Leitura Semanal - Diários do Vampiro, o retorno: Meia-Noite #12
Estamos no meio do livro, minha gente! õ/
Sinopse: Elena retorna da Dimensão das Trevas, tendo liberto seu namorado vampiro Stefan Salvatore do aprisionamento... Mas não sem uma consequência. Sua salvação custará bastante. Ainda se recuperando do último choque, eles são forçados a encarar os demônios que dominaram Fell's Church. Elena deve tomar uma decisão que custará seu amor: Damon ou Stefan?
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Capítulos anteriores:
Capítulo
21
Alguém ainda estava
batendo na porta de Stefan.
— Deve ser um pica-pau. — Elena disse quando
ela pôde falar. — Eles batem em portas, não é?
— Dentro de casa? — Stefan disse atordoado.
— Ignore e ele vai embora.
Um momento mais tarde, a batido voltou.
Elena gemeu:
— Eu não acredito
nisso.
— Você quer que eu traga a cabeça da coisa?
Desvinculando-a de seu pescoço, eu quero dizer?
Elena considerou. Enquanto as batidas
continuavam, ela estava começando a ficar mais preocupada e menos confusa.
— É melhor vermos se é um pássaro, eu acho. — Eu disse.
Stefan afastou-se dela, de alguma forma
colocando o seu jeans, e cambaleou até a porta. Apesar de tudo, Elena teve pena
de quem quer que estivesse do outro lado.
As batidas começaram novamente.
Stefan chegou à porta e quase a arrancou das
dobradiças.
— Mas que diab... — Ele parou, de repente
moderando sua voz. — Sra. Flowers?
— Sim. — A Sra. Flowers disse,
deliberadamente sem ver Elena, quem estava usando um lençol e que estava em sua
linha de visão.
— Trata-se da amada Meredith. — A Sra.
Flowers disse. — Ela está em choque, e precisa vê-lo agora, Stefan.
A mente de Elena ligou os pontos como quem monta
um quebra-cabeça. Meredith? Em choque?
Exigindo ver Stefan, mesmo quando, Elena tinha certeza disso, a própria Sra.
Flowers devia ter indicado o quão... Ocupado Stefan estava no momento?
Sua mente ainda estava solidamente ligada à
de Stefan. Ele disse:
— Obrigado, Sra. Flowers. Estarei lá embaixo
em instantes.
Elena, quem estava vestindo suas roupas o
mais rápido que podia, enquanto agachava-se pelo outro lado da cama, adicionou
uma sugestão telepática.
— Talvez você pudesse fazer para ela um bom
copo de... Quero dizer, xícara de chá. — Stefan adicionou.
— Sim, querido, boa ideia. — A Sra. Flowers
disse gentilmente. — E se você ver Elena, poderia você dizer a ela que a amada
Meredith perguntou por ela, também?
— Ambos já vamos. — Stefan disse
automaticamente.
E então ele virou-se e rapidamente fechou a
porta.
Elena deu-lhe um tempo para que colocasse uma
camisa e sapatos, e então ambos desceram para cozinha, onde Meredith estava
bebendo uma boa xícara de chá, mas dando voltas como um leopardo enjaulado.
Stefan começou:
— O que...
— Eu vou te dizer o que há de errado, Stefan
Salvatore! Não... Você me diga! Você esteve em minha mente antes, então você
deve saber. Você deve ser capaz… De
dizer… Algo sobre mim.
Elena ainda estava conectada com Stefan. Ela
sentiu seu desânimo.
— Dizer o que sobre você? — Ele disse
gentilmente, puxando uma cadeira da mesa da cozinha para que Meredith pudesse
sentar.
O simples ato de sentar-se, de parar de
responder, pareceu acalmar Meredith ligeiramente. Mas ainda assim, Elena pôde
sentir o seu medo e dor como se uma espada de aço estivesse em sua língua.
Meredith aceitou um abraço e tornou-se ainda
mais calma. Um pouco mais parecida com si mesma do que como um animal
enjaulado. Mas a batalha era tão visceral e tão clara dentro dela que Elena não
pôde suportar deixá-la, mesmo quando a Sra. Flowers depositou quatro canecas ao
redor da mesa e aceitou outra cadeira que Stefan ofereceu.
Então, Stefan sentou. Ele sabia que Elena
ficaria em pé ou compartilharia a cadeira com Meredith, mas qualquer que fosse
sua escolha, seria ela quem decidiria.
A Sra. Flowers estava agitando delicadamente
mel em sua caneca de chá e, em seguida, passou o mel justamente para Stefan,
que deu para Elena para que ela colocasse a quantidade que Meredith gostava em
sua xícara e então agitou delicadamente, também.
O som comum e civilizado de duas colheres
tintilando quietamente parecia acalmar Meredith cada vez mais. Ela pegou a
caneca que Elena deu a ela e sorveu, e então bebeu sedentamente.
Elena pôde sentir o suspiro mental de alívio
de Stefan enquanto Meredith acalmava-se em níveis cada mais baixos. Ele
educamente sorveu de seu próprio chá, que estava quente, mas não queimando,
feito de frutas doces e ervas naturais.
— Está bom. — Meredith disse. Ela era quase
uma humana agora. — Obrigada, Sra. Flowers.
Elena se sentiu mais leve. Ela relaxou o
suficiente para puxar sua própria caneca de chá, despejar muito mel dentro,
mexer e dar um gole.
Excelente! Chá calmante!
Isso é
camomila e pepino, Stefan lhe disse.
— Camomila e pepino. — Elena disse,
balançando a cabeça sabiamente. — Para relaxar.
E então ela corou, porque a Sra. Flowers
sorrira para ela e ela sabia exatamente o que havia dentro daquilo.
Elena, às pressas, bebeu mais chá e viu que
Meredith pegara mais também e sentiu que tudo começara a parecer quase certo. Meredith era completamente
Meredith agora, não algum tipo de animal feroz. Elena apertou levemente a mão
de sua amiga.
Havia somente um problema. Os seres humanos
eram menos assustadores que feras, mas ao menos eles podiam chorar. Meredith,
quem nunca chorou, agora estava tremendo e lágrimas caíam em seu chá.
— Você sabe o que é morcillo, certo? — Por fim, ela perguntara à Elena.
— Às vezes, tínhamos
ensopado disto em sua casa, não? — Ela disse — Servido com tapas?
Elena havia crescido com chouriço como
refeição ou lanchinho da tarde na casa de sua amiga, e estava acostumada com os
pequenos pedaços da deliciosa comida que só a Sra. Sulez sabia fazer.
Elena sentiu o coração de Stefan se afundar.
Ela olhou para frente e para trás, dele para Meredith.
— Descobri porque minha mãe nem sempre fazia
isso. — Meredith disse, olhando para Stefan agora. — E meus pais tiveram um bom
motivo para mudarem a data do meu aniversário.
— Conte-nos tudo. — Stefan sugeriu
delicadamente.
E então, Elena sentiu algo que nunca sentira
antes. Uma onda... Como uma onda muito gentil, que falava direto do centro de
Meredith, no cérebro de Meredith. Isso disse: Conte tudo e mantenha a calma. Sem raiva. Sem medo.
Mas não era
telepatia. Meredith sentiu o pensamento em seu sangue e osso, mas não escutou
com os ouvidos.
Isso era Influência. Antes que Elena pudesse
tacar sua caneca em seu amado Stefan por usar Influência em um de seus amigos,
Stefan disse, só pra ela:
Meredith
está ferida, com medo e com raiva. Ela tem seus motivos, mas precisa de paz.
Provavelmente, não conseguirei contê-la, mas tentarei.
Meredith enxugou os
olhos.
— Descobri que nada é como eu pensei que
fosse... Na noite em que tinha três anos.
Ela descreveu o que seus pais contaram a ela,
sobre tudo que Klaus havia feito. Contar a história, mesmo quietamente, estava
desfazendo todas as Influências calmantes que haviam ajudado Meredith a manter-se
no controle. Ela estava começando a tremer novamente. Antes que Elena pudesse
segurá-la, ela estava de pé e caminhando em volta da sala.
— Ele riu e disse que eu precisaria de sangue
toda semana... Sangue animal... Ou eu morreria. Não precisaria de muito. Só uma
colher ou duas. E minha pobre mãe não queria perder outro filho. Ela fez o que
lhe fora dito. Mas o que acontece se eu beber mais sangue, Stefan? O que
acontece se eu beber o seu?
Stefan estava pensando, desesperadamente
tentando ver se durante todos esses anos de experiência ele havia visto algo
como isso. Enquanto isso, ele respondeu a parte fácil:
— Se você bebesse o suficiente do meu sangue,
você se transformaria em uma vampira. Mas isso aconteceria com qualquer um.
Contigo... Bem, deve precisar de menores quantidades. Então, não deixe que
nenhum vampiro te engane querendo fazer uma troca de sangue. Uma vez só já deve
ser o suficiente.
— Então, eu não sou uma vampira? Neste momento? Nenhum tipo de vampiro? Há diferentes tipos disso?
Stefan respondeu bem seriamente:
— Nunca ouvi falar em “diferentes tipos” de
vampiro em minha vida, exceto por Antigos. Posso dizer que você não tem uma
aura de vampiro. E quanto aos seus dentes? Você pode fazer com que seus caninos
fiquem afiados? Normalmente, é melhor se testar próximo a sangue humano. Mas
não do seu próprio sangue.
Elena prontamente estendeu seu braço, a
lateral da veia de seu pulso virada para cima. Meredith, com olhos fechados em
concentração, fez um grande esforço, no qual Elena sentiu através de Stefan.
Então, Meredith abriu seus olhos, sua boca também se abrira para uma inspeção
odontológica. Elena começou com seus caninos. Eles pareciam um pouco afiados,
mas os de todo mundo pareciam, não é mesmo?
Cuidadosamente, Elena alcançou a ponta de seu
dedo lá dentro. Ela tocou um dos caninos de Meredith. Um pouco pontiagudo.
Assustada, Elena se afastou. Ela olhou para
seu dedo, onde uma pequena gota de sangue começara a brotar.
Todos ficaram olhando, hipnotizados. Então, a
boca de Elena disse sem dar uma pausa para consultar o seu cérebro:
— Você tem dentes de gatinho.
A seguir, Meredith empurrara Elena para o
lado e andou freneticamente ao redor da cozinha.
— Eu não serei isso! Eu não serei! Sou uma
Caçadora, não uma vampira! Vou me matar
se eu for uma vampira!
Ela estava muito séria.
Elena sentiu Stefan sentindo isso: a
perfuração rápida da estaca entre suas costelas, em direção ao seu coração. Ela
iria à internet só para encontrar a área certa. Madeira e cinzas brancas perfurando
seu coração, aquietando-o para sempre... Acabando com o mal que era Meredith
Sulez.
Mantenha
a calma! Mantenha a calma! A Influência de Stefan passou por ela.
Meredith não estava calma.
— Mas antes, eu tenho que matar meu irmão. —
Ela jogou uma fotografia na mesa de cozinha da Sra. Flowers. — Descobri que
Klaus ou outro alguém tem mandado uma dessas desde que Cristian tinha quatro
anos... No dia do meu verdadeiro aniversário. Durante todo esse tempo! E em todas as fotos vocês podem ver que ele
tem dentes de vampiro. Não “dentes de
gatinho”. E então, elas pararam de chegar quando eu tinha dez anos. Mas elas
mostravam ele envelhecendo! Com dentes afiados! E ano passado, chegou essa
aqui.
Elena saltou em direção à foto, mas ela
estava mais próxima de Stefan, que foi mais rápido. Ele a olhou com espanto.
— Envelhecendo? — Ele disse.
Ela pôde ver o quão trêmulo ele estava... E
com inveja. Ninguém havia lhe dado essa opção.
Elena olhou para Meredith, a andante, e
voltou para Stefan.
— Mas isso é impossível, não é? — Ela disse.
— Pensei que, uma vez que você fosse mordido, acabou, não é isso? Você nunca
mais envelhece... Ou cresce.
— Foi isso o que eu pensei. Mas Klaus era um
Antigo e quem sabe o que eles podem fazer? — Stefan respondeu.
Damon
vai ficar furioso quando descobrir, Elena disse a Stefan privativamente,
alcançando a foto mesmo ela já tendo visto-a pelos olhos de Stefan.
Damon ficava amargo pela altura vantajosa de
Stefan... Na verdade, ele ficava amargo com qualquer vantagem que alguém
tivesse.
Elena trouxe a foto para a Sra. Flowers e
ambas a olharam. Mostrava um menino extremamente bonito, com cabelo que era
exatamente tão escuro quanto o de Meredith. Ele parecia com Meredith em sua
estrutura facial e cor azeitonada. Ele estava usando uma jaqueta de
motociclista e luvas, mas sem capacete, e estava rindo alegremente com um
conjunto completo de dentes muito brancos. Você podia ver facilmente que seus
caninos eram longos e pontudos.
Elena olhou da foto para Meredith, repetidamente.
A única diferença que ela pôde ver era que os olhos desse menino pareciam mais
claros. Tudo o mais gritava “gêmeos”.
— Primeiro, eu o mato. — Meredith disse
cansadamente. — Então, eu me mato.
Ela tropeçou de volta à mesa e sentou-se,
quase derrubando sua cadeira.
Elena pairou perto dela, pegando duas canecas
da mesa, para evitar que o braço desajeitado de Meredith jogasse-os no chão.
Meredith... Desajeitada! Elena jamais vira
Meredith sem jeito ou desajeitada antes.
Isso era assustador. Isso acontecia devido
por ela ser — ao menos, por parte — vampira? Com dentes de gatinho?
Elena virou seus olhos apreensivos para
Stefan, e sentiu os de Stefan desorientados.
E então, ambos, sem consultarem-se,
viraram-se para a Sra. Flowers. Ela lhes deu um discreto sorriso de senhora.
— Tenho que... Encontrá-lo, matá-lo...
Primeiramente. — Meredith estava sussurrando enquanto sua cabeça morena estava
deitada sobre a mesa, fazendo de seus braços um travesseiro.
— Encontrá-lo... Onde? Vovô… Onde? Cristian…
Meu irmão…
Elena escutou silenciosamente até que só
houve uma breve respiração para se ser ouvida.
— Você a drogou? — Ela sussurrou para a Sra.
Flowers.
— Foi isso que Mama pensou ser o melhor. Ela é uma garota forte e saudável. Isso não
prejudicará o seu sono desta noite. Desculpe por dizer isso, mas temos outro
problema em mãos.
Elena deu uma olhadela para Stefan, viu medo
surgindo em seu rosto, e exigiu:
— O que foi?
Absolutamente, nada vinha por sua ligação com
Stefan. Ele a havia desligado.
Elena virou-se para a Sra. Flowers.
— O que foi?
— Estou muito preocupada com o querido Matt.
— Matt. — Concordou Stefan, olhando ao redor
da mesa como se isso mostrasse que Matt não estava lá.
Ele estava tentando proteger Elena dos calafrios
que percorriam seu corpo.
Pela primeira vez, Elena não estava alarmada.
— Eu sei onde ele deve estar. — Ela disse
intensamente. Ela estava se lembrando de histórias que Matt havia contado sobre
estar em Fell’s Church enquanto ela e os outros estavam na Dimensão das Trevas.
— Na casa da Dr.ª Alpert. Ou deve ter saído com ela, fazendo visitas
hospitalares domésticas.
A Sra. Flowers sacudiu a cabeça, sua
expressão era sombria.
— Temo que não, Elena querida. Sophia... A Dr.ª Alpert... Me ligou e disse que ela estava levando a mãe
de Matt, sua própria família e muitas outras pessoas com ela, fugindo de Fell’s
Church. E não a culpo por isso... Mas Matt não era um destes que estavam indo. Ela
disse que ele preferiu ficar e lutar. Isso foi por volta do meio-dia e meia.
Os olhos de Elena automaticamente foram para
o relógio da cozinha. Medo tomou conta dela, revirando seu estômago e
repercutindo para fora de seus dedos. O relógio marcava 16h35...
16h35! Mas tinha que estar errado. Ela e
Stefan haviam juntado suas mentes só há alguns minutos atrás. A raiva de
Meredith não durou por muito tempo. Isso era impossível!
— O relógio... Não está certo!
Ela apelou para a Sra. Flowers, mas ouviu ao
mesmo tempo a voz telepática de Stefan:
É o
cruzamento de pensamentos. Eu não quis apressar as coisas. Mas estava perdido
demais nisso... Não é sua culpa, Elena!
— É minha culpa. — Elena retrucou em voz
alta. — Eu nunca quis esquecer de meus amigos durante uma tarde inteira! E
Matt... Matt nunca nos assustaria, deixando
a gente esperando por sua ligação! Eu devia ter ligado pra ele! E não devia...
Ela olhou para Stefan com olhos tristonhos. A
única coisa queimando dentro dela neste momento era a vergonha de ter falhado
com Matt.
— Eu liguei para o seu celular. — A Sra.
Flowers disse bem gentilmente. — Mama
me aconselhou a fazer isso, então, tentei desde o meio-dia e meia. Mas ele não
atendeu. Tenho ligado a cada hora, desde então. Mama não dirá mais do que isso: está na hora de olharmos para as
coisas diretamente.
Elena correu para a Sra. Flowers e chorou
sobre a renda macia no pescoço da velha senhora.
— Você fez a nossa obrigação. — Ela disse. —
Obrigada. Mas agora, temos que ir encontrá-lo.
Ela virou-se para Stefan.
— Você pode colocar Meredith no quarto do
primeiro andar? Tire seus sapatos e coloque-a por cima das cobertas. Sra.
Flowers, se você for ficar sozinha aqui, deixaremos Sabber e Talon para tomar
conta de você. Então, manteremos contato por celular. E procuraremos em cada
casa em Fell’s Church... Mas acho que devíamos ir ao bosque primeiro…
— Espere, Elena, minha querida. — A Sra.
Flowers tinha seus olhos fechados.
Elena esperou, impacientemente mudando de um
pé para o outro. Stefan estava voltando agora de colocar Meredith na casa.
De repente, a Sra. Flowers sorriu, com os
olhos ainda fechados.
— Mama
disse que fará todo o possível para ajudar vocês dois, já que vocês estão
dedicados a salvarem seu amigo. Ela disse que Matt não está em lugar nenhum em
Fell’s Church. E ela disse para levar o cachorro, Sabber. O falcão vai cuidar
de Meredith enquanto estivermos longe.
Os olhos da Sra. Flowers se abriram.
— Embora possamos colocar Post-It em sua
janela e porta. — Ela disse. — Só para garantir.
— Não. — Elena disse secamente. — Sinto
muito, mas não vou deixar Meredith e você por conta própria com somente um pássaro
como proteção. Vamos levar as duas, coberta com amuletos, se quiser, e então
podemos levar a ambos os animais, também. Lá na Dimensão das Trevas, eles
trabalharam bem juntos quando Bloddeuwedd tentou nos matar.
— Tudo bem. — Stefan disse uma vez,
conhecendo Elena bem o bastante para sabem que uma discussão longa estava
prestes a acontecer e que não faria com Elena se rendesse nem um milímetro.
A Sra. Flowers deve ter sabido disso também,
pois ela se levantou, quase que imediatamente, e saiu para se arrumar.
Stefan levou Meredith para o seu carro. Elena
deu um pequeno assobio para Sabber, que ficou em pé imediatamente, parecendo
maior do que nunca, e ela correu com ele escada acima para o quarto de Matt.
Estava decepcionantemente limpo... Mas Elena pescou um par de cuecas entre a
cama e a parede. Ela deu isso para Sabber se deleitar, mas descobriu que não
conseguia ficar parada. Finalmente, ela correu até o quarto de Stefan, pegou
seu diário de debaixo do colchão e começou a escrever.
Querido
diário,
Eu não sei o que
fazer. Matt desapareceu. Damon levou Bonnie para a Dimensão das Trevas... Mas
será que ele está tomando conta dela?
Não há como
saber. Não temos como abrir um Portal e ir atrás deles. Temo que Stefan mate
Damon, e se algo — qualquer coisa — acontecer a Bonnie, eu vou querer matá-lo
também. Ai, Deus, que confusão!
E Meredith... De
todas as pessoas, descobriu-se que Meredith tinha mais segredos do que todos
nós juntos.
Tudo que Stefan e
eu podemos fazer é nos abraçar e rezar. Temos lutado com Shinichi por tanto
tempo! Sinto como se o fim estivesse prestes chegar... E estou com medo.
— Elena!
— O grito de Stefan veio de lá de baixo. — Estamos todos prontos!
Elena rapidamente colocou seu diário de volta
sob o colchão. Ela encontrou Sabber esperando nas escadas, e o seguiu,
correndo. A Sra. Flowers tinha dois casacos cobertos de amuletos.
Lá fora, um longo assobio de Stefan foi de
encontro com um keeeeeeee* vindo do céu, e Elena viu um pequeno corpo escuro
circulando ao redor do céu branco de Agosto.
* Isso seria aquele barulho que as
águias fazem, e é um sinal de que Talon está ali — e só para constar: Talon é
fêmea.
—
Ela entende. — Stefan disse brevemente, e sentou no banco do motorista.
Elena foi para o banco de atrás que ficava
atrás dele, e a Sra. Flowers pegou o banco do passageiro. Uma vez que Stefan
havia afivelado Meredith no banco do meio, sobrara o banco da janela para
Sabber colocar a sua cabeça e ali ficar ofegando.
— Agora — Stefan disse, ao longo do ronronar
do motor —, onde é que estamos indo, exatamente?
Capítulo
22
— Mama disse que ele não está em Fell’s Church. — A Sra. Flowers
repetiu para Stefan. — Isso significa que ele não está no bosque.
— Tudo bem. — Stefan disse. — Se ele não está
aqui, então onde ele está?
— Bem — Elena disse devagar. —, deve estar
com a polícia, não? Eles devem tê-lo capturado.
Parecia que seu coração estava em seu
estômago.
A Sra. Flowers suspirou.
— Suponho que sim. Mama deve ter me dito isso, mas a atmosfera estava cheia de
influências estranhas.
— Mas o departamento de polícia é em Fell’s
Church. O que sobrou dele. — Elena protestou.
— Então — A Sra. Flowers disse. —, que tal uma
polícia de outra cidadezinha próxima? Tipo aquela que veio procurar por ele
antes...
— Ridgemont — Elena disse fortemente. — É de
lá que aqueles policiais que procuraram na pensão vieram. É de lá que aquele
Mossberg veio, Meredith me disse. — Ela olhou para Meredith, que nem ao menos
murmurava. — E é de lá que o pai de Caroline tem amigos poderosos... Assim como
o pai de Tyler Smallwood. Eles pertencem àqueles clubes só para homens, com
apertos de mão secretos e esses tipos de coisa.
— E temos algum tipo de plano para quando
chegarmos lá? — Stefan perguntou.
— Eu meio que tenho um Plano A. — Elena
admitiu. — Mas não sei se vai
funcionar... Você deve saber melhor do que eu.
— Me conte.
Elena contou. Stefan ouviu e teve que
reprimir uma risada.
— Eu acho — Ele disse sobriamente depois. —
que isso pode funcionar.
Elena imediatamente começou a pensar em
Planos B e C, assim eles não ficariam emperrados no lugar caso o Plano A
falhasse.
Eles tiveram que dirigir por Fell’s Church
para chegar à Ridgemont. Elena viu, através de suas lágrimas, casas queimadas e
árvores enegrecidas. Essa era sua cidade, a cidade na qual, como espírito, ela
havia olhado e protegido. Como isso pôde acontecer?
E, pior, como tudo poderia voltar ao normal?
Elena começou a tremer incontrolavelmente.
Matt sentou tristemente na sala de reuniões
do júri. Ele a havia explorado há muito tempo atrás, e havia descoberto que a
janelas foram fechadas por tábuas pelo lado de fora. Ele não estava surpreso,
já que todas as janelas de Fell’s Church estavam assim, e além disso, ele havia
experimentado essas tábuas e sabia que poderia sair dali se quisesse.
Ele não quis.
Era hora de ele enfrentar seus problemas
pessoais. Ele teria encarado isso antes, na época em que Damon levou as garotas
à Dimensão das Trevas, mas Meredith havia conversado com ele sobre isso.
Matt sabia que o Sr. Forbes, pai de Caroline,
tinha todos os seus amigos da polícia e do sistema político aqui. Assim como o
Sr. Smallwoord, o pai do verdadeiro culpado.
Era pouco provável que eles lhe dessem um
julgamento justo. Mas, em qualquer tipo de julgamento, em algum momento eles
teriam ao menos que ouvi-lo.
E o que eles ouviriam era a plena verdade.
Eles poderiam não acreditar nele agora. Mas mais tarde, quando os gêmeos de
Caroline tivessem um pouco de controle sobre sua forma de lobisomem e tivessem
sua fama por suas presas... Bem, aí eles pensariam em Matt e no que ele
dissera.
Ele estava fazendo a coisa certa, ele
assegurou a si mesmo. Mesmo quando, neste momento, suas entranhas pareciam
serem feitas de chumbo.
Qual a pior coisa que eles podem fazer
comigo? Ele se perguntou.
“Eles
podem te colocar na prisão, Matt. Numa prisão de verdade, já que você tem mais
de dezoito anos. E enquanto isso possa ser uma boa notícia para os antigos e
verdadeiros criminosos, viciados, enormes, com tatuagens caseiras e bíceps que
parecem galhos de árvore, não será uma boa notícia para você.”
E depois de algumas horas na internet:
“Matt,
aqui na Vírginia, isso pode dar prisão perpétua. Ou no mínimo cinco anos. Matt,
por favor, eu imploro, não deixe que eles façam isso com você! Às vezes, a
discrição é a melhor parte da coragem, é verdade. Eles têm todas as cartas e
nós estamos andando de olhos vendados, no escuro...”
Ela tinha trabalho
bastante nisso, misturando suas metáforas e tudo o mais, Matt pensou
desanimado. Mas não é exatamente como se eu estivesse me oferecendo para fazer
isso. E aposto que eles sabem que essas tábuas são bastante frágeis, e se eu
sair, serei perseguido daqui até Deus-sabe-onde. E se eu ficar parado, poderei
dizer a verdade, pelo menos.
Por um bom tempo, nada aconteceu. Matt pôde
ver o Sol pelas fendas das tábuas e viu que já era de tarde. Um homem veio e
ofereceu uma visita ao banheiro e uma Coca-Cola. Matt aceitou a ambos, mas
também exigiu seu advogado e o seu telefonema.
— Você terá um advogado. — O homem resmungou
enquanto Matt saía do banheiro. — Um será designado para você.
— Eu não quero isso. Quero um advogado de
verdade. Um que eu escolha.
O homem olhou enojado.
— Crianças como você não têm dinheiro algum.
Você terá o advogado designado a você.
— Minha mãe tem dinheiro. Ela iria querer um
advogado contratado, e não um garoto de faculdade de Direito.
— Own. — O homem disse. — Que lindinho. Você
quer que a Mamãe cuide de você. E aposto que ela esteja fora de Clydesdale
neste instante, com aquela doutora negra.
Matt congelou.
Trancado de volta na sala de reuniões do
júri, ele tentou pensar freneticamente. Como eles sabiam onde sua mãe e a Drª. Alpert
tinham ido?
Ele tentou pronunciar “aquela doutora negra” com sua língua e descobriu que soava ruim,
algo como coisa de velho mundo e simplesmente bem estranho. Se a médica fosse
homem e caucasiano, soaria algo bobo de se dizer.
“… vá
com aquela médica branquela.”
Meio que parecido com um filme antigo de
Tarzan.
Uma grande raiva estava crescendo em Matt. E
junto com isso, um grande medo. Palavras deslizaram por sua cabeça: vigilância, espionagem, conspiração e
acobertamento. E enganação.
Ele deduziu que eram cinco horas, depois de
todos que normalmente trabalhavam na corte saírem, e então ele foi levado para
a sala de interrogatório.
Eles estão apenas brincando, ele pensou.
Os dois policiais tentaram falar com ele em
um quarto apertado com uma pequena câmera de vídeo em um canto da parede,
perfeitamente óbvia, embora fosse minúscula.
Eles fizeram turnos, um gritando que ele
devia confessar tudo, o outro simpatizou e disse coisas como:
— As coisas saíram um pouco do controle, não
é? Temos uma foto do chupão que ela te deu. Ela é uma coisinha linda, né? — Duas
piscadelas. — Eu entendo. Mas então
ela começou a te dar sinais confusos...
Matt alcançou o ponto que queria.
— Não,
não estávamos em um encontro; não,
ela não me deu um chupão, e quando eu disser ao Sr. Forber que você a chamou de
“coisinha linha”, dando piscadelas, ele vai te demitir, senhor. Eu posso ouvir “não” tão bem quanto você, e
imagino que “não” signifique “não”!
Depois disso, eles bateram um pouco nele.
Matt estava surpreso, mas considerando o modo
como ele os havia tratado, sendo insolente, não ficara mais tão surpreso.
E então eles pareceram desistir dele,
deixando-o sozinho na sala de interrogatório, que, ao contrário da sala do
júri, não havia janelas.
Matt disse repetidas vezes para a câmera de
vídeo:
— Eu sou inocente e estão se negando a me
darem meu telefonema e um advogado. Sou inocente...
Por fim, eles vieram e o buscaram. Ele foi
empurrado pelo o policial bom e pelo ruim para um tribunal completamente vazio.
Não, não está vazio, ele percebeu. Na
primeira fileira estavam alguns repórteres, um ou dois com cadernos de rascunho
preparados.
Quando Matt viu isso, assim como num
julgamento de verdade, imaginou as fotos que eles tinham esboçado — exatamente
como ele havia visto na TV. O chumbo em seu estômago se transformou em um
sentimento de pânico vibrante.
Mas era isso que ele queria, não era? Para
que a história se espalhasse?
Ele foi levado a uma mesa vazia. Havia outra
mesa, com muitos homens bem vestidos, todos com pilhas de papéis em suas
frentes.
Mas a coisa que prendeu a atenção de Matt foi
que na mesa estava Caroline. Ele não a havia reconhecido na primeira vez. Ela
estava usando um vestido de algodão cinza. Cinza! Sem nenhum tipo de joia, e
com maquiagem sutil. A única cor estava em seu cabelo: um castanho bronze.
Parecia com o seu antigo cabelo, e não aquela cor malhada que havia sido quando
ela estava começando a se tornar um lobisomem. Ela havia conseguido controlar
sua forma, afinal? Isso era más notícias. Bem ruins.
E finalmente, com ar de quem pisa em ovos,
entrou o júri.
Eles deviam saber o quão irregular isto era,
mas eles continuaram entrando, só doze deles, o bastante para preencher os
assentos do júri.
Matt de repente percebeu que havia um juiz
sentado na mesa mais alta em sua frente.
Ele esteve aí o tempo todo? Não...
— Todos de pé pela presença de Justice Thomas
Holloway. — Disparou um oficial da justiça.
Matt levantou e se perguntou se o julgamentio
iria realmente começar sem o seu advogado.
Mas antes que todos pudessem se sentar,
portas se abriram e grandes pernas com toneladas de papéis entraram no
tribunal, transformando-se em uma mulher nos seus vinte e poucos anos; e então
ela jogou os papéis sobre a mesa ao lado dele.
— Gwen Sawicki aqui... Presente. — A jovem
mulher arfou.
O pescoço do Juiz Holloway disparou como o de
uma tartaruga, trazendo-a para o seu campo de visão.
— Você foi designada em nome da defesa?
— Se for de seu agrado, Meritíssimo; sim,
Meritíssimo... Há pouco menos de meia-hora. Não fazia ideia de que fazíamos
sessões à noite, Meritíssimo.
— Não seja atrevida comigo! — O Juiz Holloway
rebateu.
Enquanto ele passava a permitir que os
advogados de acusação se apresentasse, Matt ponderou sobre a palavra
“atrevida”.
Essa era outra daquelas palavras, ele pensou,
que nunca eram usadas para homens. Um homem atrevido seria engraçado. Já uma
mulher atrevida soava bem. Mas por quê?
— Me chame de Gwen. — Uma voz sussurrou ao
seu lado, e Matt olhou para ver uma garota com olhos castanhos e cabelos da
mesma cor presos num rabo de cavalo.
Ela não era exatamente linda, mas ela parecia
honesta e íntegra, o que fez com que ela fosse a coisa mais linda da sala.
— Sou Matt... Bem, é óbvio. — Matt disse.
— Essa é sua namorada? Carolyn?
Gwen estava sussurrando, mostrando uma foto
da velha Caroline em alguma festa, com pernas bronzeadas que subiam até quase
ir de encontro com uma minissaia preta e rendada. Ela usava uma blusa branca
tão apertada em seu busto que dificilmente continha seus bens naturais. Sua
maquiagem era exatamente o oposto do sutil.
— Seu nome é Caroline e ela nunca foi minha
namorada, mas esse é... O seu verdadeiro eu. — Matt sussurrou. — Antes de Klaus
chegar e fazer algo com seu namorado, Tyler Smallwood. Mas eu preciso te contar
o que aconteceu quando ela descobriu que estava grávida...
Ela enlouqueceu, foi isso que aconteceu.
Ninguém sabia onde Tyler estava... Morto, provalmente, depois da luta final contra
Klaus, ou só se transformou em lobisomem e fugiu; que seja. Assim, Caroline
tentou se firmar com Matt... Até que Shinichi apareceu e virou seu namorado.
Mas Shinichi e Misao estavam fazendo um
joguinho cruel com ela, fingindo que Shinichi se casaria com ela. Foi depois
que ela percebeu que Shinichi não dava a mínima que Caroline havia se
transformado em algo basilístico, e tentou fazer com que Matt tampasse o buraco
em sua vida.
Matt fez o seu melhor para explicar isso à
Gwen para que ela pudesse explicar ao júri, até a voz do juiz o interrompeu.
— Vamos dispensar os argumentos de abertura —
Disse o Juiz Holloway —, já está bem tarde. A acusação chamará sua primeira
testemunha?
— Espera! Objeção! — Matt gritou, ignorando
os puxões de braço de Gwen e seu silvo.
— Você
não pode se opor às decisões do juiz!
— E o juiz não pode fazer isso comigo. — Matt
disse, tirando sua camiseta que estavam entre os dedos dela. — Eu ainda nem
tive a chance de conhecer o meu defensor público!
— Talvez você devesse ter aceito um defensor
público mais cedo. — Replicou o juiz, bebendo um copo d’água.
Ele então virou sua cabeça para Matt e
rebateu:
— E então?
— Isso é ridículo — Gritou Matt. — Vocês não
me deixaram dar um telefonema para eu ter um advogado!
— Você chegou a pedir por um telefonema? — O
Juiz Holloway rebateu, seus olhos viajando pela sala.
Os dois oficiais que haviam batido em Matt se
levantaram solenemente e sacudiram suas cabeças. Nisso, o oficial de justiça, a
quem Matt de repente reconheceu como o cara que havia mantido ele na sala do
júri por cerca de quatro horas, começou a abanar a cabeça negativamente. Todos
os três balançavam, quase como que em uníssono.
— Então, você perdeu esse direito. — O juiz
rebateu. Parecia que esse era o único jeito de se falar. — Você não pode exigir
isso no meio de um julgamento. Agora, como eu estava dizendo...
— Objeção!
— Matt gritou ainda mais alto. — Eles estão mentindo! Olhe nas fitas nas quais
eles estão me interrogando. Eu sempre continuei dizendo...
— Advogada — O juiz rebateu para Gwen. —,
controle o seu cliente ou você será presa por desacato ao tribunal.
— Você tem que calar a boca. — Gwen sibilou
para Matt.
— Você não pode me calar a boca! Você não
pode ganhar esse julgamento enquanto vocês estiverem quebrando as regras!
— Calado!
— O juiz cantou a palavra em um volume surpreendente. — A próxima pessoa que
fizer um comentário sem a minha autorização expressa deverá ser presa por
desacato e passará uma noite na cadeia, com fiança de quinhentos dólares.
Ele pausou para olhar ao redor para ver se
havia sido compreendido.
— Agora — Ele disse. —, acusação, chame sua
primeira testemunha.
— Chamamos Caroline Beula Forbes para ficar
em pé.
A figura de Caroline havia mudado. Seu estômago
era uma espécie de abacate de cabeça para baixo. Matt ouviu murmúrios.
— Caroline Beula Forbes, você jura que seu
testemunho conterá a verdade, só a verdade e nada mais que a verdade?
Em algum lugar lá dentro, Matt estava
tremendo. Ele não sabia se era mais por raiva, medo ou se era uma combinação de
ambos. Mas ele se sentiu como um gêiser prestes à explodir — não
necessariamente por que ele queria, mas porque forças além do seu controle
estavam tomando conta dele. O Gentil Matt, o Quieto Matt, o Obediente Matt...
Ele havia deixado tudo isso para trás, em algum lugar. O Furioso Matt e o
Violento Matt, isso era o que ele estava prestes a se transformar.
No mundo obscuro lá fora, vozes vinham
entrando em seus devaneios. E uma voz o picou como uma urtiga.
— Você reconhece o garoto que você nomeou
como o seu namorado, Matthew Jeffrey Honeycutt, aqui nesta sala?
— Sim. — A voz de urtiga espinhosa disse
suavemente. — Ele está sentado na mesa da defesa, com camiseta cinza.
A cabeça de Matt se ergueu. Ele olhou para
Caroline direto nos olhos.
— Você sabe
que isso é uma mentira. — Ele disse. — Nunca saímos juntos em um encontro. Nunca.
O juiz, que parecia estar dormindo, agora
acordara.
— Meirinho! — Ele rebateu. — Contenha o réu
imediatamente.
Matt ficou tenso. Enquanto Gwen Sawicki
gemia, Matt de repente encontrou-se sendo segurado e uma fita adesiva fora
envolvida em volta de sua boca.
Ele lutou. Ele tentou levantar. Assim, eles o
amarraram na cadeira com a fita em volta de sua cintura. Quando eles finalmente
o deixaram sozinho, o juiz disse:
— Se ele sair da cadeira, você pagará com o
seu próprio salário, Srta. Sawicki.
Matt pôde sentir Gwen Sawicki tremendo ao
lado dele. Mas não de medo. Ele pôde reconhecer a expressão explosiva e percebeu
que ela seria a próxima. Então, o juiz a prenderia com desprezo, e quem falaria
por ele?
Ele encontrou seus olhos e sacudiu sua cabeça
firmemente para ela. Mas ele também sacudiu a cabeça para cada mentira que
Caroline dizia.
— Tivemos que manter em segredo, a nossa
relação. — Caroline estava dizendo modestamente, encarando seu vestido cinza. —
Porque Tyler Smallwood, meu antigo namorado, poderia descobrir. Então ele...
Quero dizer, eu não queria nenhum tipo de confusão entre eles.
Sim, Matt pensou com amargura. É melhor tomar
cuidado... Porque o pai de Tyler, provavelmente, tem tantos bons amigos aqui
quanto o seu pai. Ou até mais.
Matt se desligou até que ouviu o promotor
dizer:
— E algo incomum aconteceu na noite em
questão?
— Bem, saímos juntos em seu carro. Fomos para
perto da pensão... Ninguém nos veria ali... Sim, eu... Eu receio que ele… Não
entendeu o que eu queria. Mas depois disso eu queria ir embora, mas ele não
parou. Eu tentei lutar com ele. Eu o arranhei com minhas unhas...
— A
acusação oferece a Prova 2: uma foto de profundos arranhões no braço do réu...
Os olhos de Gwen, ao encontrar os de Matt,
pareciam aborrecidos. Abatidos. Ela mostrou a Matt uma foto e ele se lembrou:
as marcas profundas feitas pelo dentes de um grande malach quando ele tirara
seu braço de sua boca.
— A defesa irá estipular...
— Admissível.
— Mas não importava o quanto eu gritasse e
lutasse... Bem, ele era muito forte e eu... Eu não pude... — Caroline sacudiu a
cabeça em uma vergonha agonizante. Lágrimas saíam de seus olhos.
— Meritíssimo, talvez a ré precise de uma
pausa para retocar a maquiagem. — Gwen sugeriu amargamente.
— Jovem, você está me dando nos nervos. A acusação pode cuidar de seus
próprios clientes... Digo, testemunhas...
— Ela é testemunha. — Disse a acusação.
Matt rabiscou o quanto pôde a verdadeira
história em um pedaço de papel branco, enquanto o teatro de Caroline
continuava.
Gwen estava lendo agora.
— Então — Ela disse — o seu ex, Tyler
Smallwood, não é e nunca foi um... — Ela engoliu em seco. — Um lobisomem.
Através de suas lágrimas de vergonha,
Caroline riu ligeiramente.
— Claro que não. Lobisomens não são reais.
— Como vampiros.
— Vampiros também não são reais, se é isso
que você quer dizer. Como eles poderiam
ser?
Caroline estava olhando para cada sombra na
sala enquanto dizia isso.
Gwen estava fazendo um bom trabalho, Matt
percebeu. A máscara de modéstia de Caroline estava começando a cair.
— E pessoas nunca voltam dos mortos... Nos
tempos modernos, eu quero dizer. — Gwen disse.
— Bem, quanto a isto — Malícia penetrou na
voz de Caroline —, se você for para a pensão em Fell’s Church, você verá que há
uma garota chamada Elena Gilbert, que devia
ter se afogado ano passado. No Dia dos Fundadores, depois da festa. Ela foi
Miss Fell’s Church, é claro.
Houve um murmúrio entre os repórteres. Coisas
sobrenaturais vendiam melhor do que qualquer coisa, especialmente se uma linda
menina estivesse envolvida. Matt pôde ver sorrisos em cada lado.
— Ordem! Srta. Sawicki, você
continuará com os fatos neste caso!
— Sim, Meritíssimo. — Gwen parecia
frustrada. — Ok, Caroline, vamos voltar ao dia da suposta agressão. Depois dos
eventos que você narrou, você ao menos ligou para a polícia depois?
— Eu estava… Muito envergonhada.
Mas
quando eu percebi que poderia estar grávida ou poderia ter uma doença terrível,
eu sabia que tinha de contar.
— Mas essa doença terrível não era
licantropia... Ser um lobisomem, certo? Porque isso não poderia ser verdade.
Gwen olhou ansiosamente para Matt e Matt
olhou sombriamente para ela. Ele tinha esperança de que, caso Caroline fosse
forçada a continuar a falar sobre lobisomens, eventualmente ela começaria a se
contorcer. Mas ela aparentava ter o completo controle sobre si mesma agora.
O juiz parecia furioso.
— Jovem, eu não quero mais que meu tribunal
fique fazendo gracinhas sobre coisas sobrenaturais e sem sentido!
Matt olhou para o telhado. Ele iria para a
cadeia. Por um longo tempo. Por algo que ele não
fizera. Por algo que ele nunca faria. E além disso, agora, haveria repórteres que
iriam à pensão incomodar Elena e Stefan. Droga!
Caroline havia conseguido dizer, apesar do
juramento de sangue que a proibia de contar o segredo. Damon havia assinado o
juramento também. Por um momento, Matt desejou que Damon estivesse de volta,
para se vingar dela. Matt não se importaria com todas as vezes ele o chamara de
“Mutt”, se ele ao menos aparecesse. Mas ele não apareceu.
Matt percebeu que a fita adesiva em volta de seu
peito estava frouxa o bastante para que ele pudesse bater sua cabeça contra a
mesa da defesa. Ele fez isso, fazendo um pequeno boom.
— Se o seu cliente deseja ser imobilizado
completamente, Srta. Sawicki, isso poderá ser...
Mas então eles todos ouviram. Como um eco, só
que atrasado. E muito mais alto que uma cabeça batendo contra uma mesa.
BOOM!
E de novo.
BOOM!
E então, o som
distante e perturbador de portas sendo abertas, como se elas estivessem sendo
atingidas por um aríete*.
* Um aríete é uma antiga máquina de
guerra constituída por um forte tronco de freixo ou árvore de madeira
resistente, com uma testa de ferro ou de bronze a que se
dava em geral a forma da cabeça de carneiro. Os aríetes eram utilizados para
romper portas e muralhas de castelos ou fortalezas.
Neste momento, as
pessoas no tribunal ainda podiam se espalhar. Mas para onde elas iam?
BOOM!
Outra porta mais próxima fora aberta.
— Ordem! Ordem no tribunal!
Passos soavam pelo piso de Madeira do corridor.
— Ordem! Ordem!
Mas ninguém, nem mesmo o juiz, pôde parar as
pessoas de resmungar. E sendo tarde da noite, presos no tribunal, depois de
conversarem sobre vampiros e lobisomens...
Passos ficavam mais próximos. Uma porta, bem
próxima, se abriu e rangeu.
Uma
onde de... Alguma coisa... Passava pelo tribunal.
Caroline suspirou, apertando seu estômago
saliente.
— Barrem aquelas portas! Meirinho! Tranque-as!
— Barrá-las como, Meritíssimo? E elas só se
trancam pelo lado de fora!
O que
quer que fosse, estava chegando mais perto...
A porta do tribunal se abriu, rangendo. Matt
colocou uma mão calmante no pulso de Gwen, torcendo seu pescoço para ver o que
tinha atrás dele.
Parado na porta estava Sabber, parecendo,
como sempre, tão grande quanto um poneizinho. A Sra. Flowers andava ao lado
dele; Stefan e Elena se encontravam atrás de seu traseiro.
Sabber dava passos pesados enquanto, sozinho,
ia em direção à Caroline, que estava ofegante e trêmula.
O mais absoluto silêncio enquanto todo mundo
tinha uma visão da besta gigante, de seu casaco preto de ébano, com olhos
escuros e úmidos enquanto ele dava um olhar a laser pelo tribunal.
Então, nas profundezas de seu peito, Sabber
fez hmmf.
Ao redor de Matt, as pessoas estavam
ofegantes e se contorcendo, como se eles se coçassem pelo corpo todo. Ele olhou
e viu que Gwen encarava enquanto os ofegos se transformavam em um arquejo.
Finalmente, Sabber inclinou o nariz para o
teto e uivou.
O que aconteceu depois não foi nada bonito,
pelo ponto de vista de Matt. Ele não viu a boca e o nariz de Caroline se sobressaírem
para fazerem um focinho. Não viu seus olhos recuarem em pequenos e profundos
buracos.
E suas mãos e seus dedos se encolhendo em
patas, difundidas com unhas pretas. Isso não foi
nada bonito.
Mas o animal no fim era lindo. Matt não sabia se ela
havia absorvido seu vestido cinza, arrancado-o ou algo parecido. Ele sabia aquele
belo lobo cinzento saltara da cadeira do réu e lambera as costeletas de Sabber,
rolando pelo chão para brincar ao redor do grande animal, que obviamente
parecia ser o lobo alfa.
Sabber fez outro hmmf profundo.
O lobo que havia sido Caroline esfregou seu
focinho amorosamente contra seu pescoço.
E isso estava acontecendo em outros lugares
na sala. Ambos os promotores, três dos jurados... Até mesmo o juiz...
Eles todos estavam se transformando, não para
atacar, mas para forçar laços sociais com aquele grande lobo, um alfa, se é que
ali já não houvesse um.
— Já falamos com ele sobre isso. — Elena explicou
enquanto xingava a fita adesiva no cabelo de Matt. — Sobre não ser agressivo e
não arrancar cabeças... Damon me disse que ele fez isso uma vez.
— Não queremos um monte de mortes. — Stefan
concordou. — E sabíamos que nenhum animal poderia ser tão grande quanto ele.
Então, nos concentramos em trazer o máximo possível de seu lobo interior... Espera, Elena... Eu peguei uma pedaço de fita aqui deste lado. Desculpe
por isso, Matt.
Um forte puxão de fita o libertou… E Matt
colocou a mão em sua boca.
A Sra. Flowers estava soltando a fita adesiva
que o prendia à cadeira. De repente, ele estava inteiramente livre e se
sentia-se como se fosse gritar. Ele abraçou Stefan, Elena e a Sra. Flowers,
dizendo:
— Obrigado!
Gwen, infelizmente, estava vomitando numa
lata de lixo.
Na verdade, Matt pensou, ela teve sorte em ter
um lugar seguro.
Um jurado vomitava em cima da bancada.
— Essa é a Srta. Sawicki. — Matt disse
orgulhosamente. — Ela chegou depois que o julgamento começara, e realmente fez
um ótimo trabalho.
— Ele disse “Elena” — Gwen sussurrou quando
ela pôde falar.
Ela estava olhando para o pequeno lobo, com
manchas de queda de cabelo, que veio mancado da cadeira do juiz para ficar em
torno de Sabber, que estava aceitando todos esses gestos com dignidade.
— Eu sou Elena. — Disse Elena, enquanto dava
abraços poderosos em Matt.
— Aquela que... Devia estar morta?
Elena levou um momento para poder abraçar
Gwen.
— Eu pareço estar morta?
— Eu... Eu não sei. Não. Mas...
— Mas eu tenho uma lápide bem bonita no
cemitério de Fell’s Church. — Elena lhe assegurou; então, de repente, com uma
mudança de semblante: — Caroline te disse isso?
— Ela disse para a sala toda. Especialmente
para os repórteres.
Stefan olhou para Matt e sorriu ironicamente.
— Você deverá viver o suficiente para ter sua
vingança contra Caroline.
— Eu não quero mais vingança. Eu só quero ir
pra casa. Quer dizer... — Ele olhou com medo para a Sra. Flowers.
— Se pode pensa em minha casa como seu “lar”
enquanto sua amada mãe estiver fora, eu estou feliz. — Disse a Sra. Flowers.
— Obrigado. — Matt disse
silenciosamente. — Eu realmente quis dizer isso. Mas Stefan... O que os
repórteres vão escrever?
— Se eles forem espertos, não escreverão nada.
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