Leitura Semanal - Diários do Vampiro, o retorno: Meia-Noite #14
Sinopse: Elena retorna da Dimensão das Trevas, tendo liberto seu namorado vampiro Stefan Salvatore do aprisionamento... Mas não sem uma consequência. Sua salvação custará bastante. Ainda se recuperando do último choque, eles são forçados a encarar os demônios que dominaram Fell's Church. Elena deve tomar uma decisão que custará seu amor: Damon ou Stefan?
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Capítulo
25
— Dormir no armazém com
a todas as paredes cobertas com Post-It. — Meredith acrescentou sombriamente. —
Se tiver o bastante. Eu tenho outro pacote, mas não servirá se você está
tentando cobrir um quarto.
— Ok. — Elena disse. — Quem está com a chave de Shinichi?
Matt ergueu sua mão.
— Está no meu...
— Não me diga! — Exclamou Elena. — Eu estou com a dela. Não podemos perdê-las. Stefan e eu somos
uma equipe; vocês dois são outro.
Eles meio empurraram e meio que deram suporte para que Misao saísse do
quarto de Stefan e descesse as escadas. Misao não tentou correr deles,
confrontá-los, ou falar com eles. Isso fez com que Matt suspeitasse ainda mais
dela. Ele viu Stefan e Elena dando olhadelas um para outro e soube que eles
sentiam a mesma coisa.
Mas o que mais se podia fazer com ela? Não havia outro jeito, humana ou
desumanamente, de contê-la durante alguns dias.
Eles tinham a sua Esfera Estelar e, de acordo com os livros, isso
permitiria que eles a controlassem, mas ela estava certa, parecia um jeito
obsoleto, pois não funcionara. Eles haviam tentado, fazendo com que Stefan e
Meredith a segurassem firmemente, enquanto Matt pegava a Esfera Estelar de onde
ele a escondera: em uma caixa de sapatos, na prateleira superior, acima das
roupas de seu armário.
Ele e Elena haviam tentado fazer com Misao fizesse coisas enquanto
seguravam a esfera quase vazia: fazer Misao contar onde a Esfera Estelar de seu
irmão estava, e assim vai. Mas simplesmente não funcionara.
— Talvez, quando há tão pouco Poder dentro dela, ela não seja capaz de
fazer isso. — Elena disse finalmente.
Mas isto era um pequeno consolo, na melhor das hipóteses.
Enquanto eles levavam Misao à cozinha, Matt pensou que aquele havia sido
um plano kitsune estúpido: imitar Stefan duas vezes. Fazer isso uma segunda
vez, quando os humanos estavam em guarda, havia sido burrice. Misao não parecia ser assim tão burra.
Matt teve um pressentimento ruim.
Elena tinha um pressentimento muito ruim sobre o que eles estavam
fazendo. Enquanto ela olhava para os rostos ao seu redor, ela via que eles
também tinham. Mas ninguém veio com uma ideia melhor. Eles não podiam matar
Misao. Eles não eram assassinos que matavam a sangue frio uma garota fraca e
doente.
Ela imaginou que Shinichi deveria ter uma audição muito forte, e já
tinha os ouvido caminhar sobre o piso da cozinha que rangia. E ela deduziu que
ele sabia — via ligação mental, lógica ou qualquer outra coisa — que ela estava
acima dele.
Eles não tinham nada a perder em gritar através da porta:
— Shinichi, estamos com sua irmã aqui! Se você a quiser de volta, você
deve ficar quieto para que não precisemos jogá-la escada abaixo.
Houve silêncio da dispensa.
Elena escolheu pensar nisso como silêncio de submissão. Pelo menos
Shinichi não estava gritando ameaças.
— Ok. — Elena sussurrou. Ela se colocou em posição bem atrás de Misao. —
Quando eu contar até três, nós a empurramos o mais forte que pudermos.
— Espera! — Matt disse em um miserável meio-sussurro. — Você disse que
não a jogaríamos escada abaixo.
— A vida não é justa. — Elena disse sombriamente. — Você acha que ele
não tem uma surpresinha para nós?
— Mas...
— Deixa pra lá, Matt. — Disse Meredith quietamente.
Ela tinha a estaca preparada em sua mão esquerda e a direita estava
preparada para apertar o painel que abriria a porta.
— Todos prontos?
Todos concordaram. Elena sentiu pena
por Matt e Stefan, que eram os mais honesto e sensíveis de todos eles.
— Um — Ela sussurrou levemente. —, dois, três.
No três, Meredith acertou o interruptor oculto na parede. E então, as coisas
começaram a acontecer de um jeito bem devagar.
No “dois”, Elena já se começou a empurrar Misao para a porta. No “três”,
os outros a acompanharam.
Mas pareceu que a porta demorou uma eternidade para abrir. E antes do
fim da eternidade, tudo se complicou.
A vegetação ao redor do cabelo de Misao espalhou galhos em todas as
direções. Um deles disparou e agarrou Elena em torno do pulso. Ela ouviu um
grito de indignação de Matt e soube que outro galho havia chegado nele.
— Push! — Meredith gritou e,
em seguida, Elena viu que a estaca havia aparecido para ela.
Meredith bateu com a estaca na vegetação que estava ligada à Misao. O
galho que estava cortando o pulso de Elena caiu no chão.
Quaisquer dúvidas restantes sobre lançar Misao escada abaixo desapareceram.
Elena entrou no meio da multidão, tentando empurrá-la para a porta. Mas havia
algo errado na dispensa. Por um lado, eles estavam empurrando Misao para a
escuridão total... Mas algo também estava se mexendo.
A dispensa estava cheia de... Coisas. Coisas.
Elena olhou para seu tornozelo e ficou horrorizada ao ver uma larva
gigante que parecia ter se arrastado para for a da dispensa.
Ou, pelo menos, uma larva foi a primeira coisa que ela pôde comparar com
aquilo... Talvez fosse uma lesma sem cabeça. Era translúcida, preta e tinha
cerca trinta centímetros de comprimento, mas era muito gorda para ela ter
colocado a mão em torno daquilo. Parecia ter duas maneiras de se mover: uma
pelo modo de rastejar familiar e a outra simplesmente se juntando às outras
larvas, que foram chegando até a cabeça de Elena como uma horrível explosão de
uma fonte.
Elena olhou para cima e desejou não ter feito isso.
Havia uma cobra-naja rastejando acima deles, saindo da dispensa e indo à
cozinha. Era uma cobra-naja preta translúcida com larvas grudadas, e de vez uma
caía no chão entre o grupo e logo haveria gritos.
Se Bonnie estivesse com eles, ela teria gritado até que os copos de
vinho nos armários se quebrassem, Elena pensou freneticamente.
Meredith estava tentando atacar a cobra-naja com a estaca e alcançar em
seus jeans alguns Post-It ao mesmo tempo.
— Eu pego os Post-It. — Elena arfou, e contorceu sua mão no bolso de
Meredith.
Seus dedos se fecharam em maço pequeno de cartões e ela os puxou para
fora triunfantemente.
Só então o primeiro verme brilhante e gordo caiu sobre sua pele nua. Ela
queria gritar de dor enquanto seus pezinhos ou dentes ou presas — ou o que quer
que fossem — a queimavam e picavam. Retirou um pequeno cartão do feixe, no qual
não era um Post-It, mas um pequeno cartão com os mesmos símbolos, apesar de
mais frágeis, e bateu-o contra a coisa que parecia uma larva.
Nada aconteceu.
Meredith estava enfiando a estaca no meio da cobra agora.
Elena viu outra das criaturas quase caírem em seu rosto virado pra cima
e conseguiu se mover, fazendo com que algumas delas caíssem em seu colarinho. Ela
tentou outra carta do maço quanto este simplesmente saiu de sua mão — os vermes
pareciam ser pegajosos, mas eles não eram — e então ela deu um grito primordial
e tirou com ambas as mãos aquelas coisas feias que estavam atacando-a. Elas
deram lugar a uma pele coberta com manchas vermelhas e sua camiseta rasgada no
ombro.
— Os amuletos não estão funcionando. — Ela gritou para Meredith.
Meredith estava acima da cabeça balançante da cobra-verme, esfaquiando-a
e apunhalando-a até que chegasse ao centro. Sua voz estava abafada:
— Não temos amuletos o suficiente, de qualquer forma! Há muitas dessas
larvas. É melhor corrermos.
Um instante mais tarde, Stefan gritou:
— Todos saíam daqui! Há alguma coisa sólida lá dentro!
— É isso o que eu estou tentando dizer! — Meredith gritou de volta.
Freneticamente, Matt berrou:
— Cadê a Misao?
A última vez que Elena a havia visto, ela estava tremendo e mergulhando
na massa escura e segmentada.
— Se foi. — Ela gritou de volta. — Cadê a Sra. Flowers?
— Na cozinha. — Disse uma voz atrás dela.
Elena deu uma olhadela para trás e viu a velha senhora com ervas em
ambas as mãos.
— Ok. — Stefan gritou. — Todo mundo dê alguns passos para trás. Vou
acertá-los com Poder. Façam isso... Agora!
Sua voz parecia uma chicotada. Todo mundo deu um passo para trás, até
mesmo Meredith, que estava examinando a cobra com sua estaca.
Stefan fechou a mão em torno do nada, em torno do ar, e ele virou-se
para a luz de energia brilhante e cintilante. Ele atirou à queima-roupa na
cobra feita de vermes.
Houve uma explosão, e então, de repente, estava chovendo vermes. Elena
tinha seus dentes fechados, de modo a evitar que ela gritasse. Os corpos ovais
e translúcidos dos vermes se abriram no chão da cozinha como ameixas duras, ou
coisa pior. Quando Elena se atreveu a olhar para cima novamente, ela viu uma
mancha preta no teto.
Embaixo dela, sorrindo, estava Shinichi.
Meredith, rápida com um relâmpago, tentou enfiar-lhe a estaca. Mas
Shinichi foi mais rápido, saindo de seu caminho, esquivando de sua estocada, e
das outras que vieram.
— Vocês, humanos — Ele disse. —, são todos iguais. Todos estúpidos.
Quando a Meia-Noite finalmente chegar, vocês verão o quão idiotas foram.
Ele disse “Meia-Noite” como se estivesse dizendo “o Apocalipse”.
— Fomos espertos o bastante para descobrirmos que vocês não eram o
Stefan. — Matt disse por detrás de Shinichi.
Shinichi revirou os olhos.
— E me colocaram em um cômodo cheio de madeira. Vocês nem ao menos conseguem lembrar que os kitsune
controlam todas as plantas e árvores? As paredes estão cheias de larvas malach
agora, saibam disso. Completamente infestadas.
Seus olhos brilharam... E ele deu uma olhadela para trás, Elena
percebeu, olhando para a porta aberta da dispensa.
Seu medo aumentou ao mesmo tempo em que Stefan gritou:
— Saíam daqui! Vamos para fora da casa! Para algum lugar seguro!
Elena e Meredith encararam-se, paralisadas. Elas eram de equipes
diferentes, mas não pareciam ser capazes de se separarem. Então, Meredith se
esqueceu disso e virou-se de volta para a cozinha para ajudar a Sra. Flowers.
Matt já estava lá, fazendo a mesma coisa.
E então, Elena se encontrou arrastando seus pés e movendo-se
rapidamente. Stefan estava com ela e ambos corriam para a porta da frente.
À distância, ela ouviu Shinichi gritar:
— Me tragam os ossos deles!
Um dos vermes que Elena tirou de seu caminho explodiu e Elena viu algo
rastejar, tentando sair dali.
Aqueles eram os verdadeiros malach, ela percebeu. Pequenas versões
daquele que havia engolido o braço de Matt e deixou aqueles grandes e profundos
arranhões quando ele o puxou de volta.
Ela percebeu que havia um preso nas costas de Stefan.
Ousada e furiosa, ela pegou aquilo próximo aos pés e o puxou,
arrancando-o implacavelmente apesar de Stefan ofegar de dor. Quando aquilo se
soltou, ela teve o vislumbre do que parecia ser dezenas de dentes de criancinha
no lado inferior. Ela jogou aquilo contra uma parede enquanto eles alcançavam a
porta da frente.
Lá, eles quase colidiram com Matt, Meredith e a Sra. Flowers, que saíram
da escuridão. Stefan escancarou a porta e, quando todos passaram, Meredith
bateu-a com força. Alguns malach — larvas gosmentas e alguns voadores — saíram
junto com eles.
— Onde é seguro? — Debateu Meredith. — Quero dizer, realmente seguro,
seguro por alguns dias?
Nem ela nem Matt haviam impulsionado a Sra. Flowers em relação a sua
velocidade, então Elena deduziu que ela devia ser quase tão leve quanto uma
palha.
Esta continua a dizer:
— Meu Deus! Ai, gracioso!
— Minha casa? — Matt sugeriu. — O
quarteirão está bem ruim, mas estava tudo bem desde a última vez em a vi, e
minha mãe se foi junto com a Dr.ª Alpert.
— Ok, a casa do Matt... Usando as Chaves Mestras. Mas vamos fazer isso
no armazém. Eu não quero abrir esta
porta da frente novamente, não importando o motivo. — Elena disse.
Quando Stefan tentou pegá-la no colo, ela sacudiu a cabeça.
— Estou bem. Corra o mais rápido que puder e destrua qualquer malach que
você ver.
Eles chegaram até o armazém, mas agora um som parecido com vipvipvip — um zumbido agudo que só
poderia ser produzido por malach — os seguia.
— E agora? — Matt ofegou, ajudando a Sra. Flowers a se sentar na cama.
Stefan hesitou.
— Você acha que a sua casa é realmente segura?
— Algum lugar é seguro? Mas lá está vazio, ou deve estar.
Enquanto isso, Meredith chamou Elena e a Sra. Flowers para um canto.
Para o horror de Elena, Meredith estava segurando uma daquelas larvas menores,
agarrando-a de forma que sua parte inferior estava virada para cima.
— Ai, Deus...
Elena protestou, mas Meredith disse:
— Se parecem muito com dentes de criança, não parecem?
De repente, a Sra. Flowers ficou animada.
— De fato, parecem! Está dizendo que aquele fêmur que encontramos na
mata...
— Sim. Aquilo era certamente humano, mas talvez não fora mastigado por humanos. Por crianças humanas. —
Meredith disse.
— E Shinichi gritou para que os malach trouxessem para ele os nossos
ossos… — Elena disse e engoliu em seco.
Então, ela olhou para a larva novamente.
— Meredith, se livre logo desta coisa! Isso vai se transformar em um
malach voador.
Meredith olhou ao redor do armazém sem expressão.
— Ok... Solte-o e eu o esmagarei. — Elena disse, segurando sua respiração
para conter sua náusea.
Meredith soltou a coisa preta, translúcida e gorda, que explodiu com o
impacto. Elena colocou seu corpo contra aquilo, mas o malach interior não foi
esmagado. Em vez disso, quando ela levantou o pé, aquilo tentou escorregar para
debaixo da cama. A estaca o cortou perfeitamente em dois pedaços.
— Garotos — Elena disse bruscamente para Matt e Stefan —, temos que ir agora. Lá fora há muitos malach voadores!
Matt virou-se para ela.
— Como aquele que...
— Menores, mas idênticos àquele que te atacou, eu acho.
— Ok, aqui vai o que nós achamos — Stefan disse de um jeito que
imediatamente fez com Elena ficasse inquieta. — Alguém tem que ir à Dimensão
das Trevas verificar como está Bonnie. Eu acho que sou o único que pode fazer
isso, desde que sou um vampiro. Vocês não poderiam entrar...
— Sim, poderíamos. — Meredith. — Com essas chaves, podemos simplesmente
dizer “Nos leve até a casa de Lady Ulma na Dimensão das Trevas”. Ou “Nos leve
até onde Bonnie está”. Por que isto não funcionaria?
Elena disse:
— Ok. Meredith, Matt e a Sra. Flowers podem ficar aqui e tentarem
descobrir o que é “Meia-Noite”. Pelo modo como Shinichi disse, parece ser coisa
ruim. Enquanto isso, Stefan e eu
vamos à Dimensão das Trevas e encontramos a Bonnie.
— Não! — Stefan disse. — Eu não vou levá-la naquele lugar horrível
novamente.
Elena olhou para ele diretamente nos olhos.
— Você prometeu. — Ela disse, indiferente quanto as outras pessoas na
sala. — Você prometeu nunca ir
novamente a uma busca sem mim. Não importasse o tempo que levasse, não
importasse o motivo. Você prometeu.
Stefan olhou para ela desesperadamente. Elena sabia que ele queria
mantê-la a salva — mas qual mundo estava realmente a salvo agora? Ambos estavam
cobertos de horror e perigo.
— De qualquer forma — Ela disse com um sorriso malicioso —, sou eu quem
está com a chave.
Capítulo
26
— Agora, você sabe como
isto é feito? — Elena perguntou à Meredith. — Você coloca a chave na fechadura
e diz aonde você quer ir. Então, abra a porta e entre. É isso.
— Vocês três vão na frente — Stefan adicionou. — E rápido.
— Eu giro a chave. — Meredith disse a Matt. — Você toma conta da Sra.
Flowers.
Só então Elena pensou em algo que ela não queria dizer em voz alta,
somente para Stefan. Mas ele estava fisicamente próximo, então ela sabia que
ele entenderia.
Sabber! Ela pensou para
Stefan. Não podemos deixá-lo com esses
malach!
Não vamos, ela ouviu a voz de Stefan dizer em
sua mente. Eu mostrei para ele o caminho
até a casa de Matt, e disse para que ele fosse lá, levasse Talon e protegesse
as pessoas que estão a caminho.
Na mesma hora, Matt estava dizendo:
— Ai, meu Deus! Sabber! Ele salvou minha vida… Eu não posso simplesmente
deixá-lo.
— Já cuidei disso. — Stefan lhe assegurou e Elena deu um tapinha nas
costas de Matt. — Ele estará na sua casa em um instante, e se você for a algum
outro lugar, ele seguirá seu rastro.
Elena transformou seus tapinhos em pequenos empurrões.
— Sejam bonzinhos!
— Quarto de Matt Honeycutt, em Fell’s Church. — Meredith disse, enfiando
a chave na fechadura e abrindo a porta.
Ela, a Sra. Flowers e Matt atravessaram-na. A porta se fechou.
Stefan virou-se para Elena.
— Eu vou primeiro — Ele disse, sem rodeios. — Mas estarei me segurando
em você. Eu não vou deixá-la.
— Nunca me deixe, nunca me deixe. — Elena sussurrou em uma imitação do
“Ter pesadelos” de Misao.
Então, ela se lembrou.
— Braceletes de escravos!
— O que? — Stefan disse.
Então:
— Ah, eu me lembro, você me contou. Mas como é que a aparência deles?
— Iguais a quaisquer outros braceletes, mas que combinem, se possível. —
Elena estava procurando pelo fundo da sala, onde os móveis foram empilhados,
abrindo e fechando gavetas. — Apareçam, braceletes! Apareçam! Era para esta
casa ter de tudo!
— Que tal essas coisas que você está usando em seu cabelo? — Stefan
perguntou.
Elena olhou para trás e ele jogou para ela um pacote com
marias-chiquinhas.
— Você é um gênio! Elas nem ao menos vão machucar meus pulsos. E aqui
tem duas brancas, então dá pra combinar! — Elena disse, feliz.
Eles organizaram-se em frente a porta, com Stefan à esquerda de Elena
para que ele pudesse ver o que estivesse do outro lado, antes que eles
adentrassem. Ele também apertava firmemente braço esquerdo de Elena.
— Onde quer que esteja a nossa amiga Bonnie McCullough — Stefan disse, e
enfiou a chave na fechadura, girando-a.
Então, depois de dar a chave à Elena, ele cuidadosamente abriu a porta.
Elena não tinha certeza no que ela estava esperando. Um clarão de luz,
talvez, enquanto eles viajavam entre dimensões. Algum tipo de túnel em espiral,
ou estrelas cadentes. Por fim, uma sensação de movimento.
O que ela conseguiu foi vapor. Isto embebedou sua camiseta e seu cabelo
umedecido.
E então, começou o barulho.
— Elena! Eleeeeeeeeeeeeeeena! Você
está aqui!
Elena reconheceu a voz, mas não pôde localizar quem gritava dentro
daquele vapor.
Então ela viu uma banheira imensa feita com peças de malaquita, e uma
menina com olhar assustado cuidando do braseiro ao pé da banheira, enquanto
outras duas serventes, que seguravam escovas de cabelos e púmices, se encolhiam
contra a outra parede.
E dentro da banheira estava Bonnie! Era óbvio que a banheira era
profunda, pois Bonnie não era capaz de alcançar o fundo e então ela ficava meio
que saltitando na água como um golfinho em uma apresentação para chamar
atenção.
— Aí está você. — Arfou Elena.
Ela caiu de joelhos sobre um espesso tapete azul e macio.
Bonnie deu um salto espetacular e só por um momento Elena pôde sentir um
corpo ensaboado e espumoso dentro de seus braços.
Então, Bonnie afundou novamente e começou a rir.
— E aquele é o Stefan? É o Stefan! Stefan, olá! Oláááá!
Stefan deu uma olhadela para trás, como se
tentasse avaliar a situação da espuma. Ele pareceu satisfeito, virou-se
ligeiramente e acenou.
— Ei, Bonnie — Ele perguntou, a voz abafada por causa do som de pingos
contínuos —, onde estamos?
— É a casa de Lady Ulma! Você está seguro... Vocês todos estão seguros!
— Ela virou o rostinho cheio de esperança para Elena. — Cadê a Meredith?
Elena balançou sua cabeça, pensando em todas as coisas sobre Meredith
que Bonnie ainda não sabia.
Bem, ela decidiu, não é hora para mencioná-las.
— Ela teve de ficar para trás, para proteger Fell’s Church.
— Ah — Bonnie olhou para baixo, incomodada. — As coisas ainda estão mal,
não estão?
— Você não acreditaria. É sério, é... Indescritível. É lá onde Matt, a
Sra. Flowers e Meredith estão. Sinto muito.
— Não, eu só estou feliz por ver você! Ai, meu Deus, mas você está
ferida.
Ela estava olhando para as feridas de pequenos dentes no braço de Elena,
e o sangue em sua camiseta rasgada.
— Eu vou sair e... Ei, não, você
deve entrar! A sala é grande, há muita água quente e... Muitas roupas! Lady Ulma até mesmo criou
algumas para nós, para “quando voltássemos”!
Elena, sorrindo tranquilizadoramente para as serventes, já estava se
despindo o mais rápido que podia.
A banheira, que era grande o bastante para seis pessoas nadarem, parecia
luxuosa demais para se desperdiçar, ela raciocinou, e fazia sentido estar limpa
quando cumprimentassem sua anfitriã.
— Vá se divertir — Ela gritou para Stefan. — Damon está aqui? — Ela
adicionou em um sussurro ao lado de Bonnie, que concordou.
— Damon está aqui, também. — Elena cantarolou. — Se você encontrar Lady
Ulma, diga que Elena já está indo, mas que está se lavando primeiro.
Ela não chegou a mergulhar na água rosa perolada e fumegante, mas deu um
passo para frente e ficou deslizando a partir daí.
Imediatamente, ela foi imersa em um calor delicioso que se infiltrou
direto em seu corpo, que fez com que seus músculos relaxassem ao mesmo tempo.
Perfumes impregnavam o ar. Ela jogou o cabelo para trás e viu Bonnie rindo
dela.
— Então você saiu daquele buraco e esteve aqui, mergulhada em luxúria,
enquanto nós fazíamos o trabalho duro? — Elena não pôde deixar de ouvir a forma
como sua voz subiu ao final, tornando-se uma pergunta.
— Não, eu fui raptada por umas pessoas, e... — Bonnie parou. — Bem... Os
primeiros dias foram difíceis, mas deixa pra lá. Graças a Deus que chegamos à
casa de Lady Ulma, no final. Quer uma escova de banho? Sabão que cheira a rosas?
Elena estava olhando para Bonnie com os olhos ligeiramente apertados.
Ela sabia que Bonnie faria qualquer coisa por Damon. Isso incluía dar-lhe
cobertura.
Delicadamente, durante o tempo em que apreciava as escovas, unguentos e
muitos outros tipos de sabonetes colocados em uma prateleira para fácil acesso,
ela começou sua investigação.
Stefan saiu da sala cheia de vapor antes que ficasse encharcado. Bonnie
estava a salvo e Elena estava feliz. Ele descobriu que havia entrado em outro
quarto, no qual havia um grande número de sofás feitos de um material macio e
esponjoso. Para secarem cabelo? Fazer massagem? Quem saberia?
A próxima porta que ele entrou tinha lanternas a gás que estavam acesas
o bastante para dar luz ao local. Aqui havia mais três sofás — ele não tinha
ideia para quê serviam —, um espelho comprido e prateado, e mais espelhos em
frente a cadeiras. Obviamente, um lugar para maquiagem e embelezamento.
Este último quarto se abria para um corredor. Stefan deu um passo para
fora e hesitou, espalhando pequenas partes de seu Poder em direções diferentes,
na esperança de encontrar Damon antes que Damon o encontrasse.
A Chave Mestra havia provado que superava o fato de que ele não havia
sido convidado ali. Isso significava que ele poderia...
Naquele instante, ele teve uma resposta e retirou a sonda imediatamente,
assustado. Ele olhou para o longo corredor. Ele podia ver Damon,
passeando dentro de um quarto, no final do corredor, falando com alguém que
Stefan não pôde ver por detrás da porta.
Stefan rastejou silenciosamente pelo corredor, à espreita. Ele chegou à
porta, sem que seu irmão notasse, e lá viu que a pessoa com quem Damon estava
falando era uma mulher que vestia o que parecia ser uma calça de camurça e camiseta,
grudada ao corpo, e uma aura que parecia englobar toda a cidade, não somente
aquele quarto.
Damon estava dizendo:
— Certifique-se de que há roupas quentes o suficiente para a garota. Ela
não é do tipo fortinha, você sabe...
— Então, para onde você está levando ela... E por quê? — Stefan
perguntou, encostando-se ao batente da porta.
Ele teve sorte — desta vez — de ter pegado Damon de guarda-baixa. Seu
irmão olhou para cima, e então retraí-se como um gato assustado. Damon tentou
se recompor, até que decidiu usar a máscara de amabilidade ausente.
Stefan deduziu que ninguém nunca tinha colocado tanto esforço para caminhar
até uma cadeira, sentar-se e se forçar
a relaxar.
— Ora, ora! Maninho! Você veio dar uma visitinha! Que... Legal. É uma
pena, porém, que eu esteja praticamente saindo pela porta em uma jornada, e não
há quartos para você.
Então, a mulher com roupa colada, que estava fazendo anotações — e que
levou um susto quando Stefan entrou no quarto —, falou:
— Ah, não, meu lorde. Os thurgs* não
vão se importar com o peso extra deste cavaleiro. Provavelmente, eles nem
notarão. Se a mala dele estiver pronta até amanhã, você pode começar de manhã
cedinho, como planejado.
* Eu procurei o significado desta
palavra e não achei. Se alguém souber, por favor me avise.
Damon deu o seu
melhor olhar de “cale a boca ou morra”.
Ela se calou.
Com os dentes cerrados, Damon conseguiu dizer:
— Esta é Pelat. Ela é a coordenadora da nossa pequena expedição. Olá, Pelat. Adeus, Pelat. Você pode ir.
— Como quiser, meu lorde.
Pelat inclinou-se e saiu.
— Você não está levando esta coisa de “meu lorde” um pouquinho longe
demais? — Stefan perguntou. — E o que é
esta fantasia que você está vestindo?
— É o uniforme de capitão da guarda da Madame le Princess Jessalyn D’Aubigne.
— Damon disse friamente.
— Você tem um emprego?
— É uma posição. — Damon arreganhou os dentes. — E nada disto é da sua
conta.
— Conseguiu seus caninos de volta, também, posso ver.
— E isso também não é da sua conta. Mas se você quiser que eu pise sobre o seu corpo de morto-vivo, eu o farei com
prazer.
Algo estava errado, Stefan pensou. Damon já devia ter passado da fase
dos insultos e ido pisar nele neste instante. Só fazia sentido se...
— Eu já conversei com Bonnie. — Ele disse. E falou mesmo, para perguntar
onde ele estava.
Mas para uma mente culpada, muitas vezes a presciência fazia maravilhas.
Damon apressadamente disse o que Stefan esperava que ele não dissesse.
— Eu posso explicar!
— Ai, Deus. — Stefan disse.
— Se ela tivesse feito o que eu dissera para ela...
— Enquanto você esteve fora, virando capitão da guarda de uma
princesa? E ela estava... Onde?
— Ela estava a salvo, pelo menos! Mas, não, ela tinha que sair na rua e
então entrar naquela loja...
— Impressionante! Ela saiu na rua?
Damon rangeu os dentes.
— Você não sabe como são as coisas por aqui… Ou como funciona o comércio
de escravos. Todo dia...
Stefan bateu as duas mãos sobre a mesa, agora verdadeiramente zangado.
— Ela foi pega por traficantes de escravos? Enquanto você estava
curtindo com uma princesa?
— A Princess Jessalyn não é deste tipo. — Damon disse friamente. — Nem
eu. E, de qualquer forma, tudo acabou bem, pois agora sabemos onde os Sete
Tesouros Kitsune estão.
— Que tesouros? E quem se importa com tesouros quando há uma cidade
sendo destruída por kitsune?
Damon abriu sua boca, fechou-a, então olhou estreitamente para Stefan.
— Você disse que falou com Bonnie a respeito de tudo isso.
— Eu falei mesmo com a Bonnie.
— Stefan disse, sem rodeios. — Eu disse olá.
Os olhos de Damon queimaram. Por um momento, Stefan pesou que ele estava
prestes a rosnar ou começar uma briga. Mas então, com os dentes cerrados, ele
disse:
— Isso tudo é por causa daquela maldita cidade, não entende? Aqueles
tesouros incluem a maior Esfera Estelar já preenchida com Poder. E aquele Poder
pode ser o suficiente para salvar Fell’s Church. E acabar de uma vez por todas
com aquela aniquilação. Talvez, até matar cada malach que existe e destruir
Shinichi e Misao, só com um sopro. É nobre o suficiente para você, maninho? É
motivo o suficiente?
— Mas levar Bonnie...
— Você pode ficar aqui com ela se quiser! Vivam suas vidas aqui! Devo
mencionar que sem ela eu não teria sido capaz de fazer essa expedição, e que
ela está determinada a ir. Além disso, não vamos voltar da mesma forma. Tem que
ter uma rota mais fácil da Casa de Portais até a Terra. Não sobreviveríamos se
tentássemos voltar, então é melhor rezarmos para que haja um jeito.
Stefan estava surpreso. Ele nunca havia ouvido seu irmão falar com tanta
paixão sobre algo que envolvesse humanos. Ele estava prestes a responder,
quando atrás dele veio um grito de pura raiva. E estava com medo... E preocupado,
também, por que Stefan reconheceria aquela voz em qualquer lugar, a qualquer
hora. Era a voz de Elena.
OMG! EU PRECISO DO PRÓXIMO CAPÍTULO, URGENTEMENTEEEE!!!!!! ÓTIMO TRABALHO DE VOCÊS POSTANDO , EU AMEI! *-* SUPER ANSIOSA PRA PROXIMA QUINTA!
ResponderExcluirah, e acho que Thurgs devem ser aquelas pessoas que carregam as liteiras ^^
Obrigado por comentar. É bom saber que o meu trabalho está sendo apreciado. Mas quando eu li o livro, ano passado, mostrou que eram animais, mas eu não lembro bem como eram descritos. Assim, eu os imaginei como elefantes. :)
Excluirhumm damon e bonnie, sera que a serie vai explorar esse fato!?
ResponderExcluirÓtimo o trabalho do livro também agradeço.Mas a série não vai explorar Damon e Bonnie.Ele transformou a mãe dela em vampira, mesmo sendo para proteger Elena deu para perceber a raiva que ela sente.Na hora que ele ta na sala sendo torturado ela lança um olhar de ódio para ele.
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