Leitura Semanal - Diários do Vampiro, o retorno: Meia-Noite #18

                                

Sinopse: Elena retorna da Dimensão das Trevas, tendo liberto seu namorado vampiro Stefan Salvatore do aprisionamento... Mas não sem uma consequência. Sua salvação custará bastante. Ainda se recuperando do último choque, eles são forçados a encarar os demônios que dominaram Fell's Church. Elena deve tomar uma decisão que custará seu amor: Damon ou Stefan?

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Capítulo 33

  Elena estava esperando que a névoa se dispersasse. Ela sempre voltava, aos pouquinhos, e agora ela se perguntava se isso iria embora, ou se isso era, na verdade, outro desafio. Então, quando, de repente, ela pôde ver a camisa de Stefan na frente dela, ela sentiu seu coração bater de felicidade. Ela não tinha estragado nada ultimamente.
  — Eu consigo ver! — Stefan disse, puxando-a para o seu lado.
  E então:
  — Voilà... — Mas não passou de um sussurro.
  — O que é, o que é? — Bonnie gritou, dando um salto para frente. E então ela parou também.
  Damon não acelerou o passo. Só caminhou. Mas Elena estava olhando para Bonnie neste momento, ela ela viu sua expressão quando ele viu.
  Na frente deles havia uma espécie de castelo pequeno, com grandes torres que penetravam as nuvens baixas que pairavam acima dele. Havia algum tipo de escrita sobre as enormes portas pretas, que pareciam as de uma catedral, mas Elena nunca vira algo parecido com aqueles rabiscos, devendo ser de alguma língua estrangeira.
  Em ambos os lados do prédio havia paredes pretas que eram quase tão altas quanto às torres. Elena olhou da esquerda para a direita e percebeu que elas desapareciam quase que inteiramente. E sem magia, seria impossível sobrevoá-las. O quê o garoto e a garota da história haviam descoberto depois de dias, segurando-se na parede, eles simplesmente haviam andado diretamente para isto.
  — Esta é a Casa de Portais dos Sete Tesouros, não é, Bonnie? Não é? Olhe! — Elena gritou.
  Bonnie já estava olhando, com ambas as mãos pressionadas contra seu coração, e pela primeira vez sem ter o que dizer. Enquanto Elena assistia, a garota menor caiu de joelhos na neve clara e fina. Mas Stefan respondeu. Ele segurou Bonnie e Elena ao mesmo tempo e rodopiou as duas no ar.
  — É, sim.
  Ele disse, justo quando Elena estava dizendo “É, sim” e Bonnie, a expert, arfou:
  — Oh, é ele mesmo, é ele mesmo! — Ela disse, com lágrimas congelando em suas bochechas.
  Stefan colocou seus lábios na orelha de Elena.
  — E você sabe o que isso significa, não sabe? Se essa for a Casa de Portais dos Sete Tesouros, você sabe onde estamos parados neste instante?
  Elena tentou ignorar a quente sensação de formigamento, que ia da sola de seus pés até a percepção da respiração de Stefan em sua orelha. Ela tentou focar em sua pergunta.
  — Olhe para cima — Stefan sugeriu.
  Elena olhou... E arfou.
  Acima deles, ao invés das camadas de névoa ou da incessante luz do Sol envaidecido que se pendia para sempre no horizonte, havia três luas. Uma era enorme, cobrindo, talvez, um sexto do céu, brilhando em redemoinhos de branco e azul, sendo nebulosa nas bordas. Na frente dela havia uma lua linda e prateada que devia ser no mínimo três quartos tão grande quanto a primeira.
  Por fim, havia uma pequena lua em órbita, branca como um diamante, que parecia manter deliberadamente uma distância das outras duas. Todas elas estavam meio cheias e davam um brilho gentil na neve ao redor de Elena.
  — Estamos no Mundo Inferior — Elena disse, trêmula.
  — Oh... É igual a história — Bonnie arfou. — Exatamente igual. Até mesmo a descrição. Até mesmo a quantidade de neve!
  — Exatamente igual a história? — Stefan perguntou. — Até mesmo a fase das luas? Em que fase elas estão?
  — Exatamente igual.
  Stefan concordou.
  — Eu pensei que seria mesmo. A história era uma profecia, dada a você com o propósito de nos ajudar a encontrar a maior Esfera Estelar já feita.
  — Bem, vamos entrar! — Gritou Bonnie. — Estamos perdendo tempo!
  — Ok... Mas todos em guarda. Não queremos que nada dê errado — Stefan disse.
  Eles foram para a Casa de Portais dos Sete Tesouros nesta ordem: Bonnie, que havia encontrado as grandes portas pretas que se abriram com um só toque, mas aí ela não pôde ver nada, pois ela estava vindo de um lugar iluminado; Stefan e Elena, de mãos dadas; e Damon, que esperou do lado de fora por um longo tempo, Elena pensou que ele devia estar julgando aqui como um “tipo diferente de festa”.
  Enquanto isso, os outros estavam tendo o maior choque de prazer da vida, só comparando com quando eles pegaram as Chaves Mestras dos kitsune.
  — Sage... Sage! — Bonnie esganiçou assim que seus olhos se ajustaram. — Oh, olhe, Elena, é o Sage! Sage, como você está? O que você está fazendo aqui? Oh, é tão bom te ver!
  Elena piscou duas vezes, e a escuridão do interior da sala octogonal entrou em foco. Ela olhou para o móvel único na sala: uma mesa grade, que ficava no centro.
  — Sage, você sabe quanto tempo faz que não nos vemos? Você sabia que Bonnie quase foi vendida em um leilão público? Você soube do sonho dela?
  Sage estava igual, do jeito que Elena sempre o viu: o corpo bronzeado e em forma, parecido com o de um Titã, o peito nu e os pés descalços, o jeans Levi’s preto, os cabelos longos, emaranhados e em espirais cor de bronze, e estranhos olhos de bronzes que poderiam cortar aço, ou ser tão gentil como um cordeirinho de estimação.
  Mes deux petits chatons — Sage estava dizendo. — Minhas duas gatinhas, vocês me assustaram. Eu estive vendo suas aventuras. O Guardião dos Portais não é provido de muito entretenimento e não é permitido sair desta fortaleza, mas vocês foram as mais corajosas e as mais engraçadas. Je vous félicite.
  Ele beijou primeiro a mão de Elena e depois a de Bonnie, então abraçou Stefan, dando-lhe aquele beijo latino em suas duas bochechas. Então assumiu seu assento.
  Bonnie estava subindo em cima de Sage como se ela fosse mesmo uma gatinha de verdade, ajoelhando-se sobre a coxa dele.
  — Você pegou a Esfera Estelar cheia de Poder de Misao? — Ela exigiu. — Você usou metade dela, eu quero dizer? Para voltar para cá?
  — Mais oui, eu usei. Mas eu também deixei um pouco para a Madame Flowers...
  — Você não soube que Damon usou a outra metade para abrir o Portal novamente? E que eu caí também, mesmo ele não me querendo aqui? E por causa disso eu quase fui vendida como uma escrava? E que Stefan e Elena tiveram que vir atrás de mim, para se certificarem que eu estava bem? E que a caminho daqui Elena quase caiu da ponte, e que nós não temos certeza se os thurgs vão sobreviver? Você sabia que a Última Meia-Noite está chegando em Fell’s Church, e não sabemos...
  Stefan e Elena trocaram olhares por um tempo, olhares cheios de significados e então Stefan disse:
  — Bonnie, temos que fazer a pergunta mais importante ao Sage — Ele olhou para Sage. — É possível salvarmos Fell’s Church? Temos tempo o suficiente?
  — Eh bien. Pelo o que eu sei sobre o vórtex cronológico, vocês têm tempo o bastante e mais um pouco para gastar. O suficiente para uma taça de Black Magic para acalmar vocês. Mas antes disso, nada de vadiagem!
  Elena sentiu como se fosse um pedaço de papel amassado e que tinha sido esticado e suavizado. Ela respirou profundamente. Eles podiam fazer isso. Isso permitiu que ela se lembrasse do seu comportamento civilizado.
  — Sage, como você acabou ficando preso aqui? Ou você esteve nos esperando?
  — Hélas, não... Estou aqui como uma forma de punimento. Tive uma Convocação Imperial que não podia ser ignorada, mes amis — Ele suspirou e adicionou: — Eu sou novamente o Cara dos Favores. Então, agora, eu sou o embaixador do Mundo Inferior, como vocês podem ver — Ele ergueu as mãos para o redor da sala. — Bienvenue.
  Elena não notou que o tempo estava passando, que preciosos minutos estavam sendo perdidos. Mas talvez o próprio Sage fizesse alguma coisa por Fell’s Church.
  — Você tem que ficar mesmo aqui?
  — Mas é claro, até que mon père... Meu pai — Sage disse a palavra selvagem e ressentidamente — ceda e eu possa retornar para a Corte Infernal, ou, bem melhor, possa seguir meu caminho e nunca mais voltar. Ou, por fim, até que alguém tenha pena de mim e me mate.
  Ele olhou curiosamente para o grupo, então suspirou e disse:
  — Sabber e Talon, eles estão bem?
  — Estavam, até a hora de irmos embora — Elena disse, ansiosa por continuar a falar sobre seus próprios problemas.
Bien — Sage disse, olhando para ela gentilmente —, mas devíamos ter o grupo inteiro para um tour, não?
  Elena olhou para as portas e então de novo para Stefan, mas Sage já estava dizendo — tanto com sua voz quanto com sua telepatia:
  — Damon, mon poussinet, você não quer se juntar aos seus camaradas?
  Houve uma longa pausa, e então as portas se abriram e um Damon muito mal humorado adentrou. Ele não respondeu ao “Bienvenue” amigável de Sage, ao invés disso, disse:
  — Eu não vim aqui para socializar. Quero ver os tesouros a tempo de salvar Fell’s Church. Eu não me esqueci daquela maldita cidade, apesar dos outros terem se esquecido.
  — Alors maintenant — Sage disse, parecendo ofendido — Vocês todos passaram nos testes a caminho daqui e podem dar uma olhadinha nos tesouros. Vocês podem até usar magia novamente, embora eu não tenha certeza se isso vá ajudar. Isso tudo depende de qual tesouro vocês estão procurando. Félicitations!
  Todos, menos Damon, fizeram um gesto que mostrou estarem envergonhados.
  — Agora — Sage continuou —, eu devo mostrar cada Portal para vocês antes que vocês possam escolher um. Tentarei ser rápido, mas tenham cuidado, s’il vous plaît. Uma vez que vocês escolherem um tesouro, esta será a única porta que será aberta novamente para vocês.
  Elena encontrou-se segurando a mão de Stefan — que já estava à procura da sua — enquanto cada uma das portas brilhava uma luz fraca e prateada.
  — Atrás de vocês — disse Sage —, está o grande portão que fez com que vocês entrassem nesta sala, não? Mas ao lado dela, ah...
  Uma porta brilhou para mostrar uma caverna impossível de ser acessada. Impossível por causa das pedras preciosas caídas ao chão ou saindo das paredes da caverna. Rubis, diamantes, esmeraldas, ametistas... Cada uma tão grande quanto o pulso de Elena, deitadas sobre grandes pilares.
  — É lindo, mas… Não, é claro! — Ela disse firmemente, e esticou seu braço para colocar uma mão no ombro de Bonnie.
  A próxima porta apareceu, brilhando, então brilhou ainda mais ainda, parecendo que ia desaparecer.
  — E aqui — Sage suspirou —, é o famoso paraíso kitsune.
  Elena pôde sentir seus olhos aumentarem. Era um dia ensolarado no mais lindo parque que ela já havia visto. No fundo, havia uma cachoeirinha que caía sobre um riacho, que corria por uma colina verde, enquanto bem na frente dela havia um banco de pedra, apenas do tamanho para que duas pessoas pudessem se sentar, debaixo de uma árvore que parecia uma cerejeira em plena floração.
  Flores voavam conforme uma brisa que agitava a cerejeira e um pessegueiro que estava ali por perto — causando uma chuva de pétalas. Embora Elena só tivesse visto o lugar por um momento, ele já parecia ser familiar para ela. Ela só precisava andar em direção a ele...
  — Não, Stefan!
  Ela teve que tocar seu braço. Ele estava andando direto para o jardim.
  — O quê? — Ele disse, balançando sua cabeça como alguém que acaba de acordar de um sonho. — Eu não sei o que aconteceu. Pareceu que eu estava indo para velha, velha casa... — Sua voz se cortou. — Sage, continue, por favor.
  A próxima porta já estava brilhando, mostrando várias prateleiras com vinho Clarion Loess Black Magic. À distância, Elena pôde ver uma vinha com luxuosos cachos de uva que pareciam ser bem pesados, frutos que nunca veriam a luz do Sol até que se fosse feito o famoso líquido.
  Todos já estavam bebendo Black Magic de suas taças, então foi fácil dizer “não” até mesmo para as luxuosas uvas.
  Assim que a próxima porta brilhou, Elena ouviu-se arfar.
  Era o meio do dia, muito brilhante. Crescendo numa cerca até onde ela pôde ver havia grandes arbustos com imensas rosas — nas quais, as pétalas tinham a aparência negra, quase aveludada.
  Assustada, ela viu que todos olhavam para Damon, quem havia dado um passo para frente como se fosse involuntariamente. Stefan esticou seu braço, impedindo sua passagem.
  — Eu não pude olhar bem — Damon disse —, mas acho que essas são iguais a que eu... Destruí.
  Elena virou-se para Sage.
  — Elas são iguais, não são?
  — Pois não — Sage disse, parecendo infeliz. — Essas são todas rosas da Meia-Noite, noir pur... Iguais a que estava no buquê do kitsune branco. Mas estas não possuem feitiços. Os kitsune são os únicos que podem colocar feitiços nelas... Tipo a remoção da maldição do vampiro.
  Houve um suspiro de desapontamento em todos os ouvintes, mas Damon apenas pareceu estar mais sombrio. Elena estava prestes a falar, a dizer que Stefan não devia ser submetido a isto, quando as palavras de Sage entraram em sintonia com o brilho do próximo portão, e sentiu uma imensa onda de inveja.
  — Acho que vocês a chamariam de “La Fontaine da Eterna Juventude e Vida” — Sage disse.
  Elena pôde ver uma fonte ornamentada jorrando, a spray de água efervescente no topo formava um arco-íris. Pequenas borboletas de todas as cores voavam ao redor dela, pousadas nas folhas do pavilhão que embalavam a vegetação.
  Meredith, com sua cabeça no lugar e lógica presente, não estava ali, então Elena afundou suas unhas nas palmas de suas mãos e gritou: “Não! A próxima!” o mais rápida e forçadamente possível.
  Sage estava falando novamente. Ela fez-se ouvir.
  — A Flor Radhika Real, no qual a lenda diz que fora roubada da Corte Celestial há muitos milênios atrás. Ela muda de forma.
  Uma coisa era dizer… Outra, totalmente diferente, era ver...
  Elena viu aquilo espantada, enquanto uma dúzia ou mais de flores com hastes espessas e entrelaçadas, coroadas com um lindo lírio branco, tremulava um pouco. No momento seguinte ela estava olhando para um aglomerado de violetas com folhas de veludo e uma gota de orvalho brilhando sobre uma pétala. Um momento depois, os caules foram cobertos com radiantes boca-de-leões da cor vermelha — com a gota de orvalho ainda no lugar. Antes que ela pudesse se lembrar em não estender as mãos para tocá-los, as boca-de-leões tornaram-se rosas vermelhas profundas e totalmente abertas. Quando as rosas se transformaram em uma flor exótica de ouro que Elena nunca tinha visto, ela teve de virar as costas.
  Ela encontrou-se pulando em direção a um peito masculino forte e nu enquanto forçava-se a voltar à realidade. A Meia-Noite estava chegando... E não era como um mar de rosas.
  Fell’s Church precisava de toda a ajuda que pudesse conseguir e lá estava ela olhando as flores.
  Abruptamente, Sage tirou os pés dela do chão e disse:
  — Uma tentação, especialmente para uma la beauté adorável igual você, belle madame. Mas que regra boba, essa, que não a deixa nem pegar uma mudinha! Mas há algo muito maior e mais puro que a beleza, Elena. Você, o seu nome. Na Antiga Grécia, Elena significava “luz”! A escuridão está se aproximando rapidamente… A Última Meia-Noite Já Vista! Beleza não irá afastá-la; isto é uma bagatela, uma bugiganga, inútil em tempos de desastre. Mas luz, Elena, a luz conquistará a escuridão! Eu acredito nisto tanto quanto eu acredito na sua coragem, na sua honestidade e no seu coração amoroso e gentil.
  Com isso, ele a beijou na testa e a colocou de volta ao chão.
  Elena estava confusa. De todas as coisas que ela sabia, ela sabia melhor do que todos que não poderia derrotar a escuridão que estava se aproximando — pelo menos, não sozinha.
  — Mas você não está sozinha — Stefan sussurrou, e ela percebeu que ele estava bem ao lado dela, e que ela estava com sua mente aberta, projetando seus pensamentos tão claramente como se estivesse falando.
  — Estamos aqui com você — Bonnie disse em uma voz duas vezes mais alta que ela. — Não temos medo do escuro.
  Houve uma pausa enquanto todos tentavam não olhar para Damon.
  Por fim, ele disse:
  — De alguma forma, eu vou dizer esta insanidade... Ainda me pergunto o que aconteceu para eu dizer isto, mas eu já cheguei longe demais para agora dar pra trás.
  Sage virou-se em direção à ultima porta e ela brilhou. Não tanto, porém. Parecia ser a sombra de uma árvore muito grande. O que era estranho, entretanto, era que não crescia nada embaixo dela. Nada de samambaias, arbustos ou mudas, nem ao menos as normalmente presentes trepadeiras e ervas daninhas. Havia algumas folhas mortas no chão, mas, tirando isso, havia apenas sujeira.
  Sage disse:
  — Um planeta com apenas uma forma corpórea de vida sobre ele. A Grande Árvore que cobre um mundo inteiro. A copa cobre tudo, menos os lagos com água fresca que ela precisa para sobreviver.
  Elena olhou para o coração do mundo crepuscular.
  — Viemos tão longe, e talvez, juntos... Talvez possamos encontrar a Esfera Estelar que salvará nossa cidade.
  — Vocês escolhem esta porta? — perguntou Sage.
  Elena olhou para o resto do grupo. Eles todos pareciam estar esperando por sua confirmação.
  — Sim... Sejamos rápidos. Temos que nos apressar.
  Ela fez o movimento de abaixar sua taça e ela desapareceu. Ela sorriu, agradecida, para Sage.
  — Estritamente falando, eu não devia ajudá-los — Ele disse —, mas se vocês tiverem uma bússola...
  Elena tinha uma. Ela estava sempre presa à sua mochila, pois ela sempre tentava lê-la.
  Sage colocou a bússola em sua mão e traçou uma linha sobre ela. Ele deu a bússola de volta para Elena e ela viu que a agulha já não mais apontava para o norte, mas para um ângulo a nordeste.
  — Siga a seta — Ele disse. — Ela os levará para o tronco da Grande Árvore. Se eu tivesse que adivinhar onde encontrar a maior Esfera Estelar, eu iria para este caminho. Mas tenham cuidado! Outros já tentaram este caminho. Seus corpos têm alimentado a Grande Árvore... Como fertilizante.
  Elena mal pôde ouvir as palavras. Ela estava com medo ao pensar em procurar pelo planeta inteiro por uma Esfera Estelar. É claro, devia ser um mundo bem pequeno, igual... Igual...
  Igual a pequena lua de diamante que você viu acima do Mundo Inferior?
  A voz na mente de Elena era, ao mesmo tempo familiar e estranha. Ela deu uma olhadela para Sage, que sorriu. Então ela olhou para ao redor da sala. Parecia que todos estavam esperando que ela desse o primeiro passo.
  Ela deu.

Capítulo 34

  — Vocês foram alimentados e cuidados do melhor jeito que conseguimos — Meredith disse, olhando para todos os jovens com rostos assustados e tensos, quando todos se viraram para ela, no porão. — E agora, só há uma coisa que pedimos em troca.
  Ela fez um esforço e firmou sua voz.
  — Quero saber se alguém tem um celular que se conecta com a internet, ou um computador que ainda esteja funcionando. Por favor, por favor... Se vocês até mesmo pensam saber onde há um funcionando, me diga.
  A tensão parecia um cordão de borracha espessa, arrastando Meredith para cada um dos rostos pálidos e tensos, que a olhavam do mesmo jeito.
  Justo quando Meredith estava essencialmente equilibrada, cerca de doze mãos se levantaram imediatamente, e uma menina solitária de cinco anos de idade disse:
  — Minha mamãe tem um. E meu papai também.
  Houve uma pausa e antes que Meredith pudesse dizer “Alguém conhece essa menina?”, uma menina mais velha disse:
  — Ela quer dizer que eles tinham um, antes da chegada do Homem das Chamas.
  — O Homem das Chamas é o Shinichi? — Meredith perguntou.
  — Claro. Às vezes ele fazia as partes vermelhas de seu cabelo queimarem até o topo de sua cabeça.
  Meredith guardou este fato embaixo de “Coisas que eu não quero ver, sinceramente, de coração, nunca mesmo.”
  Ela se sacudiu para tirar a imagem de sua cabeça.
  — Garotos e garotas, por favor, por favor, pensem. Eu só preciso de um: um celular com acesso à internet, que ainda tenha bateria, neste instante. Um notebook ou computador que ainda esteja funcionando agora, talvez por causa de um gerador que ainda dê eletricidade. Só de uma família com gerador que ainda esteja funcionando. Alguém?
  As mãos estavam abaixadas agora.
  Um garoto que ela pensou reconhecer como o irmão de Loring, talvez com dez ou onze anos, disse:
  — O Homem das Chamas disse que celulares e computadores eram coisas ruins. É por isso que meu irmão teve uma briga mano-a-mano com o meu pai. Ele jogou todos os celulares de casa na privada.
  — Ok, ok, obrigada. Mas alguém viu um celular funcionando ou um computador? Ou um gerador?
  — Ora, sim, minha amada, eu tenho um — A voz veio do topo das escadas.
  A Sra. Flowers estava parada lá, vestida com um sobretudo. Estranhamente, ela estava com sua bolsa volumosa em uma das mãos.
  — Você tem… Tem um gerador?  — Meredith perguntou, seu coração acelerando.
  Que perda de tempo! Se a cidade viesse abaixo por causa dela, Meredith, ela ainda não teria terminado sua própria pesquisa!  Os minutos estavam passando, e se alguém em Fell’s Church morresse, seria culpa dela. Culpa dela. Ela não achava que poderia viver com isso. Meredith tentou, durante toda a sua vida, alcançar o estado de calma, concentração e equilíbrio que era o outro lado da moeda das suas habilidades de luta das diversas disciplinas que ela havia aprendido. E ela havia ficado boa nisto: uma boa observadora, uma boa filha, até mesmo uma boa aluna entre todas do ex-grupinho popular de Elena. Ele era composto por: Elena, Meredith, Caroline e Bonnie, que, juntas, pareciam quatro peças de um quebra-cabeça. Meredith, às vezes, sentia falta dos velhos tempos de ousadia e de brincadeiras pseudossofisticadas, que nunca machucaram ninguém — exceto aquele garotos bobos que ficavam em volta dela como formigas ficam em volta de um piquenique.
  Mas agora, olhando para si mesma, ela estava confusa. Quem era ela? Uma garota hispânica com o nome da melhor amiga galega de sua mãe, dos tempos de faculdade. Uma caçadora de vampiros que tinha dentes de gatinho, um irmão gêmeo vampiro, e um grupo de amigos que incluía Stefan, um vampiro; Elena, uma ex-vampira... E, possivelmente, outro vampiro, embora ela estivesse extremamente hesitante em chamar Damon de “amigo”.
  E aonde chegamos com tudo isso?
  Com uma garota tentando fazer o seu melhor para manter o equilíbrio e a concentração, em um mundo que havia enlouquecido. Uma garota que ainda estava se curando das verdades que ela aprendera sobre sua própria família, e agora se torturava, tentando confirmar uma suspeita terrível.
  Pare de pensar. Pare! Você tem que contar à Sra. Flowers que sua pensão fora destruída.
  — Sra. Flowers... Sobre a sua pensão… Eu tenho que te dizer…
  — Por que você não usa o meu BlackBerry primeiro? — A Sra. Flowers desceu as escadas do porão cuidadosamente, olhando para seus pés, e então as crianças foram para frente dela como ondas do Mar Vermelho.
  — O seu...? — Meredith encarou, chocada.
  A Sra. Flowers abriu sua enorme bolsa e agora segurava um pequeno objeto preto para ela.
  — Ainda tem bateria — A velha senhora explicou enquanto Meredith pegava o objeto com as duas mãos trêmulas, como se estivesse pegando um objeto sagrado. — Acabei de ligá-lo e está funcionando. E agora, estou na internet! — Ela disse, orgulhosamente.
  O mundo de Meredith fora engolido por uma telinha antiquada, cinza e pequena.
  Ela estava tão surpresa e animada por ver aquilo que quase esqueceu o porquê dela precisar dele. Mas seu corpo sabia. Seus dedos se firmaram; seus polegares dançaram sobre as teclas. Ela entrou na sua página favorita de buscas e digitou a palavra “Orime”. Apareceram várias páginas — a maioria em japonês. Então, sentindo seus joelhos tremerem, ela digitou “Inari”.
  6.530.298 resultados.
  Ela foi para no primeiro link que apareceu e viu uma web page com uma definição. Palavras-chave pareciam voar para cima dela como se fossem abutres. Inari era uma divindade Shinto japonesa do arroz... E... Das raposas. Na entrada de um santuário de Inari há… Estátuas de dois kitsune… Um do sexo masculino e outra do feminino… Ambos com uma chave ou com uma joia na boca ou na patar… Esses espíritos-raposa são os servos e os mensageiros de Inari. Eles seguem as ordens de Inari…
  Havia também uma foto com um par de estátuas de kitsune, na forma de raposa. Ambos tinham em suas patas uma Esfera Estelar.
  Três anos atrás, Meredith havia fraturado sua perna quando ela estava em uma viagem de esqui com seus primos, nas Montanhas Blue Ridge.
  Ela havia dado de encontro direto com uma árvore. Nenhuma arte marcial poderia tê-la salvado no último minuto; ela estava esquiando em áreas perigosas, onde ela sabia que poderia trombar com qualquer coisa: barrancos, abismos, rochas. E, é claro, árvores. Muitas árvores. Ela era uma ótima esquiadora, mas ela estava indo rápido demais, indo para a direção errada, e a próxima coisa que ela percebeu foi que havia uma árvore em seu caminho.
  Agora, ela tinha a mesma sensação de acordar depois de dar de cara com a árvore. O choque, a tontura e a náusea que eram, inicialmente, piores que a dor. Meredith podia aguentar a dor. Mas a martelada em sua cabeça, a consciência de que ela havia cometido um grande erro e que ela teria que pagar por isso era insuportável. Além disso, havia o medo curioso em saber que suas próprias pernas poderiam não aguentá-la por muito tempo. Até mesmo as mesmas perguntas inúteis corriam pelo seu subconsciente, tipo: “Como eu pude ser tão burra?” “Será que isso é um sonho?” e “Por favor, Deus, será que é possível eu apertar o botão Ctrl + Z?
  Meredith de repente percebeu que ela estava apoiada tanto na Sra. Flowers quanto em uma menina de dezesseis anos, Ava Wakefield. O celular estava no chão de concreto do porão. Muitas crianças estavam gritando pelo nome de Matt.
  — Não... Eu... Eu consigo ficar em pé.
  Tudo que ela mais queria no mundo era se enfiar em um buraco e fugir deste horror. Ela queria que suas pernas tirassem uma folga e que sua mente ficasse em branco, assim ela poderia fugir...
  Mas ela não podia fugir. Ela pegou a estaca; ela tinha uma obrigação, igual seu avô. Qualquer coisa sobrenatural que tirava o sossego de Fell’s Church, e que estivesse em sua mira, era seu problema. E o problema é que sua obrigação nunca acabava.
  Matt desceu correndo as escadas, carregando uma menina de sete anos de idade, Hailey, que continuava se contorcendo em pequenas convulsões.
  — Meredith! — Ela pôde ouvir a incredulidade na voz dele. — O que foi? O que você descobriu, pelo amor de Deus?
  — Venha... Ver.
  Meredith estava lembrando-se de detalhe por detalhe que deveriam ter acionando um alerta em sua cabeça. Matt, de alguma forma, já estava ao seu lado, enquanto ela se lembrava da primeira descrição de Bonnie sobre Isobel Saitou.
  — Ela é do tipo quietinha. Difícil de se conhecer bem. Tímida. E... Gente boa.
  E a primeira visita à casa das Saitou. Da menina quietinha, tímida e gente boa, surgiu outra Isobel Saitou: a Deusa dos Piercings, com sangue e pus saindo de vários buracos em seu corpo. E quando eles haviam tentado levar o jantar para sua velha avó, Meredith havia percebido que o quarto de Isobel era bem embaixo do da velha senhora. Depois de ver Isobel toda cheia de piercings e claramente descontrolada, Meredith presumiu que alguma influência maligna devia estar tentando se espalhar e, no fundo de sua mente, ela se preocupou com a velhinha. Mas o mal poderia simplesmente ter vindo de lá de cima. Talvez Jim Bryce não tenha transmitido o malach para Isobel, no final das contas. Talvez ela tenha transmitido para ele, e ele havia transmitido para Caroline e para sua irmã.
  E aquela brincadeira de roda! A música cruel e maldosa que a Obaasan... Que Inari-Obaasan havia cantado: “Uma raposa e uma tartaruga uma corrida foram apostar...” E suas palavras: “Há um kitsune envolvido nisto de alguma maneira.” Ela havia rido deles, se divertindo! Além disso, foi de Inari-Obaasan que Meredith havia ouvido pela primeira vez a palavra “kitsune”.
  E uma crueldade adicional, que Meredith só havia sido capaz de perdoar, antes, porque pensou que Obaasan tivesse uma visão muito ruim. Naquela noite, Meredith estava de costas para a porta, assim como Bonnie também estava... Elas estavam concentradas na “pobre Obaasan”. Mas Obaasan estava olhando para a porta, e ela era a única que poderia ter visto — que deveria ter visto — Isobel vir de fininho por detrás de Bonnie. E então, quando a música terrível disse à Bonnie para ela olhar para trás...
  Isobel havia aparecido ali, pronta para lamber a testa de Bonnie com uma língua rosa e bifurcada...
  — Por quê? — Meredith pôde ouvir sua própria voz dizendo — Por que eu fui tão burra? Como eu não pude ter visto desde o começo?
  Matt havia recuperado o BlackBerry e lia a web page. Então ele simplesmente parou, fixo, seus olhos azuis arregalados.
  — Você estava certa — Ele disse, depois de um longo momento.
  — Eu quero tanto estar errada...
  — Meredith... Shinichi e Misao são servos de Inari... Se essa mulher for Inari, nós estivemos correndo atrás das pessoas erradas, gastando esforços...
  — Aqueles malditos Post-It — Meredith ficou chocada. — Aqueles feitos por Obaasan. Eles são inúteis, sem efeito. Todo aquele maço que ela abençoou não deve ter nenhum pingo de bondade... Mas, talvez, ela os tenha abençoado... Como se fosse um joguinho. Isobel até chegou em mim e mudou todos os caracteres que a velha senhora fez para os jarros para prender Shinichi e Misao. Ela disse que a Obaasan estava quase cega. Ela deixou uma lágrima no banco do meu carro. Eu não pude entender o porquê dela estar chorando.
  — Eu ainda não entendo. Ela é neta dela... Provavelmente a terceira geração de um monstro! — Matt explodiu. — Por que ela choraria? E por que os os Post-It funcionam?
  — Porque eles foram feitos pela mãe de Isobel — A Sra. Flowers disse silenciosamente. — Querido Matt, eu tenho minhas dúvidas de que aquela mulher seja realmente uma parenta das Saitou.  Sendo ela uma divindade... Ou um ser mágico poderoso com o nome de uma divindade... E, sem dúvidas, uma kitsune, ela deve ter se mudado com elas para cá e as usado este tempo todo. Isobel e sua mãe não tinham escolha a não ser continuar com a farsa, com medo do que ela poderia fazer com elas, caso elas não continuassem.
  — Mas, Sra. Flowers, quando Tyrone e eu puxamos aquele fêmur do mato, você não tinha dito que as Saitou faziam excelentes amuletos? E você não disse que poderíamos pedir ajudar a elas na tradução das palavras para os jarros de barro, quando Alaric mandou aquelas fotos daquela ilha japonesa?
  — Quanto a minha crença nas Saitou, bem, eu vou ter que mudar umas coisinhas aqui — A Sra. Flowers disse. — Não tinha como eu saber que essa Obaasan era maligna, mas ainda há duas delas que são gentis e boas, e que têm nos ajudado tremendamente... Mesmo colocando-se em um grande risco.
  Meredith podia sentia o gosto amargo da bile em sua boca.
  — Isobel poderia ter nos salvado. Ela poderia ter dito: “Minha falsa avó é, na verdade, um demônio”.
  — Oh, minha querida Meredith, os jovens de hoje são implacáveis. Esta Inari deve ter se instalado na casa dela quando ela era uma criança. Tudo que ela sabia, primeiramente, era que a velha era uma tirana com o nome de uma deusa. Então, talvez, com alguma demonstração de poder... O que deve ter acontecido com o marido de Orime, eu me pergunto, para fazer com que ele voltasse ao Japão... Isto é, se fato ele foi para lá? Ele pode muito bem estar morto agora. E então, Isobel foi crescendo: tímida, quieta, introvertida... Com medo. Aqui não é o Japão; não há outras sacerdotisas no qual se possa confiar. E você viu as consequências quando Isobel estendeu a mão para alguém fora de sua família... O que aconteceu com seu namorado, Jim Bryce.
  — E conosco... Bem, com você e com Bonnie — Matt disse à Meredith.
  — Ela colocou Caroline atrás de você.
  Mal sabendo o que eles estavam fazendo, eles começaram a falar mais e mais rápido.
  — Temos que ir agora mesmo — Disse Meredith. — Shinichi e Misao podem ser aqueles que trarão a Última Meia-Noite, mas é Inari quem dá as ordens. E, quem sabe? Ela também pode ser aquela que atribui as punições. Nós não sabemos qual é o tamanho de sua Esfera Estelar.
  — E nem sabemos onde ela está — Disse a velha senhora.
  — Sra. Flowers — Matt disse apressadamente —, seria melhor você ficar aqui com as crianças. A Ava aqui é confiável, e onde está o Jacob Lagherty?
  — Aqui — Disse um garoto que parecia ter mais de quinze anos
  Ele era tão alto quanto Matt, só que mais desengonçado.
  — Ok. Ava, Jake, você estão sob os comandos da Sra. Flowers. Deixaremos o Sabber com vocês também.
  O cão era um grande sucesso entre as crianças, em seu melhor comportamento, mesmo quando os mais jovens mordiam sua cauda.
  — Vocês dois devem ouvir a Sra. Flowers e...
  — Matt, querido, eu não vou ficar aqui. Mas o animal será de grande ajuda para proteger as crianças.
  Matt a encarou. Meredith sabia o que ele estava pensando. Será que a Sra. Flowers, quem havia sido confiável até agora, iria para algum lugar se esconder? Será que ela iria abandoná-los?
  — E eu vou precisar que um de vocês me leve até a casa das Saito... Rapidamente! Mas o outro pode ficar aqui e proteger as crianças, também.
  Meredith estava, ao mesmo tempo, aliviada e preocupada, e Matt estava claramente do mesmo jeito.
  — Sra. Flowers, haverá uma batalha. Você pode se machucar ou ser feita de refém tão facilmente...
  — Querido Matt, esta é a minha batalha. Minha família viveu em Fell’s Church durante muitas gerações, desde a época do pioneirismo. Eu acredito que esta seja a batalha pela qual eu nasci. Certamente a última, devido a minha idade.
  Meredith congelou. Na penumbra do porão, a Sra. Flowers parecia estar diferente, de alguma forma. Até mesmo seu corpinho parecia estar mudando, crescendo, ficando bem mais alto.
  — Mas como você vai lutar? — Matt perguntou, parecendo atordoado.
  — Com isso. Aquele belo jovem, Sage, deixou isto para mim com um bilhete de desculpas por usar a Esfera Estelar de Misao. Eu costumava ser bem habilidosa com isto, quando era mais jovem.
  Da sua bolsa espaçosa, a Sra. Flowers tirou algo pálido, longo e fino, e quando aquela coisa se desenrolou, a Sra. Flowers bateu com aquilo na parede, fazendo um barulho bem alto no porão. Aquilo atingiu uma bola de pingue-pongue, enrolando-se em volta dela, voltando logo em seguida para a mão aberta da Sra. Flowers.
  Um chicote. Feito de algum material prateado. Indubitavelmente mágico. Até mesmo Matt parecia ter medo dele.
  — Por que Ava e Jake não ensinam as crianças a como jogar pigue-pongue, enquanto estivermos fora? E devemos ir logo, meus queridos.Não temos tempo a perder. Uma terrível tragédia está chegando, Mama me disse.
  Meredith esteve assistindo... Sentindo-se tão atordoada quanto Matt. Mas agora ela disse:
  — Eu tenho uma arma também — Ela pegou a estaca e disse: — Eu lutarei, Matt. Ava, as crianças estão sob seus cuidados.
  — E sob os meus — Jacob disse, e imediatamente mostrou sua utilidade, adicionando: — Aquilo ali pendurado não é um machado, perto da fornalha?
  Matt correu e o agarrou. Meredith podia ver, pela sua expressão, o que ele estava pensando: Sim! Um machado pesado, um pouco enferrujado, mas ainda forte o suficiente. Agora, se os kitsune mandaram plantas ou árvores contra eles, ele estaria armado.
  A Sra. Flowers já estava no topo das escadas do porão. Meredith e Matt trocaram um rápido olhar e então eles correram para encontrá-la.
  — Você dirige o SUV de sua mãe. Eu sentarei no banco de trás. Eu estou um pouco... Bem, tonta, eu acho.
  Meredith não gostava de admitir uma fraqueza pessoal, mas era melhor do que bater com o carro.
  Matt concordou e ele era bom o bastante para não comentar o porquê dela se sentir tonta. Ela ainda não podia acreditar em sua própria estupidez.
  A Sra. Flowers só disse uma coisinha:
  — Matt, querido, quebre algumas regras de trânsito.

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