Leitura Semanal - Diários do Vampiro, os caçadores: Fantasma #5



Sinopse: O passado nunca está longe... Elena Gilbert e seus amigos salvaram Fell's Church dos espíritos malignos, mas a libertação da cidade veio com um preço: a vida de Damon Salvatore. Agora, como nada estando no caminho, Elena e Stefan podem finalmente ficar juntos. Então, por que Elena não consegue parar de sonhar com Damon? Enquanto os sentimentos de Elena por Damon crescem, uma nova escuridão está se formando em Fell's Church. Elena foi até o inferno e voltou, mas esse demônio não é nada igual ao que ela já viu antes. Sua única meta é matar Elena e a todos que ela ama.

Antes de começarem a leitura, quero ressaltar algumas coisas:
  • Esse livro foi escrito pela autora, antes de ser demitida, mas algumas partes foram mudadas pela ghostwriter;
  • A ghostwriter mudou o sobrenome da Meredith, tirando "Sulez" e colocando "Suarez", mas ela volta a escrever "Sulez" no próximo volume;
  • Os olhos de Elena começam a ser descritos como "azuis safira" e não mais "azuis lápis-lazúli";
  • Quiseram fazer com que os livros ficassem próximos à série, então colocaram o Klaus como um "Original", e não mais um "Antigo", assim como Bonnie passa a ser uma bruxa;
  • O temperamento de Damon passa ser igual ao da série, e este Damon fala palavrão (sendo que em "Meia-Noite" a Elena disse que ele nunca falaria isso na frente dela).
E, como é de praxe, se for copiar o texto a seguir para algum outro site, por favor colocar os créditos! Ajude o trabalho do tradutor e dê ibope ao site. Boa leitura! :)


9

 Bonnie estremeceu devido ao gosto metálico em sua boca e piscou algumas vezes, até que o quarto ao seu redor voltasse em foco.
  — Eca — ela disse. — Eu odeio fazer isso.
  Todos estavam olhando para ela, seus rostos pálidos e chocados.
  — O que foi? — Ela disse, apreensiva. — O que eu disse?
  Elena estava sentada bem imóvel.
  — Você disse que a culpa é minha — ela disse devagar. — O que quer que esteja atrás de nós, foi eu quem o trouxe.
  Stefan esticou sua mão para cobrir a dela.
  Espontaneamente, a parte mais profunda e má da mente de Bonnie pensou cansadamente:
  É claro. Sempre é a Elena, não é?
  Meredith e Matt atualizaram Bonnie sobre o resto que ela havia dito em transe, mas seus olhos continuavam voltando à expressão arrasada de Elena, e assim que eles terminaram de contar o que ela havia perdido, eles deram às costas à Bonnie, voltando à Elena.
  — Nós temos que criar um plano — Meredith disse para ela com delicadeza.
  — Nós todos precisamos de um refresco — a Sra. Flowers disse para ela delicadamente, levantando-se, e Bonnie a seguiu até a cozinha, ansiosa para escapar da tensão daquele cômodo.
  Ela não era a garota dos planos, de qualquer forma, ela disse a si mesma. Ela havia feito sua contribuição só por ser a garota das visões. Elena e Meredith eram aquelas que todos procuravam para tomarem decisões.
  Mas isso não era justo, era? Ela não era uma idiota, sem contar o fato de que todos os seus amigos a tratavam como a bebê do grupo. Todos pensavam que Elena e Meredith eram tão inteligentes e tão fortes, mas Bonnie havia salvado o dia de novo e de novo — não que alguém tenha se lembrado disso. Ela correu sua língua através de seus dentes, tentando tirar o gosto ruim da boca.
  A Sra. Flowers decidiu que o grupo precisava se acalmar com sua especial limonada com xarope de flor de sabugueiro. Enquanto ela enchia os copos com gelo, colocava o suco e colocava os copos em uma bandeja, Bonnie a assistiu inquieta. Havia um grande sentimento de vazio dentro de Bonnie, como se algo estivesse faltando.
  Não era justo, ela pensou de novo. Nenhum deles a valorizavam ou percebiam tudo que ela já havia feito por eles.
  — Sra. Flowers — ela disse de repente —, como você consegue conversar com sua mãe?
  A Sra. Flowers virou-se para ela, surpresa.
  — Ora, minha querida — ela disse —, é muito fácil falar com espíritos, caso eles queiram falar com você, ou caso eles sejam espíritos de alguém que você amou. Espíritos, sabe, não abandonaram nosso plano e continuam perto de nós.
  — Mas ainda assim — Bonnie pressionou —, você pode fazer mais que isso, muito mais.
  Ela imaginou a Sra. Flowers, jovem novamente, olhos brilhantes, cabelo voando, lutando contra o Poder malévolo dos kitsune, no qual tinha um Poder igual ao dela.
  — Você é uma bruxa muito poderosa.
  A expressão da Sra. Flowers era reservada.
  — É muito gentil de sua parte dizer isso, querida.
  Bonnie girou um pequeno cacho ao redor de seu dedo ansiosamente, medindo suas próximas palavras.
  — Bem... se você pudesse, é claro... somente se você tivesse tempo... Eu gostaria que você me treinasse. Qualquer coisa que você esteja disposta a me ensinar. Eu consigo ver coisas e fiquei muito boa nisso, mas eu gostaria de aprender tudo, qualquer coisa que você me mostrasse. Adivinhação, e sobre ervas. Feitiços de proteção. Como executá-los, eu acho. Eu sinto como se houvesse tanta coisa que eu não sei, eu acho que tenho talento, sabe? Eu espero que tenha, pelo menos.
  A Sra. Flowers olhou para ela de forma avaliadora durante um longo momento e então concordou uma vez.
  — Eu vou ensiná-la — ela disse. — Com prazer. Você possui um grande talento natural.
  — Sério? — Bonnie disse timidamente.
  Uma bolha quente de felicidade cresceu dentro dela, preenchendo o vazio que a angustiava há alguns minutos atrás.
  Então ela limpou sua garganta e adicionou, o mais casualmente possível:
  — Você consegue conversar com qualquer um que esteja morto? Ou só com sua mãe?
  A Sra. Flowers não respondeu durante uns bons minutos. Bonnie sentiu como se os olhos afiados e azuis da velha senhora estivessem olhando para ela, analisando sua mente e seu coração. Quando a Sra. Flowers falou, sua voz era gentil.
  — Com quem você quer entrar em contato, querida?
  Bonnie estremeceu.
  — Ninguém em particular — ela disse rapidamente, apagando a imagem de Damon todo de preto de sua mente. — Só que isso parecer ser algo bem útil. E interessante, também. Tipo, eu poderia aprender tudo sobre a história de Fell's Church.
  Ela afastou o rosto da Sra. Flowers e se ocupou com os copos de limonada, deixando para trás o assunto por hora.
  Haveria outra hora para perguntar, ela pensou. Em breve.

  — A coisa mais importante — Elena estava dizendo seriamente — é proteger Meredith. Nós recebemos um aviso, e temos que tirar vantagem disso, e não ficarmos sentados e aflitos sobre de onde isso veio. Se algo terrível... algo que eu trouxe de alguma forma... está chegando, nós o enfrentaremos quando chegar aqui. Neste instante, nós cuidaremos de Meredith.
  Ela era tão linda, que fazia Stefan ficar tonto. Literalmente: alguma vezes ele olhava para ela, pegando-a de certo ângulo, e via, como se fosse a primeira vez, a delicada curva de sua bochecha, o corado cor-de-rosa em sua pele cor de creme, a delicada seriosidade em sua boca. Nesses momentos, sempre, sua cabeça e seu estômago davam piruetas como se estivessem em uma montanha-russa. Elena.
  Ele pertencia a ela; era simples assim. Como se centenas de anos tivessem sido uma jornada até essa garota mortal, e agora que ele a encontrara, a vida eterna poderia finalmente encontrar seu propósito.
  Você não a tem, no entanto, algo dentro dele disse. Não por completo. Não de verdade.
  Ele afastou esse pensamento traiçoeiro. Elena o amava. Ela o amava brava, desesperada e apaixonadamente e até mais do que ele merecia. E ele a amava. Era isso que importava.
  E agora, essa doce garota mortal que ele amava estava organizando eficientemente um horário de guarda para Meredith, dando obrigações com a calma expectativa de que seria obedecida.
  — Matt — ela disse — se você estiver trabalhando amanhã à noite, você e Alaric podem pegar o turno da tarde. Stefan pegará o da noite, e Bonnie e eu pegaremos o da manhã. 
  — Você deveria ter sido uma general — Stefan murmurou para ela, dando a si mesmo um rápido sorriso.
  — Eu não preciso de guarda-costas — Meredith disse, irritada. — Eu fui treinada por artes marciais e já encarei o sobrenatural antes.
  Parecia a Stefan que seus olhos pausaram especulativamente nele durante um segundo, e ele lutou para não se arrepiar ao seu exame minucioso.
  — Minha estaca é toda a proteção que preciso.
  — Uma estaca como a sua não poderia ter protegido Celia — Elena argumentou. — Se Stefan não estivesse lá para intervir, ela poderia ter sido morta.
  No sofá, Celia fechou seus olhos e descansou sua cabeça contra o braço de Alaric.
  — Tudo bem, então — Meredith falou em um tom cortante, seus olhos em Celia. — É verdade, entre todos nós, somente Stefan poderia tê-la salvado. E esse é outro motivo que esse esforço todo para me proteger é ridículo. Você tem a força e a velocidade para me salvar de um trem em movimento, Elena? E quanto a Bonnie?
  Stefan viu que Bonnie, trazendo uma bandeja com copos de limonada, parou e franziu ao ouvir as palavras de Meredith.
  Ele tinha que saber que, com a morte de Damon e Elena estando sem Poderes, ele era o único que sobrara para proteger o grupo. Bem, a Sra. Flowers e Bonnie tinham uma habilidade mágica limitada. Então os pensamentos de Stefan se alteraram. A Sra. Flowers era bem poderosa, mas seus poderes ainda estavam esgotados da batalha contra a kitsune.
  Voltamos a estaca zero, então: Stefan era o único que poderia protegê-los agora. Meredith podia falar sobre suas responsabilidade como uma caçadora de vampiros, mas, no fim, apesar de seu treinamento e sua herança, ela era simplesmente outra mortal.
  Seus olhos escanearam o grupo, todos mortais, seus mortais. Meredith, os olhos cinzas sérios e uma determinação dura como aço. Matt, impaciente, com jeito de menino e decente até os ossos. Bonnie, ensolarada e doce, e com uma força tremenda que talvez ela nem saiba que tenha. Sra. Flowers, a matriarca sábia. Alaric e Celia.... bem, eles não eram mortais dele assim como os outros eram, mas eles estavam sob sua proteção enquanto estivessem aqui. Ele havia jurado proteger os humanos, quando pudesse. Se pudesse.
  Ele se lembrou de Damon dizendo para ele uma vez, rindo em seu próprio bom humor perigoso, sua expressão contente:
  — Eles são tão frágeis, Stefan! Você pode quebrá-los sem nem ao menos querer.
  E Elena, sua Elena. Ela era tão vulnerável quanto o resto deles agora.
  Ele se encolheu.
  Se algo acontecesse a ela, Stefan sabia sem dúvidas de que ele tiraria o anel que o deixava caminhar durante o dia, deitaria na grama ao lado de seu túmulo e aguardaria a chegada do sol.
Mas a mesma voz oca dentro dele que o questionou sobre o amor de Elena por ele sussurrou sombriamente em seu ouvido:
  Ela não faria o mesmo por você. Você não é tudo para ela.
  Enquanto Elena e Meredith, junto com interjeições ocasionais de Matt e Bonnie, continuavam a discutir sobre Meredith precisar de esforços do grupo para protegê-la, Stefan fechou seus olhos e vagou em lembranças da morte de Damon.

  Stefan assistia, tolo, incompreensivamente e não tão rápido o bastante, enquanto Damon, mais rápido que ele até o fim, corria até a grande árvore e lançava Bonnie, leve como um dente-de-leão, para longe dos ramos farpados que vinham até ela.
  Enquanto ele a arremessava, um ramo pegou Damon direto no peito, fixando-o no chão. Stefan viu o movimento de choque nos olhos do irmão antes que eles ficassem fora de foco. Uma fina gota de sangue correu de sua boca até seu queixo.
  — Damon, abra seus olhos! — Elena estava gritando.
  Havia um tom áspero em sua voz, uma agonia que Stefan nunca ouviu dela antes. Suas mãos empurraram os ombros de Damon, como se ela quisesse sacudi-lo com força, e Stefan a afastou.
  — Ele não pode, Elena, ele não pode — ele disse, meio que soluçando.
  Ela não conseguia ver que Damon estava morrendo? O ramo havia parado em seu coração e o veneno da árvore estava se espalhando por suas veias e artérias. Ele se foi. Stefan havia abaixando gentilmente a cabeça de Damon ao chão. Ele deixaria seu irmão partir.
  Mas Elena não.
  Virando-se para pegá-la em seus braços e confortá-la, Stefan viu que ela havia se esquecido dele. Os olhos dela estavam fechados e seus lábios se moviam sem pronunciar som. Todos o seus músculos estavam tensos, indo até Damon, e Stefan percebeu com um duro choque que ela e Damon ainda estavam conectados, que a última conversa estava em uma frequência particular que o excluía.
  O rosto dela estava ensopado de lágrimas, e ela de repente atrapalhou-se com a faca e, com um rápido e preciso movimento, ela cortou sua própria veia jugular, sangue começando a escorrer de seu pescoço.
  — Beba, Damon — ela disse ema uma voz desesperada e parecida com uma oração, abrindo bem a boca dele com suas mãos e angulando seu pescoço sobre ele.
  O cheiro do sangue de Elena era rico e penetrante, fazendo com que os caninos de Stefan o ansiasse mesmo com seu horror e o descuido dela em cortar seu próprio pescoço. Damon não bebeu. Sangue escorreu de sua boca e desceu até seu pescoço, molhando sua camisa e encharcando sua jaqueta de couro preta.
  Elena soluçou e jogou-se em cima de Damon, beijando seus lábios frios, seus olhos cerrados. Stefan poderia dizer que ela ainda estava se comunicando com o espírito de Damon, uma troca telepática de amor e segredos particular entre eles, as duas pessoas que ele mais amava. As únicas pessoas que ele amou.
  Uma leve pontada de inveja, o sentimento de ser um estranho ao ficar encarando, aquele que havia ficado sozinho, aconchegou-se na espinha de Stefan mesmo quando as lágrimas de dor desciam por seu rosto.

  Um celular tocou e Stefan voltou ao presente.
  Elena olhou para seu telefone e então atendeu:
  — Oi, tia Judith — ela pausou. — Na pensão com todo mundo. Nós fomos buscar Alaric e sua amiga na estação.
  Outra pausa e então ela fez uma careta.
  — Sinto muito, eu esqueci. Sim, eu vou. Daqui a alguns minutos, está bem? Ok. Tchau.
  Ela desligou e ficou em pé.
  — Aparentemente, em algum momento eu prometi à tia Judith que estaria em casa para o jantar de hoje. Robert está preparando a máquina de fondue e Margaret quer me mostrar como mergulhar pão no queijo.
  Ela revirou os olhos, mas Stefan não se enganou. Ele podia ver o quão animada Elena estava por ter sua irmãzinha idolatrando-a novamente.
  Elena continuou, franzindo:
  — Eu não tenho certeza se poderei sair de novo hoje, mas alguém precisa ficar com Meredith o tempo todo. Você pode passar a noite aqui, Meredith, ao invés de dormir em casa?
  Meredith assentiu devagar, suas longas pernas esticadas sobre o sofá. Ela parecia estar cansada e apreensiva, apesar de sua bravura a agora pouco. Elena tocou sua mão em um sinal de despedida, e Meredith sorriu para ela.
  — Tenho certeza que seus criados cuidarão bem de mim, Rainha Elena — ela disse alegremente.
  — Eu não esperaria nada menos — Elena respondeu no mesmo tom, virando seu sorriso para o resto do cômodo.
  Stefan ergueu-se.
  — Eu a levo para casa — ele disse.
  Matt também ficou em pé.
  — Eu posso te dar uma carona — ele ofereceu, e Stefan ficou surpreso ao descobrir que teve que reprimir a vontade que tinha em colocar Matt de volta em seu assento.
  Stefan cuidaria de Elena. Ela era sua responsabilidade.
  — Não, fiquem, vocês dois — Elena disse. — São só alguns quarteirões, e ainda estamos em plena luz do dia. Cuidem de Meredith.
  Stefan sentou-se de volta em sua cadeira, olhando Matt. Com um aceno, Elena se foi, e Stefan esticou seu Poder para sentir qualquer coisa que fosse perigosa, qualquer coisa mesmo, que estive por perto. Seus Poderes não eram fortes o bastante, porém, para alcançar todo o trajeto de Elena até sua casa. Ele enrolou suas mãos em um forte aperto. Ele havia sido tão poderoso quando se permitia beber sangue humano.
  Meredith estava olhando-o, olhos cinzas simpáticos.
  — Ela vai ficar bem — ela disse. — Você não pode cuidar dela o tempo todo.
  Mas eu posso tentar, pensou Stefan.

  Quando Elena aproximou-se de casa, Caleb estava cortando as folhas brilhantes e verdes dos arbustos floridos de camélia em frente a casa.
  — Oi — ela disse, surpresa. — Você esteve aqui o dia todo?
  Ele parou de cortar e limpou o suor de sua testa. Com seu cabelo loiro e bronzeado saudável, ele parecia um surfista californiano transferido para os gramados de Virgínia. Elena pensou que Caleb era perfeito para um dia de verão como este, o zumbido do cortador de grama em algum lugar à distância, o céu azul e alto acima deles.
  — Claro — ele disse com animação. — Muita coisa para se fazer. Está bom, não?
  — Está mesmo — ela disse.
  E estava. A grama estava cortada, as sebes estavam perfeitamente aparadas, e ele havia replantado algumas margaridas nos canteiros de flores perto da casa.
  — O que você fez hoje? — Caleb perguntou.
  — Nada tão energético quanto isso — Elena disse, sufocando a lembrança da corrida desesperada de Celia. — Meus amigos e eu só fomos buscar alguém no estação de trem e saímos por aí pelo resto do dia. Eu espero que o tempo continue assim, no entanto. Queremos fazer um piquenique no Hot Springs amanhã.
  — Parece divertido — Caleb disse agradavelmente.
  Elena estava tentada por momento em convidá-lo para ir junto. Apesar da desconfiança de Stefan, ele parecia ser um cara legal, e provavelmente não conhecia muitas pessoas na cidade. Talvez Bonnie flertasse com ele. Ele ela bem bonitinho, afinal. E Bonnie não esteve interessada em ninguém há um tempo.
  Ninguém além de Damon, uma voz secreta disse no canto de sua mente.
  Mas é claro que ela não convidaria Caleb. O que ela estava pensando? Ela e seus amigos não poderiam ter estranhos por perto enquanto conversassem sobre entidades sobrenaturais que estivessem aqui agora.
  Uma pequena pontada de saudade a atingiu. Será que ela poderia ser a garota que tivesse piqueniques, flertes e fosse capaz de falar com aqueles que gosta, só porque ela não tinha segredos obscuros para esconder?
  — Você não está exausto? — Ela pergunou, rapidamente mudando de assunto.
  Ela pensou ter visto um pequeno relance de desapontamento em seus olhos. Será que ele havia percebido que ela estivera pensando em convidá-lo ao piquenique e então mudara de ideia? Mas ele respondeu prontamente o suficiente:
  — Oh, sua tia veio aqui com uns copos de limonada, e eu comi um sanduíche com sua irmã na hora do almoço — ele sorriu. — Ela é uma gracinha. E uma excelente conversadora. Ela me disse tudo sobre tigres.
  — Ela falou com você? — Ela disse com surpresa. — Ela geralmente é tímida perto de pessoas novas. Ela não falaria com meu namorado, Stefan, até que ele estivesse por perto durante uns meses.
  — Oh, bem — ele disse, e encolheu os ombros —, uma vez que eu mostrei a ela alguns truques de mágica, ela ficou fascinada demais que esqueceu de ser tímida. Ela vai ser uma grande mágica quando estiver na primeira série. Ela é natural.
  — Sério? — Elena disse.
  Ela sentiu uma grande pontada em seu estômago, o sentimento de perda. Ela havia perdido tanta coisa na vida de sua irmãzinha. Ela percebeu no café da manhã que parecia e soava mais velha. É como se Margaret tivesse se tornado uma pessoa diferente sem ela. Elena deu uma sacudidela mental em si mesma: ela precisava parar de ser tão chorona. Ela era inacreditavelmente sortuda só por estar ali agora.
  — Oh, sim — ele disse. — Olha, eu ensinei isso a ela.
  Ele estendeu a mão bronzeada, virou-a e a abriu para revelar uma flor de camélia, pálida e branca, fechada em sua mão, então a abriu novamente para revelar um pequeno broto.
  — Uau — disse Elena, intrigada. — Faz de novo.
  Ela assistiu atentamente enquanto ele abria e fechava sua mão algumas vezes, revelando a flor e então o broto, flor e broto.
  — Eu mostrei a Margaret como fazer isso com moedas, trocando entre de vinte e cinco centavos para as de um centavo — ele disse —, mas é o mesmo princípio.
  — Já vi truques como esse antes — ela disse —, mas eu não consigo descobrir onde você esconde aquele que não é visto. Como você faz?
  — Mágica, é claro — ele disse, sorrindo, e abriu sua mão para que a flor de camélia caísse aos pés de Elena.
  — Você acredita em mágica? — ela disse, olhando para cima, para seus quentes olhos azuis.
  Ele estava flertando com ela, ela sabia — os garotos sempre flertavam com Elena caso ela deixasse.
  — Bem, eu deveria — ele disse levemente. — Sou de Nova Orleans, sabe, a casa do vodu.
  — Vodu? — Ela disse, um calafrio descendo sua espinha.
  Caleb riu.
  — Só estou brincando com você — ele disse. — Vodu. Nossa, que monte de asneiras.
  — Oh, certo. Totalmente — Elena disse, forçando um sorriso.
  Uma vez, porém — Caleb continuou —, quando meus pais morreram, Tyler foi me visitar, e nós dois fomos ao French Quarter para conseguirmos nossas sortes de uma sacerdotisa voudon.
  Seus pais morreram? — Elena perguntou, surpresa.
  Caleb abaixou sua cabeça por uns instante, e Elena ergueu sua mão para tocá-lo, pegando ligeiramente na dele.
  — Os meus, também — ela disse.
  Caleb estava bem rígido.
  — Eu sei — ele disse.
  Seus olhos se encontraram e Elena estremeceu em simpatia. Havia tanta dor nos olhos quentes e azuis de Caleb quando ela olhou neles, apesar de seu sorriso fácil.
  — Foi há anos atrás — ele disse com leveza. — Eu ainda sinto falta deles, às vezes, sabe?
  Ela apertou sua mão.
  — Eu sei — ela disse silenciosamente.
  Então Caleb sorriu e sacudiu um pouco sua cabeça, e o momento entre eles terminou.
  — O que eu estava dizendo foi antes disso — ele disse. — Nós tínhamos talvez uns doze anos quando Tyler foi para lá.
  O leve acento sulista de Caleb ficou mais forte enquanto ele continuava, seu tom preguiçoso e rico.
  — Eu não acreditava nessas coisas naquela época, também, e não acho que Tyler acreditasse, mas pensamos que poderia ser divertido. Você sabe como é legal assustar a si mesmo de vez em quando — ele pausou. — Foi bem bizarro, na verdade. Ela tinha várias velas negras queimando e encantos para tudo quanto é lado, coisas feitas com ossos e cabelo. Ela jogou um pouco de pó no chão ao nosso redor e em padrões diferentes. Ela disse a Tyler que uma grande mudança estava vindo para ele e que ele precisava pensar com cuidado antes de se colocar sob o poder de alguém.
  Elena estremeceu involuntariamente. Uma grande mudança certamente veio para Tyler, ele havia se colocado sob o poder do vampiro Klaus. Onde quer que Tyler estivesse agora, as coisas não aconteceram do jeito que ele havia planejado.
  — E o que ela disse a você? — Ela perguntou.
  — Não muito, na verdade — ele respondeu. — Na maior parte, só para ser bonzinho. Ficar fora de encrencas, cuidar de minha família. Esse tipo de coisa. Coisas que eu tento fazer. Minha tia e meu tio precisam de mim agora, com o desaparecimento de Tyler.
  Ele olhou para ela novamente, encolheu os ombros, e sorriu.
  — Como eu disse, no entanto, a maioria foi um monte de besteiras. Mágica e essas coisas de gente louca.
  — Sim — Elena disse ocamente. — Essas coisas de gente louca.
  O sol ficou atrás de uma nuvem e Elena tremeu mais uma vez. Caleb moveu-se para perto dela.
  — Você tá com frio? — Ele disse, e esticou sua mão sobre seu ombro.
  Nesse momento, um estridente crocitar veio das árvores próximas à casa, e um grande corvo negro voou em direção a eles, baixo e rápido. Caleb abaixou suas mãos e mergulhou no chão, cobrindo seu rosto, mas o corvo inclinou-se para cima no último minuto, batendo as asas furiosamente, e disparou acima de suas cabeças.
 — Você viu aquilo? — Ele gritou. — Quase nos atingiu.
 — Vi — Elena respondeu, assistindo enquanto a graciosa silhueta desaparecia no céu. — Eu vi.

10

 Flores mais antigas podem ser usadas para exorcismo, proteção ou prosperidade, Bonnie leu, deitada em sua cama, o queixo sustentado pelas mãos. Misture com consolda e tussilagem e amarre-as com um pedaço de seda vermelha durante a lua crescente para atrair fortuna. Purifique-as com um banho de lavanda, matricária e agripalda para proteção pessoal. Queime-as com hissopo, sálvia e viburno para criar uma fumaça que pode ser usada para exorcizar espíritos maus.
  Viburno? Isso era uma erva? Ao contrário da maioria das outras coisas, essa não parecia ser algo que ela encontrasse no jardim de sua mãe. Ela suspirou audivelmente e pulou alguns parágrafos.
  As melhores ervas para se adicionar à meditação são agrimônia, camomila, damiana, eufrásia e ginseng. Elas devem ser misturadas para se criar uma fumaça ou, quando colhidas ao amanhecer, secas e polvilhadas em forma de círculo ao redor da pessoa.
  Bonnie olhou para o expesso livro sinistramente. Páginas e mais páginas de ervas e quais suas propriedades em diferentes circunstâncias, quando colhê-las e como usá-las. Tudo escrito seca e estupidamente assim como seu caderno de geometria.
  Ela sempre odiou estudar. A melhor coisa do verão entre o colégio e a faculdade era que ninguém esperava que você ficasse com a cara nos livros, tentando memorizar excessivamente fatos chatos. Ainda assim, lá estava ela, fazendo justo isso, e ela fez isso a si mesma.
  Mas quando ela pediu para a Sra. Flowers ensiná-la magia, ela esperava algo, bem, mais legal do que ler um livro pesado sobre ervas. No fundo, ela esperava uma sessão corpo-a-corpo que envolvesse feitiços, ou voar, ou convocar servos fantásticos para obedecerem às suas ordens. Será que não havia como o conhecimento mágico simplesmente fosse implantado em seu cérebro? Tipo, bem, magicamente?
  Ela virou mais algumas páginas.
  Ooh, isso é um pouco mais interessante.
  Um amuleto coberto por canela, prímula e folhas de dente-de-leão atrairá o amor e preencherá desejos secretos. Junte as ervas em uma chuva suave, una-as com um pedaço de veludo vermelho e um fio dourado.
  Bonnie riu e bateu os pés contra o colchão, pensando que ela poderia preencher alguns desejos secretos. Ela teria que colher a canela, ou não tinha problema pegar um pouco da do armário? Ela correu mais algumas páginas. Ervas para clarear a visão, ervas de limpeza, ervas que tinham que ser colhidas à lua cheia ou em um dia ensolarado de junho. Ela suspirou mais uma vez e fechou o livro.
  Já passava da meia-noite. Ela prestou atenção, mas a casa estava em silêncio. Seus pais estavam dormindo.
  Agora que sua irmã Mary, a última das três irmãs mais velhas de Bonnie que saiu de casa, se mudou com o namorado, Bonnie sentia falta de ela estar ao final do corredor. Mas também havia vantagens em não ter a irmã intrometida e mandona por perto.
  Ela levantou-se da cama o mais quieta e cuidadosamente que pôde. Seus pais não tinham ouvidos aguçados como Mary, mas eles viriam checá-la caso a ouvissem levantar no meio da noite.
  Com cuidado, Bonnie arrancou o piso abaixo da cama. Ela o usava para esconder coisas desde que era uma menininha. Primeiro ela mantinha a boneca que ela havia pegado emprestado de Mary sem sua permissão; barras de chocolate compradas com sua mesada; sua fita favorita de seda vermelha. Mais tarde, ela escondia cartas de seu primeiro namorado, ou provas que ela havia tirado nota baixa.
  Nada tão sinistro quanto o que estava escondido lá, agora.
  Ela pegou outro livro tão grosso quanto o volume sobre ervas que a Sra. Flowers havia emprestado para ela. Mas esse aqui tinha uma aparência mais antiga, com uma capa de couro negra enrugada e úmida pelo tempo. Esse livro era da biblioteca da Sra. Flowers, também, mas a Sra. Flowers não havia dado para ela. Bonnie o havia tirado da prateleira enquanto a Sra. Flowers estava de costas, escondendo-o em sua mochila e projetando sua cara mais inocente quando os olhos afiados da Sra. Flowers voltaram para ela.
  Bonnie se sentiu um pouco culpada por enganar a Sra. Flowers desse jeito, especialmente quando a velha senhora concordara em ser sua mentora. Mas, sinceramente, ninguém mais teria pegado o livro, em primeiro lugar. Qualquer que fosse o motivo para Meredith ou Elena querê-lo, imediatamente seria aceito por todos como certo e verdadeiro. Elas nem teriam que dar um motivo, bastassem dizer que precisavam do livro. Só Bonnie teria suspirado e concordado com cabeça — a doce e inocente Bonnie —, e então pararia de fazer aquilo que queria.
  Bonnie teimosamente relaxou o queixo e passou a mão nas letras da capa do livro.
  Atravessando as Fronteiras Entre os Mortos, elas leu.
  Seu coração estava acelerado quando ela abriu o livro na página que ela havia marcado mais cedo. Mas suas mãos estavam bem firmes enquanto ela pegava quatro velas, duas brancas e duas pretas, embaixo do piso.
  Ela riscou um fósforo, acendeu uma das velas negras, então inclinou-a para que cera caísse no chão ao lado de sua cama. Quando havia quantidade de cera o suficiente, Bonnie pressionou a vela ali, assim ela ficou ereta no chão.
  — Fogo do Norte, me proteja — ela entonou.
  Ela pegou uma vela branca.
  Quando ela a fixou ao lado da mesa de cabeceira, seu celular tocou. Bonnie largou a vela e praguejou.
  Inclinando-se, ela pegou o telefone para ver quem estava ligando.
  Elena.
  É claro. Elena nunca percebia o quão tarde era quando ela queria falar com alguém.
Bonnie foi tentada em apertar “ignorar”, mas pensou melhor a respeito. Talvez foi um sinal de que ela não deveria fazer um ritual, pelo menos não hoje. Talvez ela devesse fazer mais algumas pesquisas primeiro para se certificar de que estava fazendo certo. Bonnie apagou a vela negra e apertou o botão para atender o celular.
  — Ei, Elena — ela disse, esperando que sua amiga não notasse sua irritação enquanto ela colocava o livro com gentileza de volta no piso. — O que houve?

  As cinzas estavam insuportavelmente pesadas. Ele lutou contra elas, empurrando o cobertor cinza que o puxava para baixo. Ele se agarrou freneticamente, uma parte dele em pânico ao se perguntar se ele ao menos estava indo para cima, ao invés de afundar-se cada vez mais da superfície.
  Uma de suas mãos pegou levemente algo — algo fino e fibroso, como finas pétalas. Ele não sabia o que era, mas ele sabia que não poderia soltá-lo, e apesar de aquilo prejudicar sua batalha, ele não questionou essa necessidade de segurá-lo.
  Parecia que ele estava cavando as espessas cinzas durante horas, mas finalmente sua outra mão rompeu das camadas decadentes e um alívio inundou seu corpo. Ele estivera indo no caminho certo, ele não ficaria enterrado para sempre.
  Ele saiu de lá às cegas, à procura de algo que pudesse usar para erguê-lo. Cinzas e lama deslizaram por debaixo de seus dedos, dando nada firme para ele, e ele se atrapalhou até que encontrou o que parecia ser um pedaço de madeira.
  Ele se agarrou às bordas da madeira como se fosse uma tábua de salvação em um mar tempestuoso. Gradativamente ele manobrou-se, começando a ficar acima da madeira, escorregando e deslizando sobre a lama escorregadia. Com um último grande esforço, ele tirou seu corpo das cinzas e lama, seus ombros fazendo um grande estalo enquanto ele emergia. Ele subiu seus joelhos, seus músculos gritando em agonia, então seus pés. Ele estremeceu e tremeu, nauseado mas eufórico, e fechou seus braços ao redor de seu torso.
  Mas ele não conseguia ver nada. Ele ficou em pânico até que percebeu que algo fazia com que seus olhos ficassem fechados. Ele esfregou seu rosto até que tirou pedaços pegajosos de lama cinzenta de seus cílios. Depois de um instante, ele finalmente foi capaz de abrir seus olhos.
  Uma terra desolada o cercava. Lama enegrecida, poças d'água embargadas com cinzas.
  — Algo terrível aconteceu aqui — ele disse, rouco, surpreendendo-o.
  Ali era tão profundamente silencioso.
  Estava frio, e ele percebeu que estava pelado, coberto somente com a mesma cinza lamacenta que estava em todos os lugares. Ele debruçou-se e, então, amaldiçoou-se por sua fraqueza momentânea, endireitando-se dolorosamente.
  Ele tinha...
  Ele...
  Ele não conseguia lembrar.
  Uma gota de um líquido caiu de seu rosto, e ele vagamente se perguntou se ele estava chorando. Ou talvez fosse aquele espesso e cintilante fluido que encontrava-se em toda parte, junto à lama e à cinza?
  Quem ele era? Ele não sabia disso, também, e aquele vazio desencadeou um tremor que era diferente das tremedeiras causadas pelo frio.
  Sua mão ainda estava fechada protetoralmente em volta do objeto desconhecido, e ele ergueu seu punho e olhou para aquilo. Depois de um momento, ele vagarosamente abriu seus dedos.
  Fibras negras.
  Então uma gota do fluido opalescente caiu em sua mão, no meio das fibras. Onde aquilo tocava, se transformava. Era cabelo. Cabelo loiro sedoso e cabelo cor de cobre. Muito bonito.
  Ele fechou seu punho novamente e segurou os cabelos contra seu peito, uma nova determinação crescendo dentro dele.
  Ele tinha que ir.
  No meio daquela devastação, uma determinação nasceu em sua mente. Ele disparou através das cinzas e lama, em direção à Casa de Portais com grandes espirais e pesadas portas negras que ele de algum modo sabia que estariam por ali.

Nota do tradutor: Devido a minha falta de tempo, eu decidi que o dia oficial para as postagens da "Leitura Semanal" passarão a ser sexta-feira, não mais quinta. Se der, farei de tudo para postar nas noites de quinta-feira.

3 comentários:

  1. como faço p/ ler a resenha dos capítulos 1 ao 8??

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  2. também quero saber

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  3. Boa noite,
    Bom, sou nova nesse blog então se for possível vocês poderiam me informar como faço para ler os primeiros capítulos do livro PHANTOM. O blog é demais, meus parabéns a todos que o administram.
    Agradecerei pala informação.
    Carline.

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