Leitura Semanal - Diários do Vampiro, o retorno: Meia-Noite #9
Essa semana, há somente um capítulo. Semana que vem, recompenso com 3 capítulos.
Sinopse: Elena retorna da Dimensão das Trevas, tendo liberto seu namorado vampiro Stefan Salvatore do aprisionamento... Mas não sem uma consequência. Sua salvação custará bastante. Ainda se recuperando do último choque, eles são forçados a encarar os demônios que dominaram Fell's Church. Elena deve tomar uma decisão que custará seu amor: Damon ou Stefan?
Obs.: Caso for copiar, favor creditar o site.
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Capítulo
15
Bonnie acordou
lentamente, e se viu num lugar escuro.
Então, ela desejou não ter acordado. Ela
estava em um lugar sem portas — com paredes que bloqueavam o horizonte onde o
Sol pendia-se para sempre. Ao seu redor havia muitas garotas, todas com
aproximadamente a sua idade. Isso era intrigante, para começo de tudo. Se você
pegasse aleatoriamente uma garota na rua, muitas gritariam por suas mães, e não
havia ninguém ali com idade de uma mãe para tomar contar conta delas. Até que
poderia haver de ter algumas mulheres mais velhas por ali. Esse lugar se
parecia...
… Ai, Deus, parecia com um daqueles depósitos
de escravos que ele haviam passado na última vez que vieram à Dimensão das
Trevas. Aqueles que Elena havia ordenado para que elas não olhassem ou ouvissem
ao que estava acontecendo. Mas Bonnie tinha certeza de que estava dentro de um,
e não havia como olhar para os rostos, para os olhos amedrontados ou para as
bocas trêmulas que estavam ao seu redor.
Ela queria falar, tentar achar um jeito —
pois haveria um jeito, Elena
insistiria — de sair dali. Mas primeiro, ela reuniu todo o seu Poder ao seu
comando, envolveu-o em um grito, e gritou em silêncio:
Damon!
Damon! Socorro! Eu preciso muito de você!
Tudo que ela ouviu em resposta foi o
silêncio.
Damon!
É a Bonnie! Estou num depósito de escravos! Socorro!
De repente, ela teve
um pressentimento, e abaixou suas barreiras psíquicas. Ela foi imediatamente
esmagada. Mesmo ali, na periferia da cidade, o ar estava embargado de mensagens
longas e curtas: gritos de impaciência ou de camaradagem, de saudação ou de ajuda.
Os mais longos, e menos impacientes, eram conversas, desde instruções e
provocações até histórias. Ela não pôde acompanhar. Tornou-se uma onda ameaçadora
de sons psíquicos que poderiam quebrar sua cabeça, ou esmagá-la em um milhão de
pedacinhos.
E então, de repente, todo o tumulto
telepático desapareceu.
Bonnie era capaz de focar seus olhos em uma
garota loira, um pouco mais velha que ela e quase quatro centímetros mais alta.
— Eu disse, você está bem? — A garota estava
repetindo; obviamente, ela estava dizendo isso fazia um bom tempo.
— Sim. — Bonnie disse automaticamente.
Não! Bonnie pensou.
— Você
deve se preparar para andar. Eles soaram o primeiro apito para o jantar, mas
você parecia meio desligada. Eu esperarei pelo segundo.
O que eu devo dizer? Obrigada parecia satisfatório.
— Obrigada. — Bonnie disse.
Então, sua boca disse por conta própria:
— Onde estou?
A loira parecia surpresa.
— No depósito de escravos fugitivos, é claro.
Bem, aí está.
— Mas eu não fugi. — Ela protestou. — Estava
indo atrás de um bombom.
— Eu não sei de nada. Eu estava tentando fugir, mas eles finalmente me capturaram. — A
garota bateu o punho em sua outra mão aberta. — Eu sabia que não devia ter
confiado naquele carregador de liteiras. Trouxe-me direto às autoridades, me
enganando descaradamente.
— Quer dizer que você havia abaixado a
cortina das liteiras? — Bonnie estava perguntando, quando um apito estridente a
interrompeu.
A loira pegou seu braço e começou a
arrastá-la para longe.
— Esse é o segundo apito para o jantar... Não
queremos perder esse, porque depois eles fecham tudo. Sou Eren. Você é?
— Bonnie.
Eren bufou e sorriu.
— Por mim, tudo bem.
Bonnie deixou-se ser levada escada acima,
para uma cafeteria suja. A loira, quem parecia se considerar a guardiã de
Bonnie, pegou para ela uma bandeja e a puxou consigo. Bonnie não pegou nada do
que eles tinham, nem mesmo vetar sobre o macarrão que se contorcia um pouco,
mas no fim ela conseguiu roubar um pãozinho extra.
Damon!
Ninguém havia dito que ela não podia ficar
mandando mensagens, então ela continuava fazendo isso.
Se ela fosse ser punida, ela pensou
desafiadoramente, ela seria por tentar sair dali.
Damon,
estou num depósito de escravos! Ajude-me!
A Loira Eren pegou um
garfo, então Bonnie fez o mesmo. Não havia facas. Havia finos guardanapos, o
que deixou Bonnie aliviada, pois eram lá que o Macarrão Contorcido terminaria.
Sem Eren, Bonnie nunca teria encontrado um
lugar nas mesas, que estavam abarrotas de jovens garotas comendo.
— Vai pra lá, vai pra lá. — Eren continuava
dizendo, até que houve espaço para Bonnie e ela.
O jantar era o teste de coragem de Bonnie...
E também o quão alto ela poderia gritar.
— Por que você está fazendo isso tudo por
mim? — Ela disse em direção ao ouvido de Eren, quando houve uma pausa naquelas
conversas ensurdecedoras.
— Ah, bem, por você ser ruiva e tudo o mais…
Coloquei na cabeça a mensagem de Aliana, você sabe. Aquela para a Bonny real. —
Ela pronunciava estranhamente, meio que engolindo o “y”, mas pelo menos não era
Bonna.
— Qual delas? Quero dizer, qual mensagem? —
Bonnie gritou.
Eren deu-lhe um olhar de você-está-de-gozação.
— Ajude quando puder, acolha quando tiver um
quarto, guie quando você souber aonde ir. — Ela disse numa espécie de canto
impaciente, então, envergonhada, acrescentou: — E seja paciente com os mais
lentos.
Ela atacou sua comida com ar de quem havia
dito tudo que tinha para se dizer.
Ai, Deus, Bonnie pensou. Alguém devia ter
inventado e espalhado por aí.
Elena nunca havia dito algo como isso.
Sim, mas... Mas talvez ela tenha vivenciado tudo aquilo, Bonnie pensou,
um formigamento passando por todo o seu corpo. E talvez alguém havia visto e
escrito as palavras. Pode ter sido aquele cara com aparência estranha que ela
tinha dado seu brincou ou bracelete, ou coisa assim. Ela havia dado seus
brincos às pessoas que possuíam cartazes, também. Cartazes que diziam: FAÇO POESIA EM TROCA
DE COMIDA.
O resto do jantar foi de pegar a comida com o
garfo e não olhar para ela, mastigar uma vez, e então decidir de cuspia no
guardanapo ou tentava engolir sem nem ao menos sentir o sabor.
Depois, as garotas foram marchando em direção
ao outro prédio, esse cheio de paletes de madeira*,
pequenos e não tão confortáveis enquanto Bonnie estava deitada sobre eles.
Agora, ela tinha medo de tentar sair do quarto. Lá, ela estava segura, ela
teria comida que se pudesse comer, poderia se divertir — até mesmo os Dustbins
eram uma lembrança boa e bonita... E ela teria a chance de Damon encontrá-la. Aqui,
ela não tinha nada.
*Isso é um palete: http://bellaforma.com.br/media/image/outras/cm%2020g-.jpg
Mas Eren parecia ter alguma influência
hipnótica nas garotas ao seu redor, ou todas a consideravam a própria Aliana,
pois quando ela gritou “Onde tem um palete? Tenho uma garota nova no meu
quarto. Vocês acham que ela vai dormir neste chão imundo?” logo apareceu um
palete poeirento que foi passado de mão em mão até o “quarto” de Eren: um grupo
de paletes que tinha suas cabeças próximas uma das outras, no meio da sala. E
então, Eren entrou a Bonnie um guardanapo.
— É dando que se recebe. — Ela disse
firmemente, e Bonnie se perguntou se ela pensava que Aliana havia dito isso
isso também.
Um apito estridente.
— Dez minutos para as luzes se apagarem. —
Gritou uma voz rouca. — Quem não estiver em seu palete em dez minutos, será
punida. Amanhã a sessão C subirá.
— Tudo bem! Estaremos surdas antes mesmo de
sermos vendidas. — Eren murmurou.
— Antes mesmo de sermos vendidas? — Bonnie
repetiu estupidamente, mesmo ela já sabendo o que aconteceria, desde o primeiro
momento em que ela havia reconhecido este depósito de escravos.
Eren virou e cuspiu.
— Sim. — Ela disse. — Assim, você poderá ter
outro colapso, e então acabou. Só irão duas por cliente, e amanhã você desejará
ser uma delas.
— Eu não ia perguntar isso. — Bonnie disse,
com toda sua coragem sob seu controle. — Ia perguntar em como iremos ser
vendidas. É um desses horríveis lugares públicos em que temos que ficar na
frente de uma multidão?
— Sim, é assim que a maioria de nós estará. —
Uma menina jovem, que esteve chorando silenciosamente durante esse tempo todo,
disse em uma voz delicada. — Mas aquelas que eles escolherem como itens
especiais terão que esperar. Eles nos darão banho e uma roupa especial, mas é
somente para parecermos mais apresentáveis para os clientes. Assim, os clientes
podem nos inspecionar bem de perto. —
Ela murmurou.
— Você está assustando a garota nova, Ratinha.
— Eren repreendeu. — Chamamos ela de Ratinha, porque ela sempre está com medo.
— Ela disse à Bonnie.
Damon!
Bonnie gritou silenciosamente.
Damon estava vestindo seu novo terno de
capitão da guarda. Estava bom, sendo preto sobre preto, com riscas pretas um
pouco mais claras (até mesmo Damon teve que reconhecer a necessidade do
contraste). Ele tinha um manto.
E ele era cem por cento vampiro novamente,
tão poderoso e tão cheio de prestígio que ele jamais chegou a imaginar. Por um
momento, ele simplesmente deleitou-se com o trabalho bem feito.
Então, ele flexionou seus músculos de vampiro
com mais força, chegando onde estava Jessalyn, vendo que ela se encontrava no
andar de cima, em um sono profundo, enquanto liberava seu Poder por toda a Dimensão
das Trevas, para ver o que estava acontecendo nos diferentes bairros.
Jessalyn... Aí estava o dilema. Damon sentia
que devia deixar-lhe uma nota ou coisa parecida, mas não sabia ao certo o que
dizer.
O que ele poderia dizer a ela? Que ele havia ido
embora? Ela veria por si mesma. Que ele sentia muito? Bem, obviamente ele não
sentia muito por ter ido embora. Que ele tinha deveres em outro lugar? Espera. Isso
pode até funcionar. Ele poderia dizer que precisava checar os territórios dela,
e ao ficar aqui, ele duvidava que pudesse fazer algo. Ele poderia dizer que
voltaria... Logo. Logo, logo. Bem loguinho.
Damon pressionou sua língua contra um canino
e sentiu com nitidez e gratificação o comprimento. Ele queria muito
experimentar aqueles programas de luta vampíricas. Ele queria caçar, essa era a
verdade. É claro, havia ali muito vinho Black Magic, bastava ele parar um servo
e pedir um pouquinho que logo o servo traria uma garrafa. Damon tinha pegado
algumas garrafas, uma vez ou outra, mas o que ele queria mesmo era caçar. Não queria um escravo ou um animal, e não
parecia muito justo ficar vagando pelas ruas na esperança de encontrar uma
nobre e, assim, conhecê-la melhor.
Foi neste momento que ele se lembrou de
Bonnie.
Em questão de três minutos, ele tinha tudo
pronto, incluindo uma entrega anual de rosas para a princesa em seu nome.
Jessalyn havia lhe dado um salário bem vantajoso, e já tinha adiantado o
primeiro pagamento.
Em outros cinco minutos, ele estava voando,
embora isso fosse um jeito bem mal-educado de se agir na cidade, e parou na
área de comércio.
Dentro de quinze minutos, ele tinha em suas
mãos o pescoço da dona de onde Bonnie estava, no qual ele havia pagado bastante
para que ela esquecesse tudo o que havia acontecido.
Dezesseis minutos depois, a mulher oferecia
cruelmente a vida de seu jovem e não tão inteligente escravo como recompensa.
Ele ainda estava usando seu uniforme de capitão da guarda. Ele poderia matar o
garoto, torturá-lo, fazer o que quiser... Ele poderia até ter seu dinheiro de
volta...
— Eu não quero o seu escravo imundo. — Ele
rosnou. — Eu quero a minha de volta! Ela vale...
Ele parou, tentando calcular quantas meninas
comuns Bonnie valia. Cem? Mil?
—... Ela vale infinitamente mais! — Ele havia começado, quando a mulher o
surpreendeu ao interrompê-lo.
— Por que você a deixou num lixão como esse,
então? — ela disse. — Ah, sim, eu sei como é a aparência do meu
estabelecimento. Se ela é assim tão preciosa, porque você a deixou aqui?
Porque ele a havia deixa neste lugar? Damon não podia pensar nisso agora. Ele
estava em pânico, meio que fora de controle... Isso que dá ser humano outro
vez. Ele esteve só pensando em si mesmo, enquanto a Bonniezinha — a frágil
Bonnie, o seu passarinho — esteve presa em um lugar imundo. Ele não queria
continuar a pensar nisso. Isso fez com que se sentisse quente e frio ao mesmo
tempo.
Ele mandou que fizessem uma procura nos
prédios vizinhos. Alguém tinha que ter visto alguma coisa.
Bonnie havia acordado
bem cedo, separando-se de Eren e Ratinha. Ela imediatamente teve uma vontade de
perder o controle, de ter um colapso, tudo de uma vez. Ela estava se tremendo
toda.
Damon!
Socorro!
Então, ela viu uma garota que não conseguia
levantar de seu palete, e viu uma mulher com braços de homem vindo com uma vara
de cinzas brancas para aplicar a punição.
E então, algo pareceu passar pela mente de
Bonnie. Elena ou Meredith teriam tentado detê-la, ou até tentado sair deste
lugar em que ela estava presa, mas Bonnie não conseguia. A única coisa que pôde
fazer foi não tentar entrar em colapso.
Ela tinha uma música grudada na cabeça, e não
era uma que ela gostava, mas se repetia infinitamente enquanto os escravos eram
desumanizados, transformando-se em corpos mecânicos, mas limpos, e sem mentes.
Ela estava sendo limpa impiedosamente por
duas mulheres musculosas, cuja toda sua vida, sem dúvida, consistia em esfregar
meninas de rua encardidas para parecem bonitas — pelo menos, por uma noite. Mas
finalmente seus protestos fizeram com que as mulheres olhassem para ela — para
sua limpa e quase translúcida pele — e então elas se concentraram em lavar seu
cabelo, mas mais parecia que eles estavam sendo arrancado de suas raízes. Finalmente,
ela estava pronta e lhe fora dado uma toalha adequada para se secar. A seguir,
no que ela percebeu que parecia mais uma linha grande de montagem, gentis
mulheres rechonchudas tiraram-na a toalha, colocaram-na em um sofá e começaram
uma massagem com óleo. Justo quando ela estava começando a se sentir melhor,
ela foi empurrada para que o óleo fosse removido, exceto o que havia penetrado
em sua pele. Mulheres, então, apareciam, chamando cada uma por um número, onde
logo Bonnie fora encaminhada para um guarda-roupa, onde três vestidos a
esperavam em um cabide. Havia um preto, um verde e um cinza.
Eu vou pegar o verde por causa do meu cabelo,
Bonnie pensou sem demonstrar expressão, mas depois de ela ter experimentado os
três, uma mulher havia levado o verde e o cinza, deixando Bonnie com aquele
vestidinho preto e cheio de bolhas, sem alça, com um toque brilhante de algum
tipo de material branco no pescoço.
Logo à frente havia uma grande sala de
banheiros, onde seu vestido fora cuidadosamente coberto por um robe. Ela foi
levada à uma cadeira com secador de cabelo e vários tipos de maquiagem, no qual
uma mulher com roupa branca havia aplicado em excesso no rosto de Bonnie.
Então, enquanto o secador balançava sobre sua
cabeça, Bonnie, com um lenço roubado, atreveu-se a tirar um pouco de maquiagem.
Ela não queria parecer bonita, não queria ser vendida. Quando ela terminou, ela
ainda tinha cílios prateados, um toque de blush e batom aveludado
rosa-avermelhado que não queriam sair.
Só depois de ela ter penteado seu cabelo com as
mãos até que eles ficassem secos é que a antiga máquina fez o seu ping.
A próxima estação era quase igual ao Dia de
Ação de Graças dentro de uma loja de sapatos. As meninas mais fortes ou as mais
determinadas conseguiam os melhores sapatos de suas irmãs mais fracas e
perdidas, conseguindo colocar somente um só sapato no pé, e assim recomeçava o
processo novamente. Bonnie estava com sorte. Ela viu um pequeno sapato preto
que tinha um arco ligeiramente prateado descend até a rampa e manteve seus
olhos nele enquanto ele passava de menina e menina, até que alguém os deixou
cair e mergulhou e os experimentou.
Ela não sabia o que havia feito até que percebeu
que o sapato coube. Mas coube, e ela foi para a próxima estação para pegar o
próximo par. Enquanto ela estava esperando, outras garotas estavam experimentando
perfumes.
Bonnie viu garotas escondendo dois fracos de
perfume em seus espartilhos e se perguntou se elas iriam vendê-los ou se
envenenar com eles. Havia flores também.
Bonnie já estava tonta com tanto perfume e
decidiu não usar nenhum, mas uma mulher alta borrifou algo por cima de sua
cabeça e uma fragrância de morango silvestre fora fixado em seus cachos, sem
ninguém ao menos ter pedido.
A última estação era a mais difícil de
suportar. Ela não estava usando nenhuma jóia e teria posto somente um bracelete
para combinar com o vestido. Mas foram lhe dado dois: braceletes de plásticos finos
e inquebráveis, cada um com um número — sua identidade a partir de agora, lhe
contaram.
Braceletes de escravos. Ela havia sido
lavada, embalada e carimbada, para que pudesse ser convenientemente vendida.
Damon!
Ela gritou sem voz, mas algo dentro dela
havia morrido, e ela soube que suas chamadas não seriam respondidas.
— Ela foi recolhida como uma escrava fugitiva
e foi confiscada. — O homem da loja de doces disse a Damon impacientemente. — E
isso é tudo que eu sei.
Damon saiu com um sentimento que ele não experimentava
geralmente. Muito medo. Ele estava começando a acreditar que todo esse tempo fora
perdido; que ele nunca conseguiria salvar o seu passarinho. Que ela veria cenários terríveis antes que ele pudesse salvá-la.
Ele não podia ficar perdendo tempo
visualizando tais coisas. O que ele faria se não a encontrasse a tempo...?
Ele estendeu a mão e sem o menor esforço
agarrou a garganta do homem da loja de doces, levantando-o do chão.
— Precisamos bater um papinho. — Ele disse,
mostrando seus olhos ameaçadores para os esbugalhados de sua presa. — Sobre como ela fora confiscada. Nem tente
lutar. Se você não machucou a menina, você não tem o que temer. Caso
contrário...
Ele puxou o homem aterrorizado pelo balcão e
disse gentilmente:
— Caso contrário, então, teremos problemas. De
qualquer forma, não fará diferença alguma no fim... Se é que você me entende.
As garotas foram postas nas maiores
carruagens que Bonnie já vira na Dimensão das Trevas, três magras meninas
sentadas em dois bancos estreitos em cada carruagem. Ele teve um sobressalto
desagradável, porém, quando percebeu que aquela coisa seria puxada por suados
escravos nos cantos. Era liteira gigante e Bonnie imediatamente enterrou seu
nariz no aroma de morango silvestre em seus cabelos.
Havia uma função adicional ao fazer isso:
esconder suas lágrimas.
— Você tem alguma ideia em quantas casas,
halls, salões de dança e teatros as garotas serão vendidas esta noite? — A
Guardiã com cabelo loiro dourado disse para ele ironicamente.
— Se eu soubesse, — Damon disse com seu
sorriso frio e sinistro. — Eu não estaria aqui perguntando a você.
A Guardiã deu de ombros.
— Nosso trabalho é somente manter a paz por
aqui... E você pode ver como somos bem sucedidos. É um trabalho para pouco de
nós; estamos com falta de pessoal. Mas posso te dar uma lista de locais onde as
garotas serão vendidas. Ainda assim, como eu disse, duvido que você seja capaz
de encontrar sua fugitiva antes de amanhecer. A propósito, estamos de olho em
você, por causa desses seus critérios de procura. Se sua fugitiva não for uma
escrava, ela será propriedade Imperial... Nenhum humano é livre aqui. Se ela
for, e você a libertou, conforme fora reportado pelo padeiro do outro lado da
rua...
— Vendedor de doces.
— Que seja. Então, ele teve todo
o direito de usar uma arma tranquilizante quando ela correu. Melhor pra ela,
verdade, do que ser propriedade Imperial; eles costumam ser rudes, se é que
você entende. Em níveis cada vez mais baixos.
— Mas se ela fosse uma
escrava... Minha escrava…
— Então, você pode levá-la. Mas há uma certa
punição obrigatória antes que você
possa tê-la. Queremos desestimular esse tipo de coisa.
Damon olhou para ela com olhos que a fizeram
encolher-se e olhar para o lado, abruptamente perdendo sua autoridade.
— Por quê? — Ele exigiu. — Pensei que
você tinha alegado ser da outra Corte. A Celestial, sabe?
— Queremos desencorajar fugas por que houve
muitas desde que uma menina chamada Alianna chegou. — A Guardiã disse, sua veia
visivelmente em sua têmpora. — E então, eles são capturados e há mais razões
para se tentar novamente... E todas estão ligadas
à garota, eventualmente.
Não havia ninguém no Grande Salão quando
Bonnie e as outras garotas foram empurradas das grandes liteiras para o prédio.
— É um prédio novo, então não está nas listas.
— Ratinha disse, inesperadamente em seu ombro. — Não haverá muitas pessoas que
saberão disso, então só ficará cheio bem mais tarde, quando a música tocar bem
alto.
Ratinha parecia estar se agarrando nela em
busca de conforto. Isso era bom, mas Bonnie precisava de algum conforto para si
só. No minuto seguinte, ela viu Eren e, trazendo Ratinha consigo, ela se dirigiu
em direção à loira.
Eren estava parada com as costas contra a
parede.
— Bem, podemos ficar por aí como várias
solitárias, — ela disse, enquanto alguns homens se aproximavam. — Ou podemos
fingir que estamos nos divertindo muito. Alguém conhece uma história?
— Ah, eu conheço. — Bonnie disse
distraidamente, pensando na Esfera Estelar com a Quinhentas Histórias Para
Crianças.
Instantaneamente houve um
tumulto.
— Conte!
— Sim, por favor, conte!
Bonnie tentou pensar nos contos
de fadas que havia experimentado.
É claro. Havia aquela sobre o
tesouro kitsune.
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