão enquanto o trem aumentava sua velocidade e deixava a estação. Os restos da echarpe escorregaram de seu pescoço flutuaram até que caíram na plataforma, aos seus pés. Ela e Stefan se encararam, respirando com dificuldade. Atrás deles, ele pôde ouvir os outros gritando, seus pés batendo na plataforma enquanto eles corriam até eles.
  Os olhos castanhos escuros estavam arregalados e cobertos de lágrimas de medo. Ela lambeu seus lábios nervosamente e tomou alguns fôlegos arfantes e curtos, pressionando suas mãos contra seu peito. Ele pôde ouvir o coração dela bater, seu sangue correr pelo seu sistema, e ele se concentrou em colocar seus caninos no lugar e assumir sua face humana. Ela cambaleou de repente, e Stefan colocou seu braço em volta dela.
  — Está tudo bem — ele disse. — Você vai ficar bem.
  Celia deu uma risada curta e levemente histérica e limpou seus olhos. Então ela ficou ereta, endireitando seus ombros, e inalou profundamente. Stefan pôde vê-la se acalmar deliberadamente, embora as batidas de seu coração ainda estivessem correndo, e ele admirou seu autocontrole.
  — Então — ela disse, estendendo sua mão —, você deve ser o vampiro que Alaric me falou a respeito.
  Os outros estavam chegando agora, e Stefan olhou para Alaric, agitado.
  — Isso é algo que eu preferiria manter em particular — Stefan disse para ela, sentindo uma leve irritação por Alaric ter divulgado seu segredo.
  Mas essas palavras quase foram sugadas pelo arfar de Meredith. Seus olhos cinzas, geralmente tão serenos, estavam negros de medo.
  — Olhem — ela disse, apontando. — Olha o que aquilo diz.
  Stefan deu atenção ao tecido ao seus pés.
  Bonnie deu um pequeno soluço e as sobrancelhas de Matt se franziram. A bela face de Elena ficou coberta de horror, e tanto Alaric quanto Celia pareciam inteiramente confusos.
  Por um momento, Stefan não viu nada. Então, como uma foto entrando em foco, sua visão se ajustou e ele viu o que todos estavam olhando. A echarpe rasgada havia caído em um monte elaborado e torcido, suas dobras supostamente aleatórias claramente formavam letras que soletravam:
 meredith

8

 — Aquilo foi muito bizarro — disse Bonnie.
  Eles todos haviam se exprimido no carro de Matt, Elena sobre o colo de Stefan e Meredith sobre o de Alaric (no qual, Bonnie percebeu, a Dra. Celia não ficou nem um pouco feliz). Então eles foram todos para a pensão, em busca de conselho.
  Uma vez lá, eles se espalharam pela sala de estar e contaram a história para a Sra. Flowers, falando um acima do outro, agitados.
  — Primeiro o nome de Celia... em meu sangue... aparecendo do nada — Bonnie continuou — e então esse estranho acidente que poderia tê-la matado, e assim o nome de Meredith aparece, também. Foi muito, muito bizarro.
  — Eu colocaria um pouco mais de ânimo nisso — Meredith disse.
  Então ela ergueu uma sobrancelha elegante.
  — Bonnie, não há dúvida de que esta não é a primeira vez que reclamo de você estar sendo dramática demais.
  — Ei! — Bonnie se opôs.
  — Pronto, começou — Elena brincou. — Vejam o lado positivo. A insanidade da vez fez com que Bonnie ficasse mais discreta.
  Matt sacudiu a cabeça.
  — Sra. Flowers, você sabe o que está acontecendo?
  A Sra. Flowers, sentada em uma acolhedora cadeira de canto na sala de estar, sorriu e o tocou nos ombros. Ela estava tricotando quando eles chegaram, mas havia abaixado rolo de lã e fixado seus calmos olhos azuis neles com completa atenção enquanto eles contavam sua história.
  — Querido Matt — ela disse. — Sempre direto ao ponto.
  A coitada da Celia havia sentado próxima a Alaric e Meredith, parecendo aturdida desde que chegaram. Uma coisa era estudar o sobrenatural, mas a realidade onde há vampiros, nomes aparecendo misteriosamente e uma ameaça de morte deviam ter atingindo seu sistema. Alaric havia colocado seu braço sobre ela, tranquilizando-a. Bonnie pensou que talvez o braço devesse estar nos ombros de Meredith. Afinal, o nome de Meredith havia acabado de aparecer nas ondulações da echarpe. Mas Meredith estava só sentada lá, vendo Alaric e Celia, seu rosto composto, seus olhos ilegíveis.
  Agora Celia inclinou-se para frente e falou pela primeira vez.
  — Com licença — ela disse com educação, sua voz tremendo um pouco —, mas eu não entendo porquê trouxemos esse... esse problema para...
  Sua voz sumiu enquanto ela olhava para a Sra. Flowers.
  Bonnie sabia o que ela queria dizer. A Sra. Flowers parecia ser a definição de uma senhora idosa e doce: cabelo grisalho esvoaçante puxado para trás em um coque, uma expressão vaga de educação, vestimentas que iam de tons pastéis a pretos surrados e o hábito de murmurar silenciosamente, aparentemente para si mesma. Um ano atrás, Bonnie mesmo teria pensado que a Sra. Flowers era só uma velha maluca que comandava a pensão onde Stefan vivia.
  Mas as aparências enganam. A Sra. Flowers havia ganhado o respeito e a admiração de todos pelo modo com ela protegeu a cidade com mágica, Poder e bom senso. Havia muito mais nessa velha senhora do que os olhos mostravam.
  Minha querida — disse a Sra. Flowers firmemente —, você teve uma experiência bem traumática. Beba seu chá. É uma mistura especial e calmante que tem sido passada de geração em geração em minha família. Nós faremos tudo que pudermos por você.
  Isso, Bonnie observou, foi um modo bem gentil e honroso em colocar a Dra. Celia em seu devido lugar. Ela tinha que beber seu chá e se recuperar, e eles descobririam como resolver o problema. Os olhos de Celia piscaram, mas ela bebeu seu chá obedientemente.
  — Agora — A Sra. Flowers disse, olhando para os outros —, me parece que a primeira coisa a se fazer é descobrir qual a intenção por trás do aparecimento dos nomes. Quando fizermos isso, talvez tenhamos ideia de quem está por trás de seus aparecimentos.
  — Talvez seja para nos alertar? — Bonnie disse hesitantemente. — Quero dizer, o nome da Celia apareceu, e então ela quase morreu, e agora Meredith...
  A voz dela parou e ela olhou para Meredith cheia de desculpa.
  — Estou aflita em saber que você pode estar em perigo.
  Meredith endireitou os ombros.
  — Certamente não seria a primeira vez — ela disse.
  A Sra. Flowers concordou rapidamente.
  — Sim, possivelmente essa aparição dos nomes tenha uma intenção benevolente. Vamos explorar essa teoria. Alguém pode estar tentando avisá-los. Se for isso, quem poderia ser? E por que tem que ser feito dessa forma?
  A voz de Bonnie estava mais macia e mais hesitante agora. Mas se ninguém mais iria dizer, ela o faria.
  — Poderia ser Damon?
  — Damon está morto — Stefan disse sem redeios.
  — Mas quando Elena estava morta, ela nos avisou sobre Klaus — Bonnie argumentou.
  Stefan massageou suas têmporas. Ele parecia cansado.
  — Bonnie, quando Elena morreu, Klaus prendeu seu espírito entre as dimensões. Elas não havia partido completamente. E mesmo assim, ela só podia te visitar nos seus sonhos... no de mais ninguém, só você, porque você pode sentir as coisas que outras pessoas não conseguem. Ela não podia fazer nada acontecer no mundo terreno.
  A voz de Elena tremeu.
  — Bonnie, as Guardiãs nos disseram que vampiros não vivem após a morte. Em qualquer sentido da palavra. Damon se foi.
  Stefan esticou-se e pegou sua mão, seus olhos estavam inquietos.
  Bonnie sentiu uma leve pontada de simpatia por eles. Ela estava arrependida de ter trazido Damon à tona, mas ela não era capaz de controlar-se. Só de pensar que ele poderia estar olhando por eles lá de cima, irritado e zombeteiro, mas ultimamente gentil, havia tirado o peso de coração. Agora, aquele peso voltara com tudo.
  — Bem — ela disse estupidamente —, então eu não tenho ideia de quem poderia estar tentando nos alertar. Alguém sabe?
  Eles todos sacudiram a cabeça, perplexos.
  — Quem é que nos conhece agora que tenha esse tipo de poder? — Matt perguntou.
  — As Guardiãs? — Bonnie disse cheia de dúvida.
  Mas Elena sacudiu a cabeça em um movimento rápido de decisão, seu cabelo loiro balançando.
  — Não são elas — ela disse. — A última coisa que elas fariam é nos mandar uma mensagem por sangue. Visões seriam mais o estilo delas. E tenho quase certeza de que as Guardiãs lavaram suas mãos sobre nós quando elas nos mandaram de volta para cá.
  A Sra. Flowers interligou seus dedos em seu colo.
  — Então, talvez seja uma pessoa ou um ser que ainda não conhecemos e que olha por vocês, avisando-os do perigo pela frente.
  Matt esteve sentado como uma vareta em uma das cadeiras mais chiques da Sra. Flowers, e ela rangeu de forma alarmante quando ele se inclinou para frente.
  — H'm — ele disse. — Eu acho que a pergunta é: o que está causando o perigo?
  A Sra. Flowers soltou suas pequenas mãos enrugadas.
  — Você está perfeitamente correto. Vamos considerar as opções. Por um lado, poderia ser um aviso de algo que naturalmente iria acontecer. Celia... você não se importa se eu chamá-la de Celia, não é, querida?
  Celia, ainda parecendo em estado de choque, sacudiu sua cabeça.
  — Que bom. A echarpe de Celia ter ficado presa no trem poderia ser um acidente natural. Perdoem-me por dizer isso, mas essas echarpes longas e dramáticas podem ser bem perigosas. A bailarina Isadora Duncan foi morta desse jeito quando sua echarpe se prendeu na roda de um carro há muitos anos atrás. Talvez, quem quer que tenha mandado a mensagem estava só tentando avisar Celia a ser mais cuidadosa, ou para que o resto de vocês cuidem dela. Talvez Meredith só tenha que ficar atenta nos próximos dias.
  — Você não tem certeza, no entanto, não é? — Perguntou Meredith bruscamente.
  A Sra. Flowers suspirou.
  — Isso tudo parece ser malévolo para mim. Eu acho que se alguém quisesse avisá-los sobre a possibilidade de um acidente, ele encontraria um jeito melhor do que nomes escritos em sangue. Ambos esses nomes apareceram como resultados de grandes incidentes violentos, correto? Bonnie cortando-se e Stefan rasgando a echarpe do pescoço de Celia?
  Meredith concordou.
  Parecendo confusa, a Sra. Flowers continuou:
  — E, é claro, a outra possibilidade é que a aparição dos nomes seja por si só maliciosa. Talvez a aparição deles seja um ingrediente essencial em algum método de segmentação para o feitiço que esteja causando o perigo.
  Stefan franziu.
  — Você está falando de magia negra, não está?
  A Sra. Flowers encontrou seus olhos diretamente.
  — Temo que sim. Stefan, você é o mais velho e o mais experiente de todos nós. Eu nunca ouvi algo parecido com isso, você já?
  Bonnie sentiu-se um pouco surpresa. É claro, ela sabia que Stefan era bem mais velho que até mesmo a Sra. Flowers — afinal, ele viveu antes da eletricidade, ou água corrente, ou carros, ou qualquer outra coisa que eles tinham no mundo moderno, enquanto a Sra. Flowers provavelmente estava apenas nos seus setenta anos.
  Mas ainda assim era fácil de se esquecer o quanto Stefan já viveu. Ele parecia um garoto qualquer de dezoito anos, exceto que ele excepcionalmente lindo. Um pensamento pérfido passou por sua mente, um que ela já havia tido: como é que Elena sempre conseguia o caras mais bonitos?
  Stefan estava sacudindo sua cabeça.
  — Nada igual a isto, não. Mas eu acho que você está certa sobre poder ser magia negra. Talvez, se você falesse com sua mãe a respeito...
  Celia, quem estava começando a se interessar pelo que estava acontecendo, olhou para Alaric interrogativamente. Então ela deu uma olhadela para a porta, como se esperasse que uma mulher de cem anos entrasse. Bonnie sorriu para si mesma, apesar da seriedade da situação.
  Eles haviam presenciado tantas conversas entre a Sra. Flowers e o espírito de sua mãe que nenhum deles piscava quando a Sra. Flowers contemplava o nada e começava a murmurar rapidamente, sobrancelhas se erguendo, olhos escaneando um espaço não ocupado, como se alguém estivesse falando com ela. Mas para Celia isso pareceu ser bem estranho.
  — Sim — disse a Sra. Flowers, retornando sua atenção para eles. — Mama disse que de fato há algo sombrio aqui em Fell's Church. Mas — Suas mãos tremeram, suas palmas vazias — ela não sabe dizer qual é sua forma. Ela só nos avisou parar termos cuidado. O que quer que seja, ela pode sentir que é mortal.
  Stefan e Meredith franziram os cenhos, assimilando isso. Alaric estava murmurando para Celia, provavelmente explicando o que estava havendo. Matt curvou sua cabeça.
  Elena prosseguiu, já trabalhando sobre um novo ângulo.
  — Bonnie, e quanto a você? — Ela perguntou.
  — Hã? — Bonnie questionou.
  Então ela percebeu o que Elena quis dizer.
  — Não. Nã-ãh. Eu não vou fazer nada que a mãe da Sra. Flowers não faça.
  Elena só ficou olhando para ela, e Bonnie suspirou. Aquilo era importante, afinal. O nome de Meredith era o próximo, e se havia algo que era verdade, é que ela, Meredith e Elena sempre cuidavam uma da outra. Sempre.
  — Tudo bem — ela disse relutantemente. — Eu verei se posso descobrir mais alguma coisa. Você poderia acender uma vela?
  — O que é isso agora? — Celia perguntou, confusa.
  — Bonnie tem Poderes psíquicos — Elena simplesmente respondeu.
  — Fascinante — Celia disse alegremente, mas seus olhos se moveram, calmos e incrédulos, em direção à Bonnie.
  Bem, tanto faz. Bonnie não se importava com o que ela pensava. Ela podia presumir que Bonnie estava fingindo ou que fosse louca se quisesse, mas ela veria o que estava prestes a acontecer. Elena trouxe uma vela do consolo da lareira, acendeu-a, e a colocou na mesa de centro.
  Bonnie engoliu a saliva, lambeu seus lábios, que estavam subitamente secos, e tentou se focar na chama da vela. Embora ela tivesse um pouco de prática, ela não gostava de fazer isso, não gostava da sensação de perder o controle, como se ela estivesse deslizando debaixo d'água.
A chama tremeu e ficou maior. Ela parecia dilatar e preencher a visão de Bonnie. Tudo que ela podia ver era a chama.
  Eu sei quem você é, uma voz áspera e fria de repente rosnou em seu ouvido, e Bonnie se contraiu. Ela odiava as vozes, algumas vezes tão amenas como se estivessem vindo de uma televisão distante, outras como se estivessem bem ao seu lado, como essa aqui. Ela de alguma forma sempre conseguia se esquecer delas até que fosse necessário que ela entrasse em transe outra vez. Uma voz de criança à distância começou a murmurar, e Bonnie se focou em fazer com que sua respiração ficasse lenta e firme.
  Ela podia sentir seus olhos girarem fora de foco. Um gosto azedo, molhado e desagradável preencheu sua boca.
  Inveja, desonestidade e amargura, tudo dentro dela. Não é justo, não é justo, algo murmurava emburrado em seu crânio. E então a escuridão tomou conta.

  Elena assistia apreensivamente enquanto as pupilas de Bonnie se abriam, refletindo a chama da vela. Bonnie era capaz de entrar em transe com muita mais rapidez agora do que quando ela começou a tê-las, o que preocupava Elena.
  — A escuridão renasce — Uma voz oca e monótona que não se parecia em nada com a de Bonnie saiu da boca da amiga. — Ainda não está aqui, mas quer estar. É frio. Tem estado assim por um longo tempo. Quer ficar perto de nós, sair da escuridão e ficar tão quente quanto nossos corações. E tem ódio.
  — É um vampiro? — Meredith perguntou com rapidez.
  A não-voz de Bonnie deu uma risada áspera e chocada.
  — É mais forte do que qualquer vampiro. E pode encontrar um lar em qualquer um de vocês. Cuidem-se. Tomem cuidado.
  — O que é? — Perguntou Matt.
  Quem quer que estivesse falando através de Bonnie hesitou.
  — Ela não sabe — disse Stefan. — Ou ela não pode nos contar. Bonnie — ele disse atentamente —, alguém trouxe essa coisa até nós? Quem está causando isso?
  Sem hesitar dessa vez:
  — Elena — ela disse. — Foi Elena quem trouxe.

0 Comentários: